Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Até a China, doutor!
As eleições americanas têm peculiaridades únicas. Seja pela formação étnica (não há um caldeamento de raças como no Brasil), seja pelo formato federativo do país, quando "vários Estados soberanos uniram-se em torno de um pacto constitucional para fortalecerem-se", ao contrário do Brasil, um país de conformidade federativa nascido de um Estado unitário.
A Constituição primeira (e única) dos Estados Unidos, datada de 1787, estabelece no seu Artigo 2º que "cada estado mantém sua soberania, liberdade e independência, e todo poder, jurisdição e direito, que não seja por esta Confederação expressamente delegado aos Estados Unidos, no Congresso reunido". Daí se depreende que a autonomia legislativa dos Estados é infinitamente superior ali do que no Brasil, por exemplo.
A diversidade legislativa impõe realidades díspares e até mesmo controversas. Sabe-se que existem Estados que permitem a pena de morte, enquanto outros a proíbem. O uso da maconha é proibido em alguns Estados, permitido em outros com objetivos medicinais e ainda em outros para fins recreativos. Existem Estados que possuem, na sua estrutura administrativa o Senado Estadual, enquanto outros apenas Assembléias legislativas. O aborto é visto de forma diferente em Estados diversos, bem como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e assim por diante.
Não seria diferente no Sistema Eleitoral. Estabelecida a regra básica do Colégio Eleitoral (quantidade de delegados diretamente proporcional ao número de habitantes, data unificada para o limite da eleição, etc.) as demais caractísticas são construídas pelos membros da Federação.
Acabamos de acompanhar uma eleição presidencial americana. Como esclarecido acima, são 51 eleições estanques (50 Estados mais o Distrito de Columbia - Washington D.C.). Não à toa, a apuração não é tão ágil como no Brasil, quando o voto é totalmente através de urnas eletrônicas e regras únicas para todo o território nacional. Aqui, diz-se jocosamente, "às dezenove horas já se sabe quem é o Presidente, às vinte os eleitores já estão todos embriagados comemorando (vitória ou derrota) e às vinte e uma horas temos o primeiro pedido de impeachment do Presidente eleito".
Pois bem: a eleição transcorreu através de maciça votação anterior pelo correio e presencialmente no dia 03 de novembro. Bem ou mal, a apuração está sendo feita e no momento já há um Presidente eleito desenhado. Como nos Estados Unidos não há Tribunal Superior Eleitoral, a tradição é que a imprensa, através da Associated Press ("The Associated Press (AP) is an American non-profit news agency headquartered in New York City, founded in 1846"), divulgue o eventual Presidente eleito. É bem verdade que Biden só será legalmente Presidente, quando o Congresso reunir-se em 6 de janeiro e receber dos Estados a relação dos votos proferidos pelos delegados em 14 de dezembro.
A avassaladora maioria dos países do planeta já reconheceram, através de mensagens de congratulações, Joe Biden como futuro ocupante da Casa Branca. Foi assim com as maiores e quase totalidade das democracias da Europa, América do Sul em largo número, a Ásia pelos seus líderes mais preeminentes, grande parte dos países africanos etc.
O Brasil não o fez. Está partícipe do pequeno e incômodo grupo de nações que não o fizeram ainda. Independente do que se esperar do novo Presidente, e não se deve esperar muito uma vez que do ponto de vista de política externa, "troco um Republicano por um Democrata e não quero volta", mas há uma liturgia diplomática, uma tradição de civilidade entre nações. Até a China já saudou o novo Presidente. "Que diabo" estamos fazendo na companhia de Coréia do Norte, Rússia e México?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário