domingo, 13 de dezembro de 2020

Suprema Corte rejeita ação judicial do Texas




A Suprema Corte dos Estados Unidos rejeitou ontem um processo que tentou mais uma vez anular o resultado da última eleição presidencial.

Sob a inspiração de um inconformado Presidente Trump, o Texas e 17 outros Estados governados por republicanos, instruíram processo alegando fraude eleitoral em quatro Estados vencidos por Joe Biden. Foi mais um revés para as tentativas republicanas de transformar em vitória uma derrota de 306 votos contra 232 no Colégio Eleitoral e de mais de sete milhões no voto popular.

A queixa apresentada pelo Texas baseava-se na "ingênua" alegação de que tinha sido prejudicado pelo sistema de votação de alguns Estados. A Corte, em decisão curta e direta, considerou "falta de legitimidade", ignorando portanto a reclamação, uma vez que a legislação americana permite que cada Estado estabeleça seu sistema e realize suas próprias eleições.

Essa derrota republicana é tão mais importante quando se sabe que a Suprema Corte é formada por 6 Ministros conservadores, dos quais 3 foram nomeados por Trump, contra apenas 3 de perfil liberal.

Na última terça-feira, o Procurador-Geral do Texas, Ken Paxton, questionou quatro Estados em que Biden ganhou: Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Ele foi acompanhado por 17 outros Estados, todos vencidos por Trump. Paxton alegou que as mudanças que os quatro Estados fizeram nos procedimentos eleitorais por causa da pandemia, como estender o período do voto pelo correio, violaram a lei federal. Alegou também, sem provas, que as mudanças possibilitaram a ocorrência de fraudes eleitorais. Registre-se que o Procurador-Geral dos Estados Unidos, William Barr, afirmou recentemente que o Departamento de Justiça não encontrou nenhuma evidência de fraude eleitoral generalizada nas eleições deste ano.

O Presidente Trump alimentava a esperança de que a Suprema Corte seria uma espécie de "arma secreta" para ele. Logo depois de tomar conhecimento, divulgou mensagem no twitter dizendo que "a decisão foi uma vergonha legal e um constrangimento para os Estados Unidos".

A verdade é que a pronúncia da Suprema Corte nesse episódio, enterra definitivamente (no entender de alguns) as tentativas do Presidente Trump de questionar o resultado da recente eleição, testando os limites do sistema.

Amanhã, dia 14 de dezembro, o Colégio Eleitoral se reúne em todos os 50 estados e em Washington D.C. para votar, solidificando a vitória de Biden. Penúltimo ato de um processo eleitoral confuso e desgastante para a maior democracia do planeta.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

A cegueira ideológica assassina a verdade e a razão.




Em 18 de maio de 2020, sob o título "Do direito de manifestar opiniões" (https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2020/05/do-direito-de-manifestar-opinioes.html), escrevi:

É verdade que tenho usado meu Blog e mais frequentemente as redes sociais para externar opiniões as mais diversas. Em 20 de outubro de 2018 escrevi sobre a suposta democracia da Venezuela, em 9 de janeiro de 2019 postei texto sobre a construção do muro pelo Governo americano na fronteira com o México, escrevi também sobre as supostas “rachadinhas” e o caso Queiroz em 5 de setembro de 2019. Muitas das opiniões externadas falam sobre a ecologia política contemporânea, focando na roubalheira que permeou os Governos do PT e nas permanentes tentativas do Presidente Bolsonaro de interferir em órgãos de controle do Estado brasileiro. Isso tem feito com que o espectro político “de A a Z” dos meus parcos leitores sintam-se tremendamente incomodados.

Tudo começou no início dos anos 90, com o movimento "nós contra eles". A realidade atual vai muito além disso. A sociedade brasileira encontra-se profundamente dividida. Não há limite na intolerância entre pessoas que pensam de forma diferente. Ademais, construiu-se no seio do tecido social o pensamento binário. Se você, por alguma razão pontual critica a polícia, é acusado de defender bandidos. Se defende uma melhor distribuição de renda ou políticas públicas compensatórias, é perigoso comunista. Se acredita que o Estado é ineficiente em algumas áreas em que a iniciativa privada tem melhor desempenho, é apontado como entreguista e "capacho dos americanos".

São pensamentos conceitualmente binários e de uma pobreza e mediocridade de análise e avaliação que só ratificam o conhecido comportamento de manada, assemelhando-se à conduta dos animais em rebanho. Nos tempos atuais, meu divertimento predileto é escrever criticando determinado "lado" (quando merecido), para ver a reação nas redes sociais. Interessante receber os elogios advindos do "lado" contrário e as agressões postas pelo "lado" atingido.  Em postagens recentes, com uma diferença de menos de 24 horas entre elas, já fui chamado de "petista idiota" e recebi votos de "morte lenta a esse bolsominion". E a meu juízo, os dois "lados" estão cada vez mais próximos, mais parecidos. Almas gêmeas. 

A sociedade brasileira, a exemplo de outras mundo afora, encontra-se doente. A cegueira ideológica tem assassinado o que resta de racionalidade nos indivíduos. E a pandemia que ora grassa no planeta parece ter exacerbado essa ideologização. Com a inestimável cooperação das redes sociais, diga-se.

O filósofo e escritor italiano Umberto Eco afirmou que as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis que antes falavam apenas "em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade". Como em minhas páginas das ditas redes, bem como em meu Blog, primo pela liberdade de opinião (até este momento, em anos de atividade, bloqueei apenas quatro "associados" da minha rede e por ofensas pessoais), sinta-se livre para incluir-me entre os imbecis apontados pelo intelectual italiano.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Pureza de intenções




No seu voto sobre a reeleição nas casas do Congresso, o Ministro Nunes Marques, indicado pelo Presidente Bolsonaro, invocando os princípios da simetria e dever de integridade (o Presidente da República pode ser reeleito uma única vez), admitiu a inovação interpretativa adotada por Gilmar Mendes, mas desacolheu possibilidade de reeleição para quem já está na situação de reeleito consecutivamente.

Evidente que o constituinte não quis isso. Estabeleceu regras diferentes para Chefes de diferentes Poderes, atendendo inclusive ao princípio da independência dos Poderes da República.

Ademais, creio que houve apenas uma coincidência na resultante do voto de Sua Excelência, quando autoriza a reeleição do Presidente do Senado David Alcolumbre (aliado de Bolsonaro) e refuta a possibilidade de reeleição do desafeto de Bolsonaro, o Presidente da Câmara Rodrigo Maia.

Ali existem contorcionismos jurídicos para todos os gostos, mas ao contrário de mentes maldosas, eu acredito na pureza de intenções de todos os Ministros e que registraram seus votos segundo a interpretação imparcial do dispositivo constitucional.

Vida longa aos Ministros do STF!

domingo, 29 de novembro de 2020

"Brasileiro, profissão esperança"




O Governo Bolsonaro prenunciava-se no primeiro momento como um Governo que se pautaria pelo signo da decência, da correção, do decoro. E aqui usem-se os adjetivos "latu sensu". Não apenas na área de costumes, mas também no que diz respeito à transparência, à condução correta na economia etc.

A montagem dos Ministérios, afastada a tão indesejada influência política nefasta, consolidava a esperança de que "o Brasil agora vai!". Afinal estávamos saindo de um período em que a roubalheira grassou farta (por favor, não se enerve, pense apenas nos milhões de dólares devolvidos aos cofres públicos), do legado de degradação em setores da cultura (antes de xingar, lembre - para citar apenas um episódio - da peça teatral em que atores enfiam dedo em ânus de colegas), do maior desastre econômico acontecido na Terra de Santa Cruz (a maior recessão da história, a explosão do desemprego, a volta da inflação de dois dígitos etc).

Apesar da profunda divisão e esgarçamento no tecido social, o brasileiro em geral nutria o desejo de recomeço. O reencontro com seu destino de "país do futuro". Tínhamos profissionais altamente qualificados na equipe ministerial, especialmente em ministérios mais importantes. A presença de Sérgio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública era a certeza do combate incansável à corrupção e ao crime organizado. O Ministro Paulo Guedes (o "posto ypiranga", lembram?) asseguraria a firme e adequada administração da economia. Eram duas das principais bandeiras consagradas nas urnas da eleição presidencial de 2018. Além de nomes que se revelaram durante a gestão como o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o porta-voz da Presidência da República, General Otávio Santana do Rêgo Barros, a meu juízo um dos melhores quadros do Governo Bolsonaro. Alguns também indicam a Ministra da Agricultura no primeiro time. Longe de mim querer diminuir a competência de Sua Excelência, mas nomeie-me para esse cargo (eu que sequer sei diferenciar uma vagem de feijão de um cacho de arroz) que a agricultura continuará sendo a mola propulsora da economia brasileira.

Infelizmente, após 22 meses de Governo, parece que o casamento entre conservadores nos costumes e liberais na economia está terminando em divórcio. A sinalização é de um triste fim (a propósito, estou buscando para reler a obra do escritor pré-modernista Lima Barreto - "O triste fim de Policarpo Quaresma" - que eu li há mais de cinquenta anos. Se bem me lembro, há alguma semelhança com os dias atuais) registrando mais uma oportunidade perdida pelo país. Parte da equipe original foi exonerada ou forçada a pedir demissão. O respeitado Paulo Guedes não é mais tão "posto ypiranga" quanto antes. O Centrão passou a ocupar espaço respeitável no Governo. Concessões inadmissíveis foram feitas, diz a mídia, em nome da proteção a familiares e amigos. O Governo assiste impassível (analistas políticos até afirmam que o Governo colabora) ao estupro à Constituição com a "ameaça" de autorização à reeleição dos Presidentes das duas casas legislativas federais.

Eu não cometeria a insensatez de comparar o estelionato eleitoral do Governo Dilma com o atual. Guardadas as devidas proporções, no entanto, o atual tem causado muito mais frustrações. Promessas não honradas que abortam esperanças de uma nação inteira são um pecado imperdoável. 2022 está logo ali na curva. E um novo ciclo deverá iniciar-se, com novas esperanças. Empresto do premiado musical de 1997 dirigido por Bibi Ferreira, o título deste despretensioso texto, "Brasileiro, profissão esperança". Nada mais adequado.

sábado, 28 de novembro de 2020

Ave, Thêmis!




