sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O Ministro radical de Bolsonaro


"Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), também conhecido como Itamaraty, é um órgão do Poder Executivo, responsável pelo assessoramento do Presidente da República na formulação, no desempenho e no acompanhamento das relações do Brasil com outros países e organismos internacionais. A atuação do Itamaraty cobre as vertentes política, comercial, econômica, financeira, cultural e consular das relações externas, áreas nas quais exerce as tarefas clássicas da diplomacia: representar, informar e negociar."
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_das_Rela%C3%A7%C3%B5es_Exteriores_(Brasil)


Amigo telefona-me para me pedir opinião sobre a escolha do Ministro das Relações Exteriores pelo Presidente eleito Jair Bolsonaro. Antes que eu desse minha opinião, pergunta-me se não o acho um arrivista. Não, não o considero um carreirista, um oportunista.

Nunca havia ouvido falar no diplomata Ernesto Araújo. Logo depois do seu anúncio, cuidei em pesquisar o que ele tinha escrito, as linhas mestras do seu pensamento. E deparei-me com seu Blog - https://www.metapoliticabrasil.com/. Li quase todos os textos postados. Considero-o um ativista de ultradireita, messiânico (com o perdão do trocadilho), que livre e sem temor expõe suas convicções. Se a avaliação não me trair, creio que o Presidente terá que monitorar de perto a atuação do Itamaraty, e imagino que não seria tão "doloroso" para ele ter que excluir de sua equipe o chefe da diplomacia brasileira ao longo do seu mandato, ao contrário da exclusão de um Sérgio Moro ou de um Paulo Guedes.

Consta que o escolhido atingiu a lupa do novo governo através de indicação de Olavo de Carvalho. Este eclético e controvertido brasileiro, morador há quase 14 anos do estado norte-americano de Virgínia, é escritor, conferencista, ensaísta, jornalista e filósofo autodidata, ex astrólogo, ex militante comunista ( membro do Partido Comunista Brasileiro de 1966 a 1968) e considerado o pai da nova direita brasileira.

A partir dos seus escritos, pode-se imaginar qual direção o futuro Ministro dará à política externa brasileira.

Sobre si mesmo, Ernesto define-se como alguém que quer ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anticristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história.

Sobre o PT, no seu artigo "Eu vim de graça" (20 de outubro), escreve:

Não há nada que o PT odeie tanto quanto a liberdade: liberdade econômica, liberdade de pensamento, liberdade de expressão. Isso porque o PT, fiel ao “belo ideal socialista”, odeia o ser humano. Deixado a si mesmo, o ser humano cria e produz, ama e constrói, trabalha e confia, realiza-se e projeta-se para a frente. Então não pode. O PT (que aqui significa não apenas “Partido dos Trabalhadores”, mas também Projeto Totalitário ou Programa da Tirania) não pode deixar o ser humano a si mesmo.

Sobre política externa, escreveu no texto "Querer grandeza" (3 de novembro):

Justiça social, direitos das minorias, tolerância, diversidade nas mãos da esquerda são apenas aparelhos verbais destinados a desligar a energia psíquica saudável do ser humano.
A aplicação dessa ideologia à diplomacia produz a obsessão em seguir os “regimes internacionais”. Produz uma política externa onde não há amor à pátria mas apenas apego à “ordem internacional baseada em regras”. A esquerda globalista quer um bando de nações apáticas e domesticadas, e dentro de cada nação um bando de gente repetindo mecanicamente o jargão dos direitos e da justiça, formando assim um mundo onde nem as pessoas nem os povos sejam capazes de pensar ou agir por conta própria.


Sobre a esquerda, no artigo "A esquerda: de Robespierre ao PT" (29 de setembro):

O líder do regime revolucionário, Robespierre, afirmou em um discurso em 1794: “A alavanca do governo popular na revolução é, ao mesmo tempo, a virtude e o terror (...) O terror não é outra coisa senão a justiça rápida, severa, inflexível. O terror é, portanto, uma emanação da virtude (...), uma consequência do princípio geral da democracia.”
Observa-se que, na época, os líderes esquerdistas eram um pouco mais sinceros do que hoje. Violência era, admitidamente, parte integrante do programa. Mas você acha que esse pensamento desapareceu? Veja então o principal teórico marxista da atualidade, Slavoj Zizek, que tem um livro intitulado justamente Virtude e Terror, onde lamenta que a esquerda tenha-se tornado muito frouxa e recomenda a volta ao bom e velho terror de Robespierre como instrumento de libertação das massas.
A virtude pelo terror, o terror em nome da virtude, esse tornou-se o programa da esquerda ao longo do tempo.


Sobre virtudes em "Virtudes e virtudes" de 4 de outubro:

Há virtudes positivas e negativas. Precisamos das duas, mas as positivas são fundamentais, as negativas vêm depois, para regulá-las. Virtudes positivas são o amor, a vontade, a ambição, o desejo, o orgulho, a coragem, o espírito de luta, a determinação, a fé, a esperança, a caridade (que significa amor) e tantas outras. Virtudes negativas, ou regulatórias para chamá-las assim, são a tolerância, a prudência, a temperança, a moderação, a humildade, a serenidade, a concórdia. As positivas concebem e erguem o edifício, as negativas o administram e mantêm. As positivas afirmam, as negativas evitam que as primeiras se percam no excesso e desmesura, na obsessão ou na temeridade. A prudência regula a coragem, a humildade regula o orgulho, e assim por diante.

Sobre o aborto em "Falando de valores" de 8 de outubro:

Veja-se por exemplo a questão do aborto nos Estados Unidos. Ao contrário do que normalmente se diz, o aborto lá nunca foi legalizado em sentido estrito, isto é, a permissão de abortar nunca foi objeto de uma lei devidamente aprovada no Congresso. O "direito" ao aborto nos EUA decorre de uma decisão da Suprema Corte. Trata-se da decisão no caso Roe vs. Wade, de 1973, onde Roe é o nome fictício de Norma McCorvey, uma mulher que entrou na justiça pelo direito de abortar, conseguiu-o graças à sua vitória naquele caso, mas anos depois se arrependeu, converteu-se ao cristianismo evangélico, mais tarde ao catolicismo, e tornou-se uma militante antiaborto – tal como descrito em seu livro autobiográfico Won by Love, de 1998.

Sobre Religião, sugiro que leiam "Antes da batalha" de 27 de outubro (https://www.metapoliticabrasil.com/blog/antes-da-batalha). Óbvio que aqui ele remete o texto à eleição no segundo turno. Provavelmente desejo de bons augúrios ao seu candidato preferido.

Essa é a essência do pensamento do futuro Ministro das Relações Exteriores, em pequenos trechos de artigos escritos no seu Blog pessoal. Faça você mesmo seu julgamento.



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Atualizado em 16/11 às 9:57h

A indicação do diplomata Ernesto Araújo para dirigir o MRE, assemelha-se à uma dosagem excessiva de quimioterapia para tratar o câncer da politização do Itamaraty, e fazer acontecer o "momento de redirecionamento da política externa brasileira como parte do momento de regeneração que o Brasil vive hoje".

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