Apesar de todo o aparato paramilitar de pressão, utilização desavergonhada da máquina pública, distribuição de benesses e ameaças, o candidato à reeleição teve apenas algo em torno de 67% dos votos apurados. Pouco mais de 29% dos aptos a votar. Qual a legitimidade de um governante que é eleito com esse percentual de votos do seu povo?
Desde então, a crise do país vizinho só foi agravada. O sumiço de comidas das gôndolas dos supermercados, os constantes apagões, o caos da saúde com o desabastecimento de medicamentos, transporte, água, inflação em inimagináveis 1.000.000% (hum milhão por cento) prevista para este ano, são o retrato real da desgraça que se abateu sobre aquele povo.
Por conta desse quadro dantesco, os habitantes da Venezuela têm fugido do seu território por todos os meios e para todos os lados. É assim que, segundo a Organização Internacional das Migrações, a Venezuela tem números semelhantes aos da crise no mediterrâneo. “De acordo com porta-voz da OIM, as cerca de 40 mil pessoas por mês que deixam a Venezuela em direção à Colômbia se assemelham ao número de imigrantes que chegavam à Itália em 2015, no auge da crise de refugiados.”
O êxodo venezuelano, estimado em próximos de 2,3 milhões de pessoas desde 2014, já é razão de preocupação para toda a América Latina. A chegada maciça dessas pessoas nos países próximos, colapsando as infraestruturas locais, já começam a gerar indesejáveis surtos de xenofobia. Essa fuga incontrolável do território venezuelano, remete às fugas da Cuba de Fidel. Com a diferença substancial que Cuba é uma ilha, o governo cubano proibia a migração e sua população é muito próxima de um terço apenas (11,48 milhões de habitantes – 2016) da população venezuelana (31,57 milhões de habitantes – 2016). A Venezuela pode despejar milhões de pessoas em curtíssimo espaço de tempo nos países fronteiriços, uma vez que suas fronteiras não são fechadas.
Na edição de ontem (19/09), grande veículo de comunicação impressa do Brasil, publicou a foto abaixo:

Mas nem só de miséria vive a Venezuela. Recentemente, na volta de uma viagem à China, o presidente Maduro fez uma escala em Estambul para, segundo ele, “"Hicimos una parada en Estambul, de Beiging a Estambul casi 12 horas de vuelo", explicó. "Atendí una invitación para visitar el centro histórico de Estambul y almorzar con algunas autoridades de la ciudad". Nas fotos, amplamente divulgadas nas redes sociais, vê-se o consagrado chef Salt Bae, apoiado pelo não menos famoso cozinheiro Nusret Gökçe, servindo suculenta refeição ao governante venezuelano e sua esposa Cilia Flores, com direito ao final pitar um charuto cubano sacado de uma caixa de madeira identificada por uma placa de prata gravada com seu nome. E assim caminha a humanidade...

Atualizado em 14/12/2018
Êxodo venezuelano deve superar 5 milhões em 2019
A ONU afirmou hoje que o número de venezuelanos fugindo do desastre econômico e humanitário da ditadura de Nicolás Maduro deve chegar a 5,3 milhões até o fim de 2019.
Se confirmado esse número, registra a Folha, será o maior êxodo na história moderna latino-americana.
Cerca de metade desse total de refugiados deve optar pela Colômbia; outros devem rumar para Equador, Peru e outros países do Cone Sul, incluindo o Brasil.
Segundo Eduardo Stein, representante especial do Alto Comissariado da ONU, hoje cerca de 5.000 venezuelanos fogem do país todo dia. Em agosto deste ano, houve um pico de 13 mil fugas diárias.
“A região terá de responder a uma emergência que em algumas áreas foi quase semelhante a um grande terremoto”, disse Stein.
Estima-se que, desde 2015, 3,3 milhões de pessoas tenham fugido da catástrofe chavista.
Atualizado em 29/07/2019
Mujica, sobre a Venezuela: “É uma ditadura, sim, nada além de uma ditadura”
Com atraso de alguns anos, José Pepe Mujica, o velhinho amado pela esquerda latino-americana, finalmente reconheceu que o regime de Nicolás Maduro na Venezuela é uma ditadura.
“É uma ditadura, sim, nada além de uma ditadura”, afirmou o ex-presidente do Uruguai ao sair de uma reunião do Movimento de Participação Popular (MPP), grupo que integra a Frente Ampla, coalizão de esquerda que governa o país desde 2005.
Logo em seguida, Mujica citou outras ditaduras. “Mas há também ditadura na Arábia Saudita, com um rei absoluto. Há ditadura na Malásia, onde matam 25 pessoas por dia. E na República Popular da China, o que me dizem?”, perguntou.
Em maio, Mujica foi criticado por um comentário feito sobre a repressão das Forças Armadas chavistas aos manifestantes que pediam a saída de Maduro do poder. Na ocasião, o uruguaio disse que as pessoas “não deveriam ficar na frente dos blindados”.
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