O STF vai julgar na próxima semana se os presidentes da Câmara e do Senado podem disputar a reeleição no ano que vem. Os Ministros optaram pela discrição estratégica do plenário virtual.

Um assunto dessa gravidade, teria que ser julgado de forma completamente transparente e cercado de debate constitucional. Afinal, nesse aspecto a Constituição é mais clara do que uma ensolarada manhã de verão. Ouso afirmar que não deveria sequer ir à julgamento!

"A Deusa da Justiça - Thêmis - tem sua origem na mitologia grega. Ela é descrita como 'de bom conselho', e é a personificação da ordem, da lei e protetora dos oprimidos. Costumava se sentar ao lado do trono de Zeus para aconselhá-lo."

Ave, Thêmis! Os deserdados de justiça te saúdam!

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Tempos estranhos




Meu comentário de hoje remete-me à expressão recente do Ministro Marco Aurélio Melo em outras circunstâncias: "São tempos estranhos, muito estranhos!".

Caberia escrever sobre a pandemia Covid-19 causada pelo vírus SARS-CoV-2 e a quase certeza de uma segunda onda no planeta ("No último sábado -14/11- foram registrados 660.905 novos casos de covid-19 no mundo"), o anúncio em sequência da efetividade de diversas vacinas contra o vírus, a apreensão pelos desencontros e dilação na apuração da eleição presidencial americana, mas o assunto do momento é o resultado do pleito municipal nacional do último domingo.

O registro de 23,14% de abstenção que representa a maior em todos os tempos não surpreende, uma vez que se esperava até um índice maior, consideradas as exigências de condições sanitárias e o descrédito da atividade política por parte da maioria do povo brasileiro.

O resultado do primeiro turno da eleição fortaleceu partidos do centro no espectro ideológico, isolando os extremos num claro recado para a atividade política. Os que tentaram usar a mesma estratégia de alguns em 2018, aproveitando a onda conservadora (incluindo "Bolsonaro" no nome de urna, por exemplo) não tiveram êxito. Muitos candidatos de partidos de esquerda, camuflaram o partido excluindo da propaganda expressa, chegando mesmo a mudar a tradicional cor vermelha. Não funcionou.

Fazem-me rir aqueles que defendem a ideia de que a esquerda saiu fortalecida da eleição. Os números são frios e implacáveis. O PT, partido hegemônico desse grupamento ideológico, decresceu de 261 prefeituras para 174, cerca de 33% portanto. Não venceu nenhuma capital até o momento e colocou candidatos no segundo turno em apenas duas (Vitória e Recife), mesmo assim, ambos em segundo lugar. O PDT caiu de 334 para 304. Aqui cabe a observação de que apesar de o Ceará representar apenas 4,44% de eleitores nacionais detém 22% de prefeituras do Partido, graças à liderança dos Ferreira Gomes. Um ponto fora da curva. A perda do PCdoB foi ainda mais drástica: perdeu 51 municipios e governa apenas 31. É preciso reconhecer, no entanto, que o PSOL cresceu 100% - saiu da gestão de 2 prefeituras para 4.

Caras novas (não tão novas assim) impõem-se como substitutos dos ultrapassados e vetustos Lula, Zé Dirceu e que tais. Boulos em São Paulo e Manuela em Porto Alegre podem ser a garantia de que os radicais não morreram. Esta já havia sido candidata a Vice-Presidente na chapa Haddad e aquele há vinte anos invade propriedades privadas urbanas na capital paulista e alhures. A verdade é que o PT não deverá deter mais a hegemonia da esquerda nem a palavra de Lula será recebida como dogma dentro desse segmento ideológico.

Gostando-se ou não do Centrão (e aqui referido não como aquele conjunto de partidos que se uniram no Congresso, mas representantes do espectro político de centro), há que se reconhecer que foram fortalecidos nesse pleito. Veja-se por exemplo, o DEM. Partido que era uma verdadeira "crônica de uma morte anunciada" nos Governos do PT, renasce das cinzas feito uma fênix moderna. Além de PP e PSD para citar apenas alguns.

Que venha 2022. Os que cresceram na eleição devem buscar um nome que consiga atender aos anseios dos diversos partidos. A esquerda provavelmente indicará alguma dessas lideranças surgentes. O Presidente só pensa em reeleição, desde o primeiro dia do atual mandato. Não excluam o ex-Ministro Sergio Moro do tabuleiro eleitoral. É um nome de enorme inserção popular e já dispõe até de slogan: "Faça a coisa certa sempre!".

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Até a China, doutor!




As eleições americanas têm peculiaridades únicas. Seja pela formação étnica (não há um caldeamento de raças como no Brasil), seja pelo formato federativo do país, quando "vários Estados soberanos uniram-se em torno de um pacto constitucional para fortalecerem-se", ao contrário do Brasil, um país de conformidade federativa nascido de um Estado unitário.

A Constituição primeira (e única) dos Estados Unidos, datada de 1787, estabelece no seu Artigo 2º que "cada estado mantém sua soberania, liberdade e independência, e todo poder, jurisdição e direito, que não seja por esta Confederação expressamente delegado aos Estados Unidos, no Congresso reunido". Daí se depreende que a autonomia legislativa dos Estados é infinitamente superior ali do que no Brasil, por exemplo.

A diversidade legislativa impõe realidades díspares e até mesmo controversas. Sabe-se que existem Estados que permitem a pena de morte, enquanto outros a proíbem. O uso da maconha é proibido em alguns Estados, permitido em outros com objetivos medicinais e ainda em outros para fins recreativos. Existem Estados que possuem, na sua estrutura administrativa o Senado Estadual, enquanto outros apenas Assembléias legislativas. O aborto é visto de forma diferente em Estados diversos, bem como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e assim por diante.

Não seria diferente no Sistema Eleitoral. Estabelecida a regra básica do Colégio Eleitoral (quantidade de delegados diretamente proporcional ao número de habitantes, data unificada para o limite da eleição, etc.) as demais caractísticas são construídas pelos membros da Federação.

Acabamos de acompanhar uma eleição presidencial americana. Como esclarecido acima, são 51 eleições estanques (50 Estados mais o Distrito de Columbia - Washington D.C.). Não à toa, a apuração não é tão ágil como no Brasil, quando o voto é totalmente através de urnas eletrônicas e regras únicas para todo o território nacional. Aqui, diz-se jocosamente, "às dezenove horas já se sabe quem é o Presidente, às vinte os eleitores já estão todos embriagados comemorando (vitória ou derrota) e às vinte e uma horas temos o primeiro pedido de impeachment do Presidente eleito".

Pois bem: a eleição transcorreu através de maciça votação anterior pelo correio e presencialmente no dia 03 de novembro. Bem ou mal, a apuração está sendo feita e no momento já há um Presidente eleito desenhado. Como nos Estados Unidos não há Tribunal Superior Eleitoral, a tradição é que a imprensa, através da Associated Press ("The Associated Press (AP) is an American non-profit news agency headquartered in New York City, founded in 1846"), divulgue o eventual Presidente eleito. É bem verdade que Biden só será legalmente Presidente, quando o Congresso reunir-se em 6 de janeiro e receber dos Estados a relação dos votos proferidos pelos delegados em 14 de dezembro.

A avassaladora maioria dos países do planeta já reconheceram, através de mensagens de congratulações, Joe Biden como futuro ocupante da Casa Branca. Foi assim com as maiores e quase totalidade das democracias da Europa, América do Sul em largo número, a Ásia pelos seus líderes mais preeminentes, grande parte dos países africanos etc.

O Brasil não o fez. Está partícipe do pequeno e incômodo grupo de nações que não o fizeram ainda. Independente do que se esperar do novo Presidente, e não se deve esperar muito uma vez que do ponto de vista de política externa, "troco um Republicano por um Democrata e não quero volta", mas há uma liturgia diplomática, uma tradição de civilidade entre nações. Até a China já saudou o novo Presidente. "Que diabo" estamos fazendo na companhia de Coréia do Norte, Rússia e México?

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Um dinossauro da computação.




Ao fazer uma autodescrição sobre a atividade profissional como analista de sistemas de computação, eu diria que sou um dinossauro dos computadores. Quando comecei profissionalmente na IBM, os Sistemas de Hardware eram gigantescos, exigindo piso falso para o trânsito dos cabos interligando os diversos componentes (CPU, Unidades de discos e fitas, impressoras etc), além de temperatura controlada, geralmente em torno de 17 graus. Ainda antes disso, no NPD da Universidade Federal do Ceará como estudantes de Engenharia, "tangíamos" um IBM 1130 com as mesmas características. Todos esses Sistemas tinham como ponto comum a utilização de cartões perfurados de 80 colunas.

Como determina a Constituição americana, os conceitos do federalismo descrevem os direitos e responsabilidades dos governos estaduais e dos estados membros. Esse conceito permite aos Estados americanos escreverem suas próprias leis sobre o processo eleitoral, respeitados os limites federais tais como quantidade de delegados, data da eleição e posse etc.

Em 2000, os candidatos eram "Bush Filho" pelos Republicanos e "Al Gore" pelos Democratas, para suceder ao Presidente Bill Clinton. A eleição transcorreu muito parelha, de sorte que ao final os candidatos ficaram na dependência dos delegados da Florida. "Por volta das 07:50 EST, no dia da eleição, 10 minutos antes do fecho das urnas na zona de maioria republicana da Flórida, Panhandle, que está no fuso horário Central, algumas redes de notícias de televisão, declararam que Gore tinha ganho os 25 votos eleitorais da Flórida. Eles basearam esta previsão, substancialmente, nas sondagens. No entanto, na contagem de votos real, Bush começou a assumir a liderança cedo, na Flórida, e às 22:00 EST essas redes tinha retirado essa previsão e colocado a Flórida de volta para a coluna de estados "indecisos". Por volta das 2h30, com cerca de 85% dos votos apurados na Flórida e com Bush liderando por mais de 100.000 votos, as redes declararam que Bush havia ganho a Flórida e, portanto, tinha sido eleito Presidente. No entanto, a maioria dos votos restantes a serem contados na Flórida foram localizados em três condados fortemente democratas - Broward, Miami-Dade e Palm Beach - e à medida que os seus votos foram sendo apurados, Gore começou a ganhar vantagem em relação a Bush. Por volta das 4h30, depois de todos os votos contados, Gore tinha reduzido a margem de Bush para pouco mais de 2.000 votos, e as redes tinham retirado as suas previsões de que Bush tinha ganho a Flórida e a presidência. Gore, que tinha em privado concedido a eleição para Bush, retirou a sua concessão. O resultado final na Flórida era magro o suficiente para exigir uma recontagem obrigatória (por máquina) sob a lei estadual; a vantagem de Bush tinha diminuído para cerca de 300 votos no momento em que foi concluída no final daquela semana. Uma contagem de votos dos militares no exterior aumentou depois a sua margem para cerca de 900 votos."

Naquele ano, os 25 delegados do Estado eram definidos pela eleição de votos registrados em cartões port-a-punch. Os dinossauros da computação como eu, sabem do que estamos tratando. Geralmente usávamos um palito de fósforo para manusear esse tipo de cartão, perfurando manualmente (colunas/linhas) para leitura em máquina apropriada. Na Florida, as máquinas leitoras rejeitaram a leitura de cerca de 70.000 votos. Muita vez, quando você perfurava o campo correspondente, a parte do cartão que devia ser sacado fora, ficava pendurada. Em outras situações, ao perfurar um determinado campo, o vizinho ou um outro tambem ficava perfurado. Enfim, eram grandes os problemas, não apenas na aplicação de apuração das eleições. Mesmo as aplicações comerciais que usavam esse Sistema tinham uma margem de erro acima do desejável.

Os 70.000 votos referidos acima eram principalmente dos Condados de Broward, Miami Dade e Palm Beach onde os Democratas eram majoritários. Apesar de autorizada a recontagem pela Suprema Corte da Florida, a Suprema Corte Federal (de maioria conservadora) anulou a decisão e o Republicano George W Bush foi declarado (depois de mais de um mês) o Presidente eleito dos Estados Unidos.

Todo esse episódio histórico, que acompanhei com interesse por estar morando no país e por ser uma área da atividade humana que sempre me fascinou, serve para fazermos um paralelo com a situação atual. Não dá para comparar os dois cenários. Ainda que a Suprema Corte atual seja numericamente mais conservadora do que aquela (registre-se a recentíssima posse da Ministra Amy Coney Barrett), os diversos processos nas justiças estaduais dos "swings states" são muito improváveis de prosperar. A vitória de Biden é incontestável. Ainda que em um ou outro Estado haja algum tipo de voto ilegal, é quase impossível desfazer uma vitória com os números já declarados. Os países, por seus líderes mais preeminentes, já reconhecem o resultado da eleição e consagram Joe Biden como o vencedor.

God Bless America!

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

O sistema eleitoral americano




O modelo de eleição presidencial americana foi instituído no momento da criação da primeira (e única) Constituição dos Estados Unidos, em 1797. "O Presidente dos Estados Unidos é eleito pelo período de quatro anos pelos cidadãos eleitores num sistema em que os candidatos não ganham diretamente pelo número absoluto de votos no país, mas dependem da apuração em cada estado, que manda para uma espécie de segunda eleição votos em número proporcional a sua população para o vencedor em seu território."

É difícil para o brasileiro compreender o sistema eleitoral americano, o qual "privilegia os estados que formam a federação e não o cidadão individualmente", mas nem por isso menos democrático.

A eleição presidencial brasileira é uma eleição nacional. Raciocine a eleição presidencial americana como a escolha dos representantes à Câmara Legislativa Federal no Brasil. Cada Estado tem sua quantidade própria de "delegados", numa relação direta com a quantidade de habitantes. São 27 eleições independentes. Não há, portanto na eleição presidencial americana um pleito nacional, mas 50 eleições independentes em cada Estado, com seus respectivos "delegados".

Como a Constituição de 1797 instituiu a autonomia dos Estados, cada um dos 50 existentes nos EUA decide suas próprias regras. Na quase totalidade dos Estados, o ganhador no voto popular leva todos os delegados, mas existem duas exceções. Nos Estados do Maine e Nebraska a divisão tem regras peculiares.

Assim também muitos Estados aceitam o voto enviado pelo correio antes do dia da eleição. Em parte deles só é válido o voto chegado até o dia enquanto em outros, a data limite é a postagem e não a entrega. Existem Estados em que o voto é eletrônico, em outros é através de cédulas e ainda em alguns através de cartões perfurados, etc.

📷 Como veem, são 50 eleições autônomas com regras próprias e diferentes quantidades de delegados à eleição nacional. Esse sistema eleitoral tem mais de dois séculos e consolidou o que se convencionou chamar de a maior democracia ocidental. Considerar que esse sistema não é democrático porque pouco mais de 5% dos eleitos o foram sem a maioria do voto popular, é no mínimo falta de compreensão ou desinformação.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A eleição americana.




No ano de 2000 eu estava morando em Montgomery, capital do Alabama, nos Estados Unidos. Pude acompanhar de perto o desenrolar da eleição presidencial daquele ano, disputada pelo candidato Republicano George Walker Bush, Governador do Texas e Albert Arnold Gore Jr pelos Democratas. Tratava-se de dois pesos pesados da política americana. O primeiro, filho do ex-Presidente George Bush e irmão do Governador da Flórida, Jeb Bush. O segundo, ex-Deputado e ex-Senador pelo Tennessee, além de durante oito anos ter sido Vice-Presidente e um dos principais conselheiros de Clinton, e membro do Gabinete e do Conselho de Segurança Nacional.

Enquanto "Bush Filho" trazia a experiência de ter acompanhado a presidência do seu pai e governado um dos maiores estados do país, "Al Gore" tinha uma vasta atuação parlamentar e uma boa bagagem intelectual (bacharelado em artes na Universidade de Harvard e Filosofia, Fenomenologia e Direito na Universidade Vanderbilt). Gore foi também correspondente de guerra no Vietnã.

Registro essa eleição para lembrar que o resultado se arrastou durante semanas, causando uma espécie de vácuo momentâneo de perspectiva de poder. O pleito acontecido em 7 de novembro só teve seu desfecho (em julgamento pela Suprema Corte por 7X2 contra a recontagem dos votos da Florida) em 12 de dezembro. Apesar de "Bush Filho" perder no voto popular, quem ganhasse na Florida levaria todos os 25 votos para o Colégio Eleitoral, o que definiria a apertada eleição. Depois de um resultado pro-Bush de 537 votos na Florida, quarto mais populoso estado americano, os Democratas pediram recontagem de votos, o que foi autorizado pela Suprema Corte da Flórida, decisão posteriormente anulada pela Suprema Corte dos EUA. Há quem assegure até hoje que Al Gore venceu a eleição e que houve um golpe de Estado consagrado pela Suprema Corte, de maioria conservadora.

Amanhã teremos eleição para Presidente do gigante do Norte. Disputam o Republicano e atual Presidente, Donald John Trump, o Democrata e ex-Vice-presidente de Barack Obama, Joseph Robinette Biden Jr. A exemplo de 2000, prenuncia-se uma judicialização da eleição. O Presidente Trump já anunciou que deverá recorrer à Suprema Corte, no caso de derrota eleitoral. Considere-se que no momento a mais alta Corte de Justiça americana é majoritariamente conservadora e em números maiores que naquela oportunidade, desde a recentíssima indicação da Ministra Amy Coney Barrett. Sua Excelência contesta a enorme votação pelo correio, reconhecidamente feita por maioria Democrata.

Todas as pesquisas de intenção de votos dão "Joe Biden" como favorito. Evidente que isso não assegura resultado, uma vez que em 2016 a ex-Primeira Dama e Senadora por Nova Iorque, Hillary Clinton, era franca favorita, ganhou no voto popular e perdeu no Colégio Eleitoral. O importante é que os que acompanham a política americana e aqueles que têm interesse direto no resultado do pleito, preparem o espírito e a paciência para eventualmente aguardar algumas semanas pelo resultado final.

God bless America!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A soltura do chefe do PCC




Muito provavelmente o Deputado mineiro Lafayette Luiz Doorgal de Andrada, em emenda de sua autoria, pensou numa legislação para impedir que pobres presos injustamente passem longos períodos encarcerados. E assim, no seio do Pacote Anticrime foi incluído o parágrafo único do artigo 316 do Código de Processo Penal que dispõe sobre a duração da custódia preventiva, fixando o prazo de 90 dias, com a possibilidade de prorrogação, mediante ato fundamentado. Apesar de crer que o Deputado Lafayette jamais imaginou que sua emenda serviria para libertar perigoso chefe do PCC, registre-se seu percentual de responsabilidade.

Quando ainda Ministro, Sergio Moro recomendou ao Presidente Bolsonaro que vetasse a iniciativa legislativa, mas Sua Excelência não atendeu às ponderações do seu Ministro da Justiça e Segurança Pública. Tem portanto sua parcela de culpa no episódio.

O Ministro Marco Aurélio, relator do Habeas Corpus na Suprema Corte, considerando que "o réu está sem sentença condenatória definitiva por tempo que excede o limite previsto na legislação brasileira", libertou o perigoso bandido. Contra a movimentação, o fato de que o HC foi impetrado por escritório de propriedade de advogado que até o início deste ano era assessor do gabinete do Ministro. A favor de Marco Aurélio, além do fato de que a decisão baseou-se em legislação aprovada pelo Congresso e sancionada pelo Chefe do Executivo, sabe-se que os Ministros dispõem de enorme equipe de juristas que analisam e fazem o embasamento legal, cabendo ao Ministro (em regra) apenas a concordância e assinatura final. Prefiro crer que o Ministro não sofreu nenhuma influência do seu ex-assessor.

O Ministro Marco Aurélio, em sua defesa e externando sua insatisfação com o Presidente da Corte que cassara sua liminar, afirmou já ter libertado centenas de réus baseado no mesmo dispositivo. Argumenta que "não julga processo pela capa". Isso exime sua responsabilidade de avaliar a periculosidade do demandante?

E por ultimo, mas não menos importante, a atuação (melhor dizendo a falta de) do Ministério Público. Esse tinha por obrigação legal acompanhar o processo e pedir a renovação da prisão do réu. Não o fez em tempo hábil o que não o exonera da responsabilidade maior pelo ocorrido.

O fato é que a despeito da decisão de Fux que cassa a liminar de Marco Aurélio, o traficante André do Rap que comandava o envio de drogas para a Europa pelo porto de Santos, condenado a 15 anos, 6 meses e 20 dias de prisão em um processo e a 10 anos, 2 meses e 15 dias em outro, encontra-se livre, leve e solto, provavelmente usufruindo em outro país dos frutos de sua delinquência.

