quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Pausas e paixões


A vida é uma jornada repleta de desafios, aprendizado e reinvenções. Ao longo dela, todos nós experimentamos momentos de profundo crescimento, mas também de cansaço diante das realidades que nos cercam.

Desafio quaisquer estudantes — não aquele "quaisquer" do Artigo 53 da Constituição ("Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos") — que tenham sido graduados mais despreparados do que eu. Mas o Universo compensa nossas limitações, e tive a sorte de uma formação inicial que foi, de muitas formas, transformadora.

O curso primário no Educandário Santa Inez, com Dona Eliza Correia, em Várzea Alegre, me deu a base. O Ginásio e o Científico nos colégios Cearense Marista em Fortaleza e Diocesano do Crato cultivaram meu hábito pela leitura, introduzindo-me a um mundo de fantasia e conhecimento. Já a Escola de Engenharia da Universidade Federal do Ceará, embora não tenha feito de mim um bom engenheiro, ensinou-me a pensar. E pensar, como aprendi, é um exercício cartesiano: racional, analítico e dedutivo. Contudo, essa racionalidade também cobra seu preço, pois tentar entender a vida com lógica pode ser doloroso, como se estivéssemos sempre à procura de respostas que insistem em escapar.

Estamos vivendo um momento particularmente difícil da vida nacional. O Brasil encontra-se profundamente dividido, e essa polarização atinge todos os espaços — no trabalho, nas universidades, e até mesmo nas famílias. Diante desse cenário, tentei conter minhas opiniões, adotando uma postura analítica. Foi assim quando estive à beira da morte durante a COVID-19, e tem sido assim agora, enquanto observo, com inquietação, os rumos que a sociedade está tomando.

A racionalidade que tanto prezo, contudo, nem sempre oferece conforto. Ela nos força a questionar, a buscar entender o incompreensível. Em tempos de tanto desgaste emocional, surge a necessidade de buscar algo que traga paz e equilíbrio.

Por isso, decidi me permitir um período sabático, afastando-me, ao menos por um tempo, das discussões políticas. Minha saúde mental e meu equilíbrio emocional pedem por essa pausa. Quem sabe, nesse intervalo, eu possa redescobrir o prazer em coisas simples, como acompanhar a trajetória do Fluminense no seu desafio de permanecer na Série A e a volta do Ceará à elite do futebol brasileiro. São momentos que podem parecer triviais, mas carregam o poder de nos reconectar com o que há de leve e genuíno na vida.

A pausa não significa abdicar da inquietação que me move, mas sim encontrar um novo ritmo para vivê-la. Afinal, como disse o poeta, não podemos simplesmente nos sentar "com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar". Devemos buscar, em meio à confusão, aquilo que nos dá sentido e nos lembra que, mesmo na racionalidade, há espaço para o descanso e esperança.

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