sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Queimando livros

“Você não precisa queimar livros para destruir uma cultura. Basta fazer com que as pessoas parem de ler.” — Ray Bradbury

A prática de queima de livros é um fenômeno histórico que ocorreu em diversas culturas e períodos, geralmente com o objetivo de censura, controle ideológico ou eliminação de conhecimento.

Durante a Dinastia Qin na China antiga (213 a.C.), o imperador Qin Shi Huang ordenou a queima de livros e enterrou vivos muitos estudiosos confucionistas para centralizar o poder e suprimir ideias que iam contra seu governo.

Embora não seja uma queima de livros convencional, a destruição da Biblioteca de Alexandria no Egito representou uma perda significativa de conhecimento. Houve várias destruições parciais, uma das mais conhecidas ocorreu durante um incêndio em 47 a.C., quando Júlio César sitiou a cidade.

Durante o governo do imperador cristão Teodósio I no Império Romano (século IV), muitos textos pagãos foram queimados para promover o cristianismo e suprimir outras religiões e filosofias.

No auge da Inquisição Espanhola no século XV, muitos livros considerados heréticos, principalmente textos judaicos e islâmicos, foram destruídos para suprimir outras religiões.

Tanto católicos quanto protestantes queimaram livros uns dos outros, buscando eliminar obras que promoviam visões teológicas contrárias às suas doutrinas, mormente na Reforma Protestante e Contrarreforma nos séculos XVI e XVII.

Uma das queimas de livros mais conhecidas da história moderna ocorreu na Alemanha Nazista, quando, em 1933, o regime nazista queimou milhares de livros escritos por judeus, comunistas e outros autores considerados "indesejáveis". Esse evento foi parte do esforço de Adolf Hitler para criar uma cultura de pensamento único.

Durante a Revolução Cultural na China, de 1966 a 1976 liderada por Mao Tsé-Tung, livros considerados "burgueses" ou contrários ao regime comunista foram destruídos em um esforço para promover a ideologia socialista.

O regime Talibã, ao assumir o controle do Afeganistão na década de 1990, destruiu livros e obras de arte que consideravam anti-islâmicas, numa tentativa de impor sua visão religiosa rígida.

Esses episódios históricos demonstram como a queima de livros foi frequentemente usada como uma ferramenta para o controle de informações, imposição ideológica e repressão cultural.

Em tempo: (Brasil 2024) O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, determinou que quatro obras jurídicas com conteúdo discriminatório contra mulheres e população LGBTQIA+ sejam retiradas de circulação. Os autores deverão, ainda, pagar R$ 150 mil por danos morais coletivos.

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