Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
quinta-feira, 10 de julho de 2025
"A guerra comercial pode parecer justa, mas raramente é inteligente"
Em 2024, os Estados Unidos exportaram cerca de US$ 49,7 bilhões em bens para o Brasil, enquanto o Brasil exportou US$ 40,9 bilhões para os EUA. Isso gerou um superávit de quase US$ 8,8 bilhões para os americanos na balança bilateral. No plano global, os EUA enfrentaram um déficit comercial de US$ 1,3 trilhão, mostrando que o comércio com o Brasil é apenas uma pequena fatia de sua realidade econômica — cerca de 2% das exportações totais americanas.
Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de produtos brasileiros, atrás apenas da China. As exportações brasileiras aos EUA envolvem commodities essenciais e manufaturados sensíveis, como Soja, carnes e etanol (agronegócio), minério de ferro (mineração) e aeronaves e autopeças (indústria). Qualquer tarifa pesada sobre essas categorias comprometeria setores estratégicos da economia nacional, gerando queda nas exportações, demissões e perda de divisas.
Ao contrário dos EUA, que contam com dezenas de parceiros comerciais alternativos, o Brasil teria dificuldade para realocar rapidamente seus produtos. A China, embora grande parceira, não absorveria todo o excedente, e mercados como Oriente Médio e Europa possuem barreiras sanitárias, logísticas ou comerciais.
Se o Brasil optasse por retaliar com tarifas sobre os US$ 49,7 bilhões em produtos americanos, o impacto recairia sobre a própria população brasileira. Importamos dos EUA, maquinário, produtos químicos e farmacêuticos e trigo e combustíveis refinados entre outros. A elevação de tarifas nesses itens pressionaria a inflação e aumentaria os custos da indústria nacional, causando um abalo irrelevante à economia americana.
Para os americanos, perder o mercado brasileiro seria um pequeno incômodo. Têm outros compradores para quase todos os produtos. Possuem um mercado interno gigantesco, com US$ 28,78 trilhões em PIB. São menos dependentes do comércio exterior que o Brasil. Ou seja, os EUA podem recuar de uma guerra comercial com danos marginais. O Brasil, não.
Entrar em uma guerra tarifária com os EUA seria como atirar no próprio pé. Em um cenário de confronto tarifário com os EUA, o Brasil seria de longe a parte mais prejudicada. Mais do que orgulho nacionalista, o momento exige humildade perante os fatos e um profundo esforço de diplomacia comercial, descartando eventuais ganhos políticos com o consequente sacrifício da população brasileira.
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