Ah, Brasil!!

domingo, 27 de setembro de 2020

Substituição na Suprema Corte dos Estados Unidos - II




Como eu presumia (https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2020/09/em-13-de-fevereiro-de-2016-o-membro-da.html), o Presidente Trump indicou ontem a juíza ultraconservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte.

Juíza da corte de apelações de Chicago, Barrett precisa agora ser aprovada pelo Senado americano, casa legislativa controlada por maioria Republicana. Isso deverá asfaltar a estrada da aprovação. Ainda que Senadores republicanos entendam não votar a favor da indicação provocando um empate, o desempate será feito pelo Presidente do Senado. Pela Constituição americana, esse cargo é ocupado pelo Vice-Presidente Mike Pence, perfeitamente alinhado ao Presidente Trump e às suas causas conservadoras.

A Juíza Barret não é "terrivelmente evangélica", até porque é católica praticante. No entanto, abraça com entusiasmo as principais bandeiras conservadoras em temas como aborto, acesso a armas e imigração.

A se confirmar essa indicação pelo Senado, a jovem magistrada (tem apenas 48 anos), consolidará por muito tempo o viés conservador da Suprema Corte.

"Os nove juízes do tribunal têm cargos vitalícios e suas decisões podem moldar políticas públicas em tudo, desde armas e direitos de voto até aborto e financiamento de campanhas por décadas."

A indicação deverá provocar uma acirrada disputa no Senado pela aprovação. O ponto central da argumentação Democrata, será a não votação pelo Senado de indicação feita pelo então Presidente Barack Obama, restando-lhe ainda dez meses do seu segundo termo. Sabe-se que os Estados Unidos estão a apenas 40 dias da eleição presidencial. Certamente se Joe Biden for eleito, o indicado para a vacância jamais seria da Juiza Amy Barret, sequer de alguém com o seu perfil profissional.

sábado, 19 de setembro de 2020

Substituição na Suprema Corte dos Estados Unidos




Em 13 de fevereiro de 2016, o membro da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonin Scalia, foi encontrado morto em sua residência. Nomeado pelo então presidente Ronald Reagan em 1986, Scalia seguia interpretação rigorosa da Constituição e se posicionou contra decisões históricas do tribunal como a legalização do casamento gay.

O ano de 2016 representava o último ano do segundo mandato do Presidente Barack Obama, ainda que estivéssemos apenas no segundo mês do ano e seu mandato só terminaria em 31 de dezembro. Naquele momento, os conservadores tinham maioria na Suprema Corte (5X4), uma vez que o falecido formava nesse grupo. A indicação por Obama de um membro liberal, inverteria o desequilíbrio.

Em 16 de março de 2016, o Presidente Obama indicou Merrick Garland em substituição a Scalia. Merrick, profissional altamente preparado, havia sido advogado do Departamento de Justiça e era membro da Corte de Apelações do Distrito de Columbia. Em plena campanha das Primárias, todos os 11 Republicanos concorrentes à indicação para disputar a eleição presidencial (com a única exceção do ex-governador da Flórida Jeb Bush, filho e irmão de ex-presidentes) iniciaram uma campanha contra qualquer indicação de Obama, sob a alegação de que por estar no último ano de mandato, deveria deixar a nomeação para o próximo Presidente. 

O desenrolar desse processo foi que o Senado, responsável pela aprovação dos membros da Suprema Corte e com maioria Republicana, conseguiu não votar a indicação  do Presidente Obama, mesmo faltando ainda 10 meses para o fim do seu segundo termo (Donald Trump, que liderava a disputa pela nomeação republicana, disse que cabia a senadores barrarem a iniciativa. É o chamado 'postergue, postergue, postergue', disse Trump). Depois de um ano de vacância (apenas em abril de 2017), já na presidência de Donald Trump e indicado por ele, o Senado americano aprovou o nome do juiz conservador Neil Gorsuch. E ainda pela utilização de uma manobra legislativa denominada “Opção Nuclear”, que exigia um número menor de votos para a aprovação.

Ontem, dia 18/09/2020, faleceu aos 87 anos a Ministra Ruth Bader Ginsburg, a liberal decana da Suprema Corte dos Estados Unidos. Esse episódio é uma repetição do que já acontecera no último ano de mandato do Presidente Barack Obama com a morte de Antonin Scalia, com o agravante neste caso de que estamos a apenas pouco mais de 3 meses de um novo termo presidencial. A se repetir o processo daquela ocasião, o Senado devia esperar a indicação do futuro Presidente para preencher a vaga. Não é o que acontecerá, presumo. Os Republicanos continuam com a maioria absoluta nas cadeiras do Senado e o Presidente Trump já declarou através do twitter: "Fomos colocados nesta posição de poder e importância para tomar decisões para as pessoas que nos orgulharam com seu voto, e a escolha dos juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos é considerada como uma das mais importantes. Temos esta obrigação, sem demora!".

Essa oportunidade rara, permitirá ao Presidente Trump expandir e consolidar a maioria conservadora na Corte, fazendo sua terceira indicação. Registre-se que o país atravessa um momento de profundas divisões só vistas na década de 1960, além de estar às vésperas das eleições presidenciais de 3 de novembro.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

QUE SÃO SEBASTIÃO SE APIADE DO RIO DE JANEIRO




Candidatos a Prefeito do Rio de Janeiro em 2020:


REPUBLICANOS - O prefeito Marcelo Crivella é candidato à reeleição pelo partido Republicanos. Antes, Crivella foi senador por dois mandatos.

- O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), foi alvo na manhã desta quinta-feira (10) de mandados de busca e apreensão em sua casa e em seu gabinete no Palácio da Cidade.

A ação é parte da investigação sobre um suposto esquema de corrupção na prefeitura.

Agentes da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio de Janeiro cumprem no total 22 mandados expedidos pelo 1º Grupo de Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, foro especial para investigação contra prefeitos.

Candidato à reeleição, Crivella é alvo de operação dois dias após as buscas na casa do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), já oficializado como seu adversário na disputa pela prefeitura.


DEM - Prefeito do Rio de Janeiro entre 2009 e 2016, Eduardo Paes é o candidato do Democratas (DEM) às eleições municipais de 2020. Antes, foi vereador, deputado federal e secretário estadual do Turismo, Esporte e Lazer.

- MP-RJ denuncia Eduardo Paes por corrupção e lavagem de dinheiro. (https://noticias.uol.com.br/ - 08/09/2020)

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio) e se tornou réu por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Um mandado de busca e apreensão também foi cumprido na casa onde ele mora, na zona sul do Rio. Com isso, Paes e outros quatro alvos da operação se tornaram réus.

De acordo com as investigações, entre 4 de junho e 19 de setembro de 2012, o ex-prefeito recebeu vantagens indevidas no valor de R$ 10,8 milhões que, segundo o MP-RJ, foram pagas a ele em espécie por executivos da Odebrecht por meio de caixa dois de campanha. A denúncia, no entanto, não torna o ex-prefeito do Rio inelegível.

Paes é candidato à prefeitura e aparece como principal nome da corrida eleitoral em pesquisas de intenção de votos realizadas até o momento.


PT - A deputada federal Benedita da Silva será a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) a prefeita do Rio de Janeiro. Ela foi governadora do Rio, vice-governadora, senadora e vereadora.

- Justiça mantém bloqueio de bens de Benedita, acusada de improbidade quando era secretária de Cabral. (https://gazetabrasil.com.br/ - 29 de agosto de 2020)

O juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio de Janeiro, Bruno Bodart, manteve o bloqueio de bens da deputada federal e ex-governadora petista, Benedita da Silva, em uma ação de improbidade administrativa.

A medida cautelar foi decretada ainda em 2015, quando a petista também teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados.

O objetivo da Justiça era recuperar R$ 32 milhões em supostos danos causados aos cofres do estado na época em que Benedita era secretária de Direitos Humanos da gestão de Sérgio Cabral.


PTB - A ex-deputada federal Cristiane Brasil, foi indicada pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro.

- Mesmo presa, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB) teve a candidatura à prefeitura do Rio protocolada nesta quarta-feira pelo seu partido, o PTB, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Como vice na chapa, foi registrada a candidatura de Fernando Bicudo, também filiado ao partido.

A protocolação foi feita no fim da tarde de ontem após a executiva municipal do PTB decidir, em reunião extraordinária, manter a candidatura de Cristiane, que está presa preventivamente (sem prazo para sair) desde o último dia 11. Ela é investigada por suposta participação em um esquema de corrupção que foi alvo da segunda etapa da Operação Catarata.


REDE - A Rede Sustentabilidade foi o último partido a lançar candidatura própria à prefeitura do Rio. O representante da legenda na disputa será o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

- Dirigente do Fla é conduzido à PF em investigação contra BNDES. (https://www.uol.com.br/ - 13/05/2017)

Mário Esteves Filho, foi conduzido coercitivamente à sede da PF no Rio de Janeiro na manhã da última sexta-feira (12) para prestar esclarecimentos na investigação que apura uma fraude de R$ 8,1 bilhões em repasses do BNDES ao grupo frigorífico JBS entre 2007 e 2011 - Operação Bullish.

O dirigente rubro-negro era chefe do Departamento de Política Financeira do Banco na época.


MDB - O vereador Paulo Messina é o candidato do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB) a prefeito do Rio de Janeiro.

- O vereador Paulo Messina (MDB), ex-chefe da Casa Civil do governo de Marcelo Crivella, também teria participado do esquema de corrupção na Prefeitura do Rio, diz o Ministério Público do Rio.

O órgão chegou a essa conclusão após analisar as cerca de 11.200 mensagens de celular trocadas entre o empresário Rafael Alves, apontado como operador do suposto QG da propina na prefeitura, e o marqueteiro Marcelo Faulhaber.

Messina, que lançou nesta segunda-feira sua candidatura à Prefeitura do Rio, nega as acusações.


PROS - A deputada federal Clarissa Garotinho é a candidata a prefeita pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros).

- Inquérito contra Clarissa Garotinho deve permanecer na primeira instância, afirma PGR. (http://www.mpf.mp.br/ - 6 DE AGOSTO DE 2018)

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou, nesta segunda-feira (06/08/2018), manifestação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a manutenção da decisão monocrática do ministro Edson Fachin, que remeteu para a Justiça do Rio de Janeiro inquérito contra a deputada Clarissa Garotinho (Pros/RJ).

Filha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, ela é acusada de resistência e desacato contra policiais federais, em novembro de 2016, quando seu pai foi transferido do Hospital Souza Aguiar para o Hospital Penitenciário de Bangu.


NOVO - O engenheiro Fred Luz, ex-CEO do Flamengo, é o candidato do Partido Novo a prefeito do Rio. (https://noticias.uol.com.br/ - 01/09/2020)

Em convenção virtual, o Partido Novo oficializou a candidatura de Fred Luz para a prefeitura, tendo como candidata a vice a bióloga Giselle Gomes, servidora pública do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e mestre e doutora em biofísica.

Formado pela PUC-Rio, Luz trabalhou como engenheiro de equipamentos da Petrobras de 1975 a 1980. Depois passou por várias outras empresas, criou o próprio negócio e atuou também na gestão do Flamengo, a partir de 2013. Em 2018 filiou-se ao Partido Novo e integrou a equipe de transição do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema.


PSC - O Partido Social Cristão (PSC), sigla do governador afastado Wilson Witzel e do interino Cláudio Castro, escolheu a ex-juíza Glória Heloiza Lima da Silva para concorrer ao cargo de Prefeita do Rio. (https://noticias.uol.com.br/ - 01/09/2020)

- A juíza Glória Heloiza Lima da Silva, 51 anos, sempre chama a atenção por onde passa. Com cabelos longos e bem cortados, vestidos curtos e ousados para o conservadorismo dos tribunais, a magistrada tem o gosto por se destacar. Falem bem ou mal.

Apontada como pré-candidata de Wilson Witzel (PSC) na eleição à Prefeitura do Rio, a juíza é tão chegada a usar uma faixa distintiva quanto o governador. Em abril, recebeu o adereço com a inscrição “Embaixadora da Educação” oferecida pela secretaria estadual da área. Um sinal de prestígio com o Palácio Guanabara.

Questionado pelo Valor, em recente entrevista na sede do governo, Witzel se esquivou, afirmando, de pronto, que a candidatura de Glória Heloiza seria “fofoca”. Depois, passou a elogiá-la. “É uma pessoa empolgada com o Rio, que gosta de carnaval. É religiosa, tem um bom perfil. É uma grande candidata, com vocação para ajudar, atuou na adoção [na Vara da Infância].Se ela estiver disposta e tomar essa decisão, será muito bem-vinda. Tem grande potencial. Até porque é magistrada e mulher”, disse o governador.

Na primeira pesquisa com seu nome, divulgada pelo Datafolha no dia 15, ela apareceu, em dois cenários, com zero e 1% das preferências.


PDT - A deputada estadual Martha Rocha é a candidata do Partido Democrático Trabalhista (PDT) a prefeita do Rio de Janeiro.

- A delação premiada de Carlos Miranda, apontado como operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), caiu como uma bomba. Ele revelou uma lista de 40 políticos do Rio de Janeiro cujas campanhas, segundo ele, foram financiadas por caixa dois. A delação foi divulgada, com exclusividade, pelo RJ TV deste sábado, 18 de agosto de 2018.

Miranda contou que executava a parte administrativa e financeira das campanhas do MDB no Rio de Janeiro e que havia combinações com os fornecedores para que eles sub-faturassem as notas apresentadas. Assim, havia nas notas o pagamento de parte dos valores de forma oficial e a outra parte por fora, em dinheiro, ou por meio de vantagens das empresas doadoras diretamente aos fornecedores.

Os repasses eram feitos principalmente por empreiteiras, como é o caso da OAS, Delta, Carioca e Andrade Gutierrez.

Entre os políticos que teriam sido beneficiados com a propina, encontram-se Luiz Fernando Pezão, e o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), além de vários Deputados Estaduais, entre eles a Deputada Martha Rocha, que teria recebido 300 mil reais de caixa dois.


PCO - Henrique Simonard, integrante do Comitê Central do Partido da Causa Operária (PCO), será o candidato do partido a prefeito do Rio de Janeiro. (https://www.jusbrasil.com.br/ - 21/01/2020).

- O senhor HENRIQUE VITAL BRAZIL SIMONARD, deputado estadual pelo PCO, parece que não cultiva o hábito de prestação de contas de campanha eleitoral. Se o leitor tiver dúvida, apenas consulte o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro e o Processo Nº 0605053-46.2018.6.19.0000.

De qualquer forma, não faz muita diferença uma vez que o candidato na maioria das pesquisas de intenção de votos participa com traço, ou seja, menos de 1%.


PSL - O deputado federal Luiz Lima é o candidato do Partido Social Liberal (PSL) a prefeito do Rio de Janeiro. Antes, foi nadador profissional e secretário nacional de Esportes de Alto Rendimento. (https://blogdojuca.uol.com.br/ - 22/04/2020)

- O ex-nadador olímpico brasileiro Luiz Lima, com participações nas Olimpíadas de 1996 e 2000, elegeu-se deputado federal pelo PSL do Rio nas últimas eleições.

Já eleito liderou seus colegas de partido, então o mesmo de Jair Bolsonaro, no apoio a Wilson Witzel no segundo turno da eleição para governador dos fluminenses.

Ontem Lima chamou Witzel de ditador, desequilibrado, destemperado e escroto. Tudo porque a ex-mulher do deputado, Milene Comini, e a filha deles foram presas pela polícia carioca ao não obedecerem o decreto do isolamento social que proíbe a ida à praia.


PSTU - O ex-deputado federal Cyro Garcia será o candidato do PSTU a prefeitura do Rio de Janeiro pela quinta vez.

- Ele foi candidato a prefeito em 1996, 2000, 2012, 2016 e agora em 2020.

Garcia participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foi diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro de 1982 a 1991. Entre 1988 e 1991 atuou como presidente da entidade.


PSOL - A deputada estadual Renata Souza é a candidata do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) a prefeita do Rio de Janeiro.

- Renata é jornalista e foi chefe de gabinete da então vereadora Marielle Franco, morta em 2018. O PSOL estará coligado com o PCB e o UP e o candidato a vice-prefeito é Íbis Pereira, coronel da reserva da Polícia Militar.


PMB - Suêd Haidar, presidente nacional do Partido da Mulher Brasileira (PMB), será a candidata da legenda a prefeita do Rio de Janeiro.

- Suêd Haidar reconhece a contradição que seu partido político vive. "Mesmo no Partido da Mulher Brasileira, os homens ainda são as lideranças", diz a presidente nacional da sigla. Criado em 2015 com a intenção declarada de representar o eleitorado feminino, o PMB lançou mais candidatos do que candidatas nas eleições de 2018. Foram 226 homens contra 163 mulheres disputando cargos nas assembleias estaduais, na Câmara e no Senado pelo partido.

No próximo pleito, em 2020, um nome masculino e polêmico também aspirava concorrer pelo partido a uma das principais vitrines eleitorais do país. Jerônimo Guimarães Filho, o ex-vereador Jerominho, anunciou que seria candidato a candidato do PMB à prefeitura do Rio de Janeiro. Jerominho foi preso de 2007 a 2018, acusado de comandar a maior milícia carioca. "Nós conversamos com qualquer cidadão que venha a nós com uma proposta de pleito", justifica Suêd, que confirma as negociações sem comentar o histórico carcerário do pré-candidato.

Semelhantes se atraem?




Na visita que o ex-Presidente Lula fez ontem (17/09/2020) ao Senador Renan Calheiros no Hospital, não desejo comentar que ambos estavam sem usar máscara.

Nesta foto estão dezenas de processos na Justiça brasileira. Como segue:

"Além do caso do sítio de Atibaia (SP), que rendeu a segunda condenação em segunda instância para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente é réu em mais oito processos.

Eles tramitam em Brasília, Curitiba e em São Paulo. Dos oito, dois resultaram em condenação até o momento: o caso do tríplex do Guarujá (SP), pelo qual Lula passou 1 ano e 7 meses preso, e o do sítio, no qual ele foi condenado em primeira instância a 12 anos e 11 meses de prisão."

Com relação ao Senador Renan Calheiros, em 2017 o STF abriu o 18º inquérito para investigar o Senador. Com efeito:

"O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) se tornou alvo de mais um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa já é a 18ª investigação contra o peemedebista em tramitação na Corte, sendo que ele já é réu em uma delas – que apura recebimento de propina em troca da apresentação de emendas parlamentares em favor da empreiteira Mendes Júnior."

A Lei de Coulomb estabelece que corpos carregados com cargas opostas se atraem e corpos carregados com cargas iguais se repelem. Este conceito está ligado à eletricidade. Não creio que valha para as relações humanas. Ao contrário, acredito que está certa a psicologia quando afirma que "há muito de nós naqueles que escolhemos como amigos".

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A eleição presidencial e a animosidade social




O fosso entre as pessoas na sociedade americana tem sido cada vez mais profundo com a proximidade da eleição de novembro/2020. Distante ainda daquela ecologia social dos anos 60 (quando foram mortos John e Robert Kennedy, Martin Luther King Jr, para citar apenas os mais preeminentes), o sentimento de ódio interpessoal advindo da retórica política atual tem apagado a luz do "american dream".

Como registrei em agosto de 2019 (God bless America - https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2019/08/god-bless-america.html):

"Ouvi de um amigo, “baby boomer” americano (geração Woodstock), que desde a década de 1960 não havia visto a sociedade americana tão dividida. Naquela década, foram assassinados o Presidente John Kennedy, seu irmão e Senador Robert Kennedy, o líder religioso e maior expressão contra o apartheid Marthin Luther King Jr, entre outros. Era o auge da Guerra do Vietnam, o maior desastre bélico dos Estados Unidos e que encontrava enorme resistência do seu povo, principalmente dos jovens.

Nos dias atuais, a nação parece irrevogavelmente fraturada entre - republicano / democrata, elefante / burro, liberal / conservador, vermelho / azul, etc. O convite para o jantar de Ação de Graças (Thanksgiving - tradicional jantar anual da família americana) vem sempre acompanhado de uma recomendação para ser evitada a discussão de política ou religião."

