O gráfico acima, extraído hoje (04/11/2024) do website de apostas polymarket.com define bem os dois principais momentos da campanha democrata: a renúncia da candidatura do Presidente Joe Biden em 21 de julho e a confirmação da candidatura da Vice-Presidente Kamala Harris em 23 de agosto.
Dizer que Donald Trump "vai ganhar" é uma temeridade diante de um cenário de empate técnico, onde as pesquisas de intenção de voto para as eleições americanas de 2024 mostram uma disputa acirrada entre Trump e Kamala Harris. Mas, em tempos de incertezas e volatilidade, prefiro ser direto e preciso mesmo ao custo de estar errado, a ter que adotar um tom hesitante e politicamente correto.
Historicamente, a vitória no voto popular tem sido um desafio para os republicanos, já que os democratas venceram essa medida em sete eleições consecutivas. No entanto, apenas o colégio eleitoral define o presidente dos Estados Unidos, e, nesse sistema, os republicanos têm uma vantagem estrutural em estados estratégicos. Um dos estados que se mostra decisivo para 2024 é a Pensilvânia, com seus 19 votos eleitorais. Em 2016, Trump conseguiu virá-la para o lado republicano, rompendo a tradicional “Muralha Azul” Democrata. Já em 2020, os democratas recuperaram o estado com a ajuda do então candidato Joe Biden, nascido em Scranton, Pensilvânia. Biden conquistou o estado como um “filho nativo”, mas Kamala Harris, desta vez, não conseguiu repetir a estratégia, deixando de lado a oportunidade de fortalecer sua campanha com o popular governador do estado, Josh Shapiro, como seu companheiro de chapa, um erro que pode lhe custar a eleição.
Trump e sua equipe parecem ter percebido as reais preocupações de uma parte significativa dos eleitores americanos, e suas propostas, mesmo que polêmicas, têm ressonado com esses eleitores. Uma de suas promessas mais ousadas e concretas é a deportação em massa de imigrantes ilegais — uma medida que, para muitos americanos, soa não apenas como uma prioridade, mas também como uma solução plausível para um problema percebido como urgente. Apesar de controversa, essa promessa atrai eleitores que veem a imigração como uma ameaça ao seu modo de vida e acreditam que o atual governo democrata é responsável pelo problema e subestima a gravidade deste.
Por outro lado, Kamala Harris tem lutado para captar essas preocupações em sua plataforma. Faltou à sua campanha uma mensagem direta sobre como pretende lidar com o desafio da imigração, o que tem deixado uma lacuna que Trump preenche com promessas duras e soluções aparentemente simples. Essa diferença entre os candidatos vai além da imigração e revela o foco de cada campanha. Harris poderia ter optado por apresentar um plano mais robusto para questões centrais ao eleitorado, mas priorizou o combate ao seu oponente, deixando espaço para que Trump se comunicasse diretamente com eleitores indecisos.
Dois fatores inusitados têm influenciado a opinião pública em favor de Trump. O primeiro é o impacto inesperado do escândalo envolvendo P. Diddy. O artista, que era apoiador de Kamala Harris, viu sua popularidade desmoronar em um escândalo que desviou os holofotes dos astros de Hollywood, neutralizando o apoio das celebridades à campanha democrata.
O segundo fator é ainda mais peculiar: a morte do esquilo Peanut, que contava com mais de 800 mil seguidores nas redes sociais. Peanut foi sacrificado por agentes do “Ibama” de Nova York, estado sob controle dos democratas, o que levantou suspeitas de perseguição política ao seu tutor, um declarado eleitor republicano. A repercussão foi imediata, e Peanut acabou se tornando um símbolo inesperado da campanha de Trump. A indignação pública com a morte do esquilo criou um ponto de conexão emocional com a campanha republicana, tornando-o um símbolo de resistência contra o que foi interpretado como um abuso de poder pelos democratas.
Trump tem aproveitado o impacto desses elementos para consolidar sua campanha. Seu discurso, com uma mensagem focada e direta, ressoa com os eleitores que buscam respostas para problemas palpáveis e que valorizam um tom de segurança e ação. A Pensilvânia, em particular, surge como um dos estados decisivos, onde uma vitória pode definir o próximo presidente dos Estados Unidos. Com o histórico de estados como a Pensilvânia que alternam entre azul e vermelho, e o foco em temas que importam a esses eleitores, Trump tem uma chance sólida de vitória, mesmo que o cenário continue tecnicamente indefinido.
Esses fatores ajudam a compor a imagem de uma campanha republicana bem alinhada às prioridades e preocupações do eleitorado, enquanto a campanha democrata segue sem uma abordagem clara e contundente sobre temas que mobilizam os indecisos.