Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
domingo, 6 de setembro de 2020
2022 está logo ali na esquina
Políticos, cientistas políticos e jornalistas/analistas em regra são ideólogos. Mantêm um conjunto coerente de posições que identificam como progressistas ou conservadoras (identificam-se também como esquerdistas ou de centro etc). Para a maioria dos eleitores, esses termos não significam nada. Não pensam em termos ideológicos e suas posições são freqüentemente inconsistentes e sem coerência. Muitas vezes dizem-se moderados ou centristas, o que não nos revela como irão votar.
As avaliações de uma eleição para outra são não confiáveis, uma vez que o eleitorado posiciona-se não ideologicamente diante das mais diversas questões, explicando a aparente volatilidade.
Não dá portanto para creditar a vitória do Presidente Bolsonaro a uma maioria da "direita" brasileira. Provavelmente havia uma fadiga eleitoral mixada com a revolta pela incontrolável desonestidade verticalizada que se apoderou do organismo público brasileiro nos seus mais diversos níveis. Isso foi inteligentemente explorado pela equipe do candidato Bolsonaro, farejando na sociedade o desejo de mudança.
Estamos vivendo o segundo ano do Governo, com a triste constatação de que ele não entrega o que prometeu em campanha. E não estamos falando da economia. Seria estupidez cobrar caminhos muito diferentes dos que estão sendo seguidos no meio dessa pandemia, especialmente quando se sabe que esses caminhos são assemelhados aos que a quase totalidade dos países do planeta estão trilhando. Mormente no Brasil, onde há profundas desigualdades interpessoal, intersetorial e interregional.
Com a Operação Lava Jato iniciamos um processo de "passar o país a limpo". Vimos nos últimos 6 anos o inusitado acontecer. Políticos de alto coturno, executivos do mais alto escalão do serviço público e donos das maiores empresas do Brasil serem julgados, condenados e alguns até presos. Centenas de milhões de reais devolvidos aos cofres públicos. Esses acontecimentos certamente fariam com que esses segmentos e a própria sociedade brasileira encontrassem novos caminhos de fazer política e desenvolver negócios. Respirava-se ares de esperança em um país melhor, mais justo, menos desigual.
Infelizmente, O Governo do senhor Jair Bolsonaro está sendo o maior responsável pelo desmanche da Operação Lava Jato. Suas reiteradas tentativas de interferência na Polícia Federal, a pressão continuada contra o Ministro Moro para que ele pedisse demissão, a aproximação, não se sabe em que condições, com o Ministro Toffoli, a cooptação do Centrão e por último mas não menos importante, a escolha do Procurador Geral da República fora da lista tríplice, configuram bem o cenário no qual navega o Governo Bolsonaro.
Esse senhor Aras, atual PGR, foi pinçado entre aqueles que já se admitiam contrários à Lava Jato. E não perdeu tempo. Cedo começou seu trabalho. O que esperar de uma autoridade que deseja conhecer/interferir em investigações sigilosas em andamento, ignorando o Art. 127 da Constituição Federal? Some-se a isso um Supremo Tribunal Federal que através de alguns dos seus membros, tem tomado decisões as mais heterodoxas, muita vez surpreendentemente conflitantes com coisa julgada e mesmo incongruências entre julgados de um mesmo membro.
O ano de 2022 está logo ali na esquina. Até lá, substitui-se os Presidentes das duas Casas Legislativas Federais, dois Ministros do Supremo serão aposentados compulsoriamente, e teremos (a Deus querer) vencido a pandemia do Covid 19, apesar da enorme perda de vidas humanas. Não guardo esperança de muita melhora nos vindouros Presidentes da Câmara e Senado. Ainda menos na qualidade dos Ministros do Supremo a serem indicados nas vacâncias próximas. Mas a eleição geral de 2022 poderá trazer uma nova ecologia social. Poderemos ter o ex-Ministro Moro como candidato, com forte apelo popular, menos por ele - Sérgio Moro - mais pelo que representa como ideia de combate à violência, ao crime organizado e à corrupção. E fazer renascer a esperança em mais justiça social!
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