As pesquisas de opinião sobre as intenções de voto, colocam o candidato Democrata, Joe Biden, á frente do Presidente Trump, candidato à reeleição, em percentuais que variam entre 5% e 11%, o que não quer dizer muita coisa. Em dois exemplos mais recentes, candidatos que ganharam no voto popular, perderam no colégio eleitoral. Foi assim na eleição de 2000, quando Al Gore venceu George Bush por 170.000 votos e perdeu no colégio eleitoral por 271 a 266 votos. Na última eleição presidencial americana, Hillary Clinton venceu o candidato Donald Trump por algo em torno de 2,9 milhões de votos e perdeu no colégio eleitoral por 304 a 227 votos.

No Brasil, a animosidade está presente entre membros do mesmo grupo social, no trabalho, nas universidades e mesmo entre indivíduos da mesma família. Provavelmente esse processo iniciou-se nos primeiros anos da década de 1990, com uma insistente mensagem do "nós contra eles". Apesar de estarmos a pouco mais de dois anos da próxima eleição presidencial, já existe uma corrida com vistas a 2022. Acirrada agora pela proximidade de eleições municipais, que se não são determinantes para o resultado de 2022, podem sinalizar para os candidatos mais provavelmente competitivos.

A grande questão é quanto a sociedade brasileira se permitirá dividir, num grupamento social tão enormemente atingido pela violência diária. Violência essa que vinha num crescendo até janeiro de 2019, quando o então Ministro Moro lançou as bases para neutralizar esse crescimento. E com sucesso, diga-se. Por menos que segmentos à esquerda e à direita do espectro político queiram reconhecer, o nome de Sérgio Moro é carta fortíssima no baralho da sucessão. Com reconhecido e respeitado trabalho seja como Juiz Federal na Lava Jato, seja como Ministro da Justiça, o ex-Ministro tem apelo popular e trajetória profissional como nenhum outro. Aqueles que duvidam, dêem uma olhada com mais vagar na recente Pesquisa de Opinião XP/IPESP, divulgada na última 2ª feira (14.set.2020). Nessa avaliação estatística, Moro é disparadamente o mais popular adversário de Bolsonaro, inclusive do que o próprio, e aquele que tem a menor rejeição.

Ainda que haja um esforço desesperado de "lulopetistas" e "bolsonaristas" para desconstruir a imagem de Sergio Moro, a ponto de termos lido essa semana declaração do ex-Presidente Lula em defesa de Bolsonaro e atacando Moro (soou meio que ridículo, no entender de alguns), há no país uma massa crítica sedimentada de admiração e respeito pelo ex-Ministro. Em um cenário no qual diariamente "pipocam" novos envolvidos em casos de corrupção (De hoje, 16/09 - Escritório de líder do governo na Câmara é alvo de operação - https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/09/16/mp-do-parana-cumpre-mandado-em-escritorio-do-deputado-ricardo-barros.htm), o que deveria ser obrigação de todos - a honestidade - torna-se um vantagem competitiva, mormente nas disputas políticas. E Sérgio Moro parte na frente nesse quesito!

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Luis Mir



Quem é Luis Mir? Pesquisador, médico, Doutor em História e escritor brasileiro, prefere apresentar-se como militante do velho Partido Comunista Brasileiro. Escreveu entre outros títulos, os livros:

A Revolução Impossível (uma história da luta armada da esquerda no Brasil) (1994)
Guerra Civil - Estado e Trauma (2004)
Genômica (2005)
O Partido de Deus - Fé, Poder e Política (2005)
O Paciente - O Caso Tancredo Neves (2010)

Em texto recentemente divulgado em redes sociais e aplicativos de comunicação, o senhor Luis Mir faz uma análise do atual cenário político nacional. Se por um lado mostra-se completamente desesperançado de uma construção alternativa para dirigir os destinos do país, por outro, choca profundamente os que transitam mais à esquerda no espectro político.

Ainda que não concorde com a totalidade das afirmações do escritor, sinto-me na obrigação de divulgar o texto, no sentido de fazê-lo conhecido para que seja analisado e criticado por todos os que se preocupam com os destinos da nossa nação. Leia abaixo.

"Com a reeleição assegurada do atual Presidente da República em 2022 - vai ser candidatura única - temos que nos preparar. Para mais uma derrota - merecida - e fazermos a autocrítica: o que fazer?

Candidatura única? Sim. Os concorrentes do atual ocupante foram estraçalhados com crueldade digna da Inquisição. E repito, não servem, diante dos desafios que temos atualmente como sociedade e civilização, para síndicos de prédio.

Sérgio Moro foi asfixiado politicamente no cargo e na vaidade. Virou uma viúva de luxo, mas uma viúva.

Luiz Henrique Mandetta uma viúva desesperada. É o rei das lamentações da República. Mas acima de tudo um covarde. Não reconhece que vergou a coluna o necessário para participar desde o início dessa hediondez que hoje critica, banhado em "falsa santidade", como apóstolo da saúde pública. Tentou, desde que sentou na cadeira ministerial, privatizar, em marcha batida, o SUS.

Ciro Gomes tem um pedra intransponível em seu caminho. Só ele, e mais ninguém, acredita que esteja preparado ou se tenha preparado para exercer a Presidência. É um autoritário que pode adotar atitudes tresloucadas, inconsequentes, irracionais, diante de adversários ou dificuldades que ameacem seu poder.

Sobre Luciano Huck: é o mais inviável de todos. Para ele, sua candidatura presidencial é um novo quadro do seu programa de auditório. E a Presidência o maior prêmio que seu programa ofereceu enquanto durou. Auditório não é eleitorado. Os profissionais vão ensinar-lhe isso a ferro e fogo.

Sobre João Dória: não conseguiu reverter a sina de São Paulo: é o estado brasileiro mais inepto e incapaz para produzir e alavancar candidaturas presidenciais. Há décadas. Não tem partido nacional, com vocação majoritária, atualmente em frangalhos. E não tem "cara de Brasil", isso me foi dito por um dos políticos mais importantes da história republicana brasileira, o Presidente Tancredo Neves.

Segundo ele, Minas Gerais tinha essa qualidade. Seus políticos tinham a "cara de Brasil". Como reconhecia que também aconteciam acidentes de percurso. Mas ninguém duvidava, disse ele sorrindo, que quando o país necessitava de rumo, todos os olhares se dirigiam para Minas.

Sobre o PT: vai cumprir sua missão com zelo, devoção, convicção. Ser novamente a correia de transmissão da extrema direita. Qualquer candidato que seja, não será candidato. Será um preposto do Guia Genial do Povo Brasileiro.

O que fazer? Recomeçar do zero a refundação da centro-esquerda brasileira. Que foi atropelada, prostituída, corrompida, estraçalhada, pelo Duo do Mal, vulgos PT e PSDB.

E com a candidatura única da extrema direita em 2022, teremos, ou melhor, teremos que ter, generosidade, humildade, visão estratégica, para retomar a marcha democrática do país, confiando-a a essa massa ignara, pobre, segregada, que é a maioria do povo brasileiro. Seus verdadeiros protagonistas.

Uma última observação: quem é o atual gênio político brasileiro? Jair Bolsonaro. De uma posição residual na relação de forças, anteviu a transformação histórica ansiada pelas massas, moldou o discurso e se lançou a disputa solitariamente como um gladiador marcado para morrer nos dez primeiros minutos da luta.

E derrotou todos os herói do Coliseu, para delírio das massas. Mas as massas vão querer mais. Ele tem ainda forças para uma última luta em 2022. Mas com certeza será a última. E para seu clã familiar, que será escorraçado junto com ele."

domingo, 6 de setembro de 2020

2022 está logo ali na esquina




Políticos, cientistas políticos e jornalistas/analistas em regra são ideólogos. Mantêm um conjunto coerente de posições que identificam como progressistas ou conservadoras (identificam-se também como esquerdistas ou de centro etc). Para a maioria dos eleitores, esses termos não significam nada. Não pensam em termos ideológicos e suas posições são freqüentemente inconsistentes e sem coerência. Muitas vezes dizem-se moderados ou centristas, o que não nos revela como irão votar.

As avaliações de uma eleição para outra são não confiáveis, uma vez que o eleitorado posiciona-se não ideologicamente diante das mais diversas questões, explicando a aparente volatilidade.

Não dá portanto para creditar a vitória do Presidente Bolsonaro a uma maioria da "direita" brasileira. Provavelmente havia uma fadiga eleitoral mixada com a revolta pela incontrolável desonestidade verticalizada que se apoderou do organismo público brasileiro nos seus mais diversos níveis. Isso foi inteligentemente explorado pela equipe do candidato Bolsonaro, farejando na sociedade o desejo de mudança.

Estamos vivendo o segundo ano do Governo, com a triste constatação de que ele não entrega o que prometeu em campanha. E não estamos falando da economia. Seria estupidez cobrar caminhos muito diferentes dos que estão sendo seguidos no meio dessa pandemia, especialmente quando se sabe que esses caminhos são assemelhados aos que a quase totalidade dos países do planeta estão trilhando. Mormente no Brasil, onde há profundas desigualdades interpessoal, intersetorial e interregional.

Com a Operação Lava Jato iniciamos um processo de "passar o país a limpo". Vimos nos últimos 6 anos o inusitado acontecer. Políticos de alto coturno, executivos do mais alto escalão do serviço público e donos das maiores empresas do Brasil serem julgados, condenados e alguns até presos. Centenas de milhões de reais devolvidos aos cofres públicos. Esses acontecimentos certamente fariam com que esses segmentos e a própria sociedade brasileira encontrassem novos caminhos de fazer política e desenvolver negócios. Respirava-se ares de esperança em um país melhor, mais justo, menos desigual.

Infelizmente, O Governo do senhor Jair Bolsonaro está sendo o maior responsável pelo desmanche da Operação Lava Jato. Suas reiteradas tentativas de interferência na Polícia Federal, a pressão continuada contra o Ministro Moro para que ele pedisse demissão, a aproximação, não se sabe em que condições, com o Ministro Toffoli, a cooptação do Centrão e por último mas não menos importante, a escolha do Procurador Geral da República fora da lista tríplice, configuram bem o cenário no qual navega o Governo Bolsonaro.

