
Estamos a vinte e quatro horas da decisão da escolha do próximo presidente do país, em meio a uma campanha tisnada por ampla divulgação de notícias falsas (as ditas fake news), e uma preocupante e profunda divisão do tecido social brasileiro.
O candidato da esquerda, em cristalina desvantagem nas pesquisas de opinião, aposta em qualquer fato novo que o reconduza à disputa. A última “bala de prata”, depois de várias tentativas infrutíferas, é a volta do terceiro colocado no primeiro turno, o candidato Ciro Gomes.
A depender de Lula e de grande parte do PT, Ciro jamais será candidato apoiado por eles. Temem dele o talento verbal e o incontestável conhecimento do país. Não se faz três campanhas para presidente (percorrendo o Brasil), não se é deputado, governador, ministro, sem que se acumule um largo portfólio dos problemas da nação. Mas mais do que isso, Lula e o PT temem a perda do protagonismo político. Preferem perder com um "poste", a ganhar com Ciro.
Essa foi sempre a ecologia reinante no PT. É a busca da hegemonia. Estou absolutamente convencido de que Luís Inácio jamais teve um projeto político de longo prazo para o país. Sequer para o PT ou para a esquerda. Seu projeto político é absolutamente pessoal.
Hoje ouvi de um amigo, eleitor de Ciro: "por que eles agora estão desesperadamente em busca do apoio de Ciro? Por que Ciro deveria fazer campanha para que o PT perca por menos? Ele já foi enganado demais pelo Lula. Perseguido até. Agora apelam à responsabilidade democrática e ao amor ao país de Ciro Gomes."
Com efeito, trabalhar pelo candidato do PT, para eventuais projetos futuros do ex-governador cearense, é um tiro no pé. A Folha de São Paulo publica hoje declaração do ex-presidente, dizendo que "resultado apertado mudará o patamar da oposição". Mais do que o gesto de "jogar a toalha", o líder maior do PT dá o mote para sua militância: vamos encurtar a vitória dele, vamos infernizar o governo dele (como só o PT sabe fazer) e estaremos de volta em 2022.
Não há outra leitura possível. Mas quero concluir essas divagações despretensiosas, com a brilhante metáfora do jornalista Josias de Sousa no seu Blog no último dia 10 de outubro:
"O PT chega ao segundo turno da eleição presidencial um pouco como o personagem da anedota, que mata pai e mãe e, no dia do julgamento, pede misericórdia com um pobre órfão. O PT quer a compreensão de todos para formar uma “frente democrática” de combate a Bolsonaro, personagem que o partido mesmo ajudou a criar com suas cleptogestões e seus pendores hegemônicos. A diferença entre o PT e o ''órfão'' da piada é que o PT deseja que o perdoem sem pedir perdão... "
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Atualizado em 27/10/2018 às 16:57h
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