Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Tempos estranhos
Meu comentário de hoje remete-me à expressão recente do Ministro Marco Aurélio Melo em outras circunstâncias: "São tempos estranhos, muito estranhos!".
Caberia escrever sobre a pandemia Covid-19 causada pelo vírus SARS-CoV-2 e a quase certeza de uma segunda onda no planeta ("No último sábado -14/11- foram registrados 660.905 novos casos de covid-19 no mundo"), o anúncio em sequência da efetividade de diversas vacinas contra o vírus, a apreensão pelos desencontros e dilação na apuração da eleição presidencial americana, mas o assunto do momento é o resultado do pleito municipal nacional do último domingo.
O registro de 23,14% de abstenção que representa a maior em todos os tempos não surpreende, uma vez que se esperava até um índice maior, consideradas as exigências de condições sanitárias e o descrédito da atividade política por parte da maioria do povo brasileiro.
O resultado do primeiro turno da eleição fortaleceu partidos do centro no espectro ideológico, isolando os extremos num claro recado para a atividade política. Os que tentaram usar a mesma estratégia de alguns em 2018, aproveitando a onda conservadora (incluindo "Bolsonaro" no nome de urna, por exemplo) não tiveram êxito. Muitos candidatos de partidos de esquerda, camuflaram o partido excluindo da propaganda expressa, chegando mesmo a mudar a tradicional cor vermelha. Não funcionou.
Fazem-me rir aqueles que defendem a ideia de que a esquerda saiu fortalecida da eleição. Os números são frios e implacáveis. O PT, partido hegemônico desse grupamento ideológico, decresceu de 261 prefeituras para 174, cerca de 33% portanto. Não venceu nenhuma capital até o momento e colocou candidatos no segundo turno em apenas duas (Vitória e Recife), mesmo assim, ambos em segundo lugar. O PDT caiu de 334 para 304. Aqui cabe a observação de que apesar de o Ceará representar apenas 4,44% de eleitores nacionais detém 22% de prefeituras do Partido, graças à liderança dos Ferreira Gomes. Um ponto fora da curva. A perda do PCdoB foi ainda mais drástica: perdeu 51 municipios e governa apenas 31. É preciso reconhecer, no entanto, que o PSOL cresceu 100% - saiu da gestão de 2 prefeituras para 4.
Caras novas (não tão novas assim) impõem-se como substitutos dos ultrapassados e vetustos Lula, Zé Dirceu e que tais. Boulos em São Paulo e Manuela em Porto Alegre podem ser a garantia de que os radicais não morreram. Esta já havia sido candidata a Vice-Presidente na chapa Haddad e aquele há vinte anos invade propriedades privadas urbanas na capital paulista e alhures. A verdade é que o PT não deverá deter mais a hegemonia da esquerda nem a palavra de Lula será recebida como dogma dentro desse segmento ideológico.
Gostando-se ou não do Centrão (e aqui referido não como aquele conjunto de partidos que se uniram no Congresso, mas representantes do espectro político de centro), há que se reconhecer que foram fortalecidos nesse pleito. Veja-se por exemplo, o DEM. Partido que era uma verdadeira "crônica de uma morte anunciada" nos Governos do PT, renasce das cinzas feito uma fênix moderna. Além de PP e PSD para citar apenas alguns.
Que venha 2022. Os que cresceram na eleição devem buscar um nome que consiga atender aos anseios dos diversos partidos. A esquerda provavelmente indicará alguma dessas lideranças surgentes. O Presidente só pensa em reeleição, desde o primeiro dia do atual mandato. Não excluam o ex-Ministro Sergio Moro do tabuleiro eleitoral. É um nome de enorme inserção popular e já dispõe até de slogan: "Faça a coisa certa sempre!".
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