Esse senhor Aras, atual PGR, foi pinçado entre aqueles que já se admitiam contrários à Lava Jato. E não perdeu tempo. Cedo começou seu trabalho. O que esperar de uma autoridade que deseja conhecer/interferir em investigações sigilosas em andamento, ignorando o Art. 127 da Constituição Federal? Some-se a isso um Supremo Tribunal Federal que através de alguns dos seus membros, tem tomado decisões as mais heterodoxas, muita vez surpreendentemente conflitantes com coisa julgada e mesmo incongruências entre julgados de um mesmo membro.

O ano de 2022 está logo ali na esquina. Até lá, substitui-se os Presidentes das duas Casas Legislativas Federais, dois Ministros do Supremo serão aposentados compulsoriamente, e teremos (a Deus querer) vencido a pandemia do Covid 19, apesar da enorme perda de vidas humanas. Não guardo esperança de muita melhora nos vindouros Presidentes da Câmara e Senado. Ainda menos na qualidade dos Ministros do Supremo a serem indicados nas vacâncias próximas. Mas a eleição geral de 2022 poderá trazer uma nova ecologia social. Poderemos ter o ex-Ministro Moro como candidato, com forte apelo popular, menos por ele - Sérgio Moro - mais pelo que representa como ideia de combate à violência, ao crime organizado e à corrupção. E fazer renascer a esperança em mais justiça social!

terça-feira, 11 de agosto de 2020

O desafio de unir uma nação dividida.




A última peça do xadrez na política americana acaba de ser revelada. Por escolha do Partido Democrata e do próprio candidato a Presidente, Joe Biden, a companheira de chapa será a Senadora pela Califórnia, Kamala Harris. Esta jovem ex-Procuradora Geral do Estado que representa no Senado, foi também pré-candidata a Presidente, tendo desistido de sua campanha exploratória em dezembro passado, "por falta de recursos financeiros".

Kamala Harris é nascida na Califórnia há 55 anos, corajosa tribuna, combativa debatedora e com boa formação intelectual. Filha de migrantes, mãe indiana e pai nascido na Jamaica, a Senadora revelou-se no seu primeiro mandato, defensora de bandeiras tais como um caminho para a cidadania para imigrantes indocumentados, a proibição de armas de assalto e a reforma tributária progressiva.

Do ponto de vista político, ninguém melhor do que a Senadora Harris para formar na chapa Democrata. Por ser afro-americana agradará à população negra (em condições normais uma característica politicamente importante e principalmente agora, após os violentos protestos pela morte de George Floyd), já em sua maioria simpática aos Democratas. Filha de migrantes, certamente massageará o ego da enorme quantidade de estrangeiros e descendentes. Por fim, sua combatividade será um contraponto à passividade do companheiro de disputa, o ex-Vice-Presidente Joe Biden.

O maior desafio do próximo Presidente americano será minimizar a profunda divisão existente na sociedade neste momento e não creio que Trump esteja disposto a empenhar-se nisso. Como registrei em agosto de 2019 (God bless America - https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2019/08/god-bless-america.html):

"Ouvi de um amigo, “baby boomer” americano (geração Woodstock), que desde a década de 1960 não havia visto a sociedade americana tão dividida. Naquela década, foram assassinados o Presidente John Kennedy, seu irmão e Senador Robert Kennedy, o líder religioso e maior expressão contra o apartheid Marthin Luther King Jr, entre outros. Era o auge da Guerra do Vietnam, o maior desastre bélico dos Estados Unidos e que encontrava enorme resistência do seu povo, principalmente dos jovens.

Nos dias atuais, a nação parece irrevogavelmente fraturada entre - republicano / democrata, elefante / burro, liberal / conservador, vermelho / azul, etc. O convite para o jantar de Ação de Graças (Thanksgiving - tradicional jantar anual da família americana) vem sempre acompanhado de uma recomendação para ser evitada a discussão de política ou religião."


segunda-feira, 13 de julho de 2020

O Brasil dividido!




A sociedade brasileira encontra-se tão ideologicamente dividida que partiu até os judeus moradores do Brasil, um povo milenarmente solidamente unido. A dra. Nise Yamagushi foi o pivô dessa fragmentação entre a CONIB (Confederação Israelita no Brasil) e a ASBI (Associação Sionista Brasil Israel).

Nada retrata melhor a profundidade da estupidez ideológica que como um furacão apoderou-se do sofrido povo brasileiro, do que essa discussão que tem como pano de fundo disfarçado o desencontro entre apoiadores e adversários do Governo, simbolizado na utilização da cloroquina no tratamento da pandemia.

O Hospital Albert Einstein afastou a dra. Nise, por ter a médica em entrevista recente comparado os judeus assassinados nas câmaras de gás ao povo brasileiro que não tem a chance de tratar-se com a cloroquina. Diz a nota emitida pelo hospital que ela "estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto". Enquanto isso, a ASBI em nota de apoio à dra. Nise afirma que o hospital usou indevidamente a entrevista para "instrumentalizar uma indignação judaica inventada pelos inimigos do Governo".

Deus apiade-se desse grande país!

domingo, 12 de julho de 2020

Eleição Americana: "hispânicos" poderão decidir os destinos do país




Recentemente o U.S. Census Bureau divulgou que os "hispânicos" registram um novo recorde de quase 61 milhões de habitantes. "Hispânicos" representam uma nova "etnia" criada pela burocracia da imigração americana, originária de 20 países de diferentes culturas, cujos traços de união são o idioma espanhol e (na sua maioria) a antipatia pelo Presidente Ronald Trump, o que acreditam seja recíproca.

"Uma análise do Pew Research Center dos dados recém-divulgados descobriu que a população hispânica em 2019 era de 60,6 milhões, um aumento de 930.000 em relação a 2018. Ela saltou cerca de 10 milhões em nove anos." Em 2016, esse grupamento social votou a favor de Hillary Clinton, na proporção de 66% a 28% para Trump. Há uma percepção dos candidatos e seus executivos responsáveis pelas respectivas campanhas que os ditos "hispânicos" poderão decidir os destinos do país.



Os mexicanos representam cerca de 60% dos ditos "hispânicos" e vivem principalmente no Texas e na Califórnia. Os porto-riquenhos vivem predominantemente em Nova York e são cidadãos americanos enquanto os dominicanos dividem-se entre Nova York e a Flórida, onde os cubanos são maioria.

"Nas eleições presidenciais de novembro de 2020, os 'hispânicos' serão, pela primeira vez, o maior grupo étnico do eleitorado, ao representarem 13% dos eleitores, segundo o instituto Pew." Esse grupamento étnico poderá decidir a eleição de 2020, considerando as decisões do Presidente Trump ao enrijecer os procedimentos de contenção da imigração ilegal e bloqueando a entrada de imigrantes legais.

Até o início da crise do CoronaVírus, os Republicanos contavam como certa a reeleição do Presidente. Seu grande trunfo era a economia que atravessava um momento de grande euforia. Pleno emprego, crescimento do PIB, corte de impostos para empresas, além de medidas para redução da burocracia e de incentivo para produção dentro do país, fizeram com que houvesse uma geração de valor no mercado financeiro americano.

Com o aparecimento da pandemia a economia derreteu, enquanto a maneira errática do Presidente na condução das medidas de contenção do vírus fizeram com que a vantagem inicial fosse desidratando, de sorte que as pesquisas de opinião recentes refletem uma clara vantagem do ex-Vice Presidente Joe Biden, candidato Democrata.

É bem verdade que faltam quase quatro meses para o dia da eleição, portanto o jogo ainda não está jogado, mas a grande maioria dos analistas políticos acreditam que a tendência é que o Democrata consolide sua maioria nos chamados "swing states", o que lhe asseguraria sua vitória no colégio eleitoral. A confirmar-se esse cenário, Donald Trump entraria para o desconfortável grupo de apenas 4 Presidentes que não conseguiram a reeleição nos últimos 100 anos.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Como ganhar dinheiro com Yem




Existem várias maneiras de ganhar dinheiro com o YEM e uma das minhas favoritas é a estratégia "Buy and Hold".

O que é "Buy and Hold"?

Buy and hold é uma estratégia de investimento passivo na qual um investidor compra ações (ou outros tipos de valores mobiliários, como notas, títulos e debêntures, ações ordinárias) e as mantém por um longo período, independentemente das flutuações do mercado. Um investidor que usa uma estratégia de compra e manutenção seleciona ativamente os investimentos, mas não se preocupa com movimentos de preços de curto prazo e indicadores técnicos. Muitos investidores lendários, como Warren Buffett e Jack Bogle, elogiam a abordagem de compra e manutenção como ideal para indivíduos que buscam retornos saudáveis ​​a longo prazo.

Aqueles que argumentam contra o uso de uma estratégia de longo prazo afirmam que os investidores renunciam a ganhos ao aumentar a volatilidade, em vez de travar ganhos e perder o tempo do mercado. Alguns profissionais são bem-sucedidos regularmente com estratégias de negociação de curto prazo, mas os riscos podem ser maiores. O sucesso do investimento também é alcançado pela lealdade, comprometimento com a propriedade e a simples busca de manter-se de pé ou não sair de uma posição escolhida.

Reconhecendo que a mudança leva tempo, os acionistas comprometidos adotam estratégias de compra e manutenção. Em vez de tratar a propriedade como um veículo de curto prazo para obter lucro no modo de um dia, os investidores de compra e manutenção mantêm ações em mercados de alta e baixa. Assim, os proprietários de ações assumem o risco final de fracasso ou a recompensa suprema de uma apreciação substancial.

Crescimento lento e constante do YEM

O YEM (Your Everyday Money) ainda não é usado como um mecanismo de pagamento alternativo generalizado, e muitos duvidam que seja.

A jornada do YEM ainda está apenas começando. Casos de uso - alguns esperados, outros não - estão surgindo em pools de inovação entre setores, geografias e filosofias. Por enquanto, sua narrativa convincente deu-lhe um papel em carteiras de ativos de todos os tipos, enquanto especuladores e investidores apostam na disseminação de seus casos de uso nascentes.

YEM, como uma moeda digital emergiu silenciosamente há quase 3 anos; desde então, ele vem ganhando força suavemente à medida que sua poderosa mensagem ganha impulso, sem florescimento e retórica.

A relativa quietude do YEM não apenas permite que trabalhos sérios continuem nos bastidores da Fundação YEM, além de dar aos experimentos tempo para amadurecer e evoluir, mas também é exatamente o que o mundo precisa agora.

Com tanto barulho, confusão e certeza em nossos feeds, em nossas telas e em nossos corações em relação ao resto de outras criptomoedas, o YEM silenciosamente fez progressos, constrói as escadas que estarão lá quando a poeira baixar e começar a ficar mais clara idéia de como nosso futuro realmente será.

Solicitar que o YEM substitua o sistema financeiro atual é uma ocorrência diária da maioria dos entusiastas do YEM.

Hoje, é um slogan comum na comunidade do YEM "Colocar um YEM na sua carteira", o que significa literalmente garantir seu futuro financeiro com o YEM no seu portfólio.

Se você ainda não é membro, pode se inscrever, tornar-se membro GRATUITAMENTE e até mesmo obter alguns YEM gratuitos:

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BWS

Nilo Sérgio Viana Bezerra - Administrador

(85) 3114-2845

http://www.bwsconstrucoes.com

CNPJ: 00.079.526/0001-09

Endereço: Rua Luiz Moreira Gomes, 11, Parque Jabuti, Eusébio-CE. CEP 61760-000

sábado, 6 de junho de 2020

Mente vazia




Em Santa Monica Boulevard, entre a 3rd Street Promenade e a 4th Street na cidade de Santa Monica (Condado de Los Angeles) existe uma pequena loja de conveniência, como milhões de outras nos Estados Unidos. Deve ter 3 metros de frente, talvez uns 8 metros de fundo com um estreito balcão do lado esquerdo e uma gôndola vertical refrigerada à direita. Ironia das ironias, essa pequena "bodega", situada na principal avenida de Santa Monica, fica localizada à frente da maior agência do Citibank do Condado. Aqui você pode jogar nas loterias da California, como a Powerball (prêmio de 135 milhões de dólares em sorteio no dia 03 de junho de 2020) ou Mega Millions (prêmio de 378 milhões de dólares no sorteio de 05 de junho de 2020). Na entrada, um caixa eletrônico tipo ATM. Comprar e aquecer no micro-ondas o sanduíche do seu café da manhã, bem embalado em papel alumínio e acompanhado pela garrafa de Mountain Dew ou uma latinha de Cherry Coke. Cigarros, o isqueiro descartável, canetas bic, chocolates, etc.

Nesse pequeno estabelecimento comercial, você será atendido por um senhor da pele bem escura (mas não negra como as brasileiras), que me provoca na mente a expressão "preto encardido", ou pela jovem que imagino sua filha, com a mesma tonalidade de pele. Tento adivinhar sua origem e faço minha aposta solitária e silente de que são migrantes indianos em busca do "american dream".

A morte de George Floyd (um afro-americano de 46 anos) por policiais de Minneapolis, despertou uma onda de protestos contra o racismo em todo o mundo. Provocou também reflexões sobre a violência da polícia no trato com os negros americanos. Seguem-se 11 dias de violência urbana, de distúrbio de manada, vandalismo, assaltos, roubos e incêndios, manifestações assemelhadas às de 1968, após o assassinato do líder de direitos civis, Martin Luther King Jr.

George Floyd era motorista de caminhão e segurança, mas também tinha uma passagem rápida pela música. "Nos anos 1990, quando vivia em Houston (Texas), ele participou da cena hip-hop e integrou um coletivo famoso, o Screwed Up Click."

Por mais que a morte de George desperte em mim um sentimento de revolta pela brutalidade e de simpatia pelos familiares, minha mente remete-me novamente para a pequena loja do suposto indiano. A cidade de Santa Monica passou por um razoável período de "lockdown" com prejuízo inquestionável para os negócios, principalmente para os pequenos empreendedores. Suportaria, aquele pequeno estabelecimento que eu frequentava, a interrupção de suas atividades? Enquanto refletia sobre isso, assaltou-me a inquietação ao ver os vídeos de saques naquela cidade da Califórnia. E se em meio à pandemia, a barbarie houvesse atingido a loja da Santa Monica Boulevard?

Nesse tempo de quarentena, a mente vazia fica vagando pelo universo a menos que você tenha sido treinado a resistir à divagação. O que definitivamente não é o meu caso.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Nixon, Trump e Bolsonaro




Naquele 5 de novembro de 1968, a manchete principal do The New York Times estampava: "Nixon vence por pequena margem, defendendo uma nação reunida". Era o resultado final da eleição americana entre o candidato Democrata, Hubert Humphrey, então Vice-Presidente e ex-Senador por Minnesota e o candidato Republicano, ex-Vice-Presidente e Senador pelo Estado da Califórnia, Richard Nixon, além do candidato independente George Wallace, ex-Governador do Alabama, que defendia abertamente a segregação racial.

Naquele ano foram mortos o líder cristão e ativista dos direitos civis, Martin Luther King Jr., o advogado e Senador pelo Estado de Nova Iorque, eventual candidato Democrata, Robert Kennedy. Mais grave ainda, o Presidente Democrata Lindon Johnson fizera uma escalada na impopular guerra do Vietnam, de sorte que havia ali cerca de 500.000 jovens soldados americanos estacionados. Seguiram-se ao assassinato de Martin Luther King distúrbios raciais em todo o país e manifestações populares contra a Guerra do Vietnã em universidades americanas. O assassinato do representante da família Kennedy, a desistência do Presidente Johnson de pleitear a reeleição, a onda de crimes e mais que isso a postura incoerente do Partido Democrata (enquanto o Presidente Democrata fazia uma escalada no Vietnam, o candidato do Partido encabeçava um movimento contra a guerra), podem explicar a improvável vitória de Nixon.

O grande trunfo do Partido Democrata poderia ter sido o Senador Robert Kennedy. Ele é reconhecido como um dos grandes da história política americana. Em 1968, tinha apenas 42 anos. Tinha o nome mais glamouroso da política; trazia consigo a tragédia do assassinato do irmão John Kennedy, de quem administrara a campanha presidencial em 1960 e atuou como seu procurador-geral após a eleição. "Era uma espécie de messias existencialista. Na Convenção Nacional Democrata de 1964, em Atlantic City, ele recebeu uma ovação de vinte e dois minutos, apenas por aparecer no palco. Havia uma crueza no rosto e na voz de Kennedy que parecia combinar com o clima nacional. Ele foi a personificação da dor do país sobre seu líder caído. E ele tinha a capacidade de refletir de volta o que os eleitores projetavam para ele. Ele parecia combinar juventude com experiência, intelecto com coração, senso de rua com visão. Ele era um herói para os colhedores de uvas chicanos, para os afro-americanos da cidade, para os trabalhadores sindicais. Ele era um homem dos tempos em que estavam mudando."

Não se deve, no entanto, minimizar o talento do candidato Richard Nixon em interpretar as inquietações e angústias da sociedade americana naquele momento. Soube colocar-se como o Presidente que uniria seu povo, como estampado na capa do The New York Times. Instrumentalizou sua campanha prometendo restaurar a lei e a ordem nas cidades do país, assolado por motins e crimes. E venceu a eleição!

Este ano teremos eleição para a Casa Branca novamente. Concorrem pelo Partido Republicano o atual Presidente, Donald Trump e pelos Democratas o ex-Vice-Presidente e ex-Senador pelo Estado do Delaware, Joe Biden. Se no final do ano passado pedissem-me um prognóstico da eleição de 2020, eu teria dito que o Presidente, candidato á reeleição, era extremamente competitivo. Muito provavelmente sairia vencedor. Tangido por uma ecologia econômica altamente favorável (crescimento do PIB de 2,3%, redução do deficit comercial, taxa de desemprego de 3,4% - a menor em 50 anos) e com uma fidelidade dos simpatizantes ao seu Partido acima de 92%, era "pule de 10" na eleição (expressão utilizada no turfe, quando um cavalo é muito superior aos demais e sua vitória é tida como certa).

Eis que o inesperado acontece. Surge a tragédia planetária do SARS-CoV-2, popularmente conhecido como Covid 19 ou CoronaVírus. A doença que abalou o mundo, está ceifando dezenas de milhares de vidas (já morreram mais de cem mil americanos até o final de maio) e colocou a economia mundial de ponta-cabeça. O grande trunfo de Trump desmoronou. O PIB do primeiro trimestre de 2020 dos EUA caiu 4,8%, na taxa anualizada. A taxa de desemprego saltou para 14,7%. Analistas políticos avaliam que se a eleição fosse hoje, o Presidente seria Joe Biden.

Recentemente, um policial branco assassinou um indefeso cidadão afro-americano, George Floyd. Essa morte foi filmada e veiculada dezenas de milhares de vezes nas televisões e mídias sociais de todo o mundo. Uma incontrolável onda de indignação e protesto espalhou-se pelo planeta, acontecendo com mais intensidade e volume nos Estados Unidos, por razões óbvias. Hoje já são sete dias de manifestações em mais de 150 cidades americanas e em algumas, a barbárie, destruição, violência, saques, enfim o que há de mais reprovável tem acontecido, a ponto de ser necessário o estabelecimento de toque de recolher em algumas. Esse episódio, também inesperado, pode influenciar no resultado da eleição presidencial. O então "marcado para perder" Presidente Trump poderá, explorando o conservadorismo da sociedade americana, "vender-se" como o Presidente capaz de restaurar a lei e a ordem no país, a exemplo do que fez Nixon em 1968.

No Brasil não teremos eleição para Presidente este ano, mas há uma guerra surda entre o Grupo que está no poder e extensos segmentos da sociedade brasileira. A oposição ao Presidente Bolsonaro a cada dia soma mais adesões e há em curso um inegável movimento para afastá-lo. Nos últimos dias esse movimento tem ganhado força com a divulgação de declarações de diversos líderes políticos e da sociedade civil. Junte-se a isso a incontrolável pandemia do Covid 19 e a debacle econômica citada anteriormente. O Governo vive um momento de vulnerabilidade. Felizmente (para ele), surgiram recentemente grupos contrários que se dizem defensores da democracia, atuando com violência, depredando patrimônio público e privado, desrespeitando símbolos nacionais, etc. O grande intelectual brasileiro Sérgio Buarque de Holanda estabeleceu a teoria do "homem cordial". Ouso dizer que os brasileiros somos acima de tudo conservadores. Se o Presidente souber explorar esse movimento assumindo para si o papel de fiador da lei e da ordem, zelador da paz social, poderá estancar, pelo menos por enquanto, a quase ostensiva orquestração do seu impedimento.