segunda-feira, 26 de junho de 2023

A Inteligência Artificial oferece riscos à humanidade?




Muitos cientistas e pesquisadores na área de tecnologia da informação estão preocupados com a velocidade com que os recentíssimos sistemas de Inteligência Artificial têm se desenvolvido. O temor é que esses algoritmos atinjam um ponto de autoaperfeiçoamento tal que ameace nossa capacidade de controlá-los, representando um grande risco potencial para a humanidade.

Nos últimos dias, cerca de 28.000 executivos de empresas e estudiosos da área (Steve Wozniak e Elon Musk, entre outros) assinaram uma carta aberta escrita pelo Future of Life Institute ("o Future of Life Institute – FLI, é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo reduzir os riscos globais catastróficos e existenciais que a humanidade enfrenta, especialmente o risco existencial da inteligência artificial avançada"). O texto pede uma pausa de seis meses ou uma moratória na pesquisa de novos avanços no desenvolvimento de IA.

Imagina-se que essa rápida aceleração pode resultar em uma “inteligência geral artificial” (AGI) e quando isso acontecer, a IA será capaz de aprimorar -se dispensando a intervenção humana.

Esses sistemas de Inteligência Artificial têm seus primórdios em fevereiro de 1996, quando o computador Deep Blue da IBM venceu o campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, tido por muitos como o maior enxadrista de todos os tempos. Essa foi a inédita marca da superioridade de uma inteligência artificial sobre um humano. A partir daí e com um público intrigado com as possibilidades potenciais, seguiram-se as pesquisas de sorte que hoje as máquinas já superam os seres humanos em várias atividades.

São robôs aspiradores de pó, que limpam a casa mais rápido e melhor do que um humano com uma vassoura, "smart refrigerators" que controlam sua própria temperatura, além de fazer controle do estoque de alimentos ali armazenados, etc. E o que dizer da Alexa da Amazon, que liga e apaga luzes, liga e desliga o ar-condicionado, faz compras online, toca a música do seu cantor ou estilo preferido, tudo sob o comando de voz. Na medicina já fazem diagnósticos com precisão surpreendente. Consideram o prontuário do paciente, sintomas e resultados dos exames para indicar o tratamento mais adequado. Alguns desses aplicativos são capazes de apontar efeitos colaterais e riscos do tratamento. Alguns algoritmos controlam robôs que realizam cirurgias comandadas por um cirurgião à distância. Recentemente deparei-me nessa minha estadia em Los Angeles, na Ocean Avenue em Santa Mônica, com um veículo sem motorista trafegando nessa movimentada e principal artéria da cidade.

A preocupação dos estudiosos faz sentido quando se sabe que ainda em 2017 a IBM lançou o Deepmind e "apresentou o AlphaZero, uma nova IA que ao ser alimentada com as regras básicas do xadrez, levou apenas três horas para superar o nível humano, jogando e aprendendo consigo mesma. Para medir o desempenho do sistema especialista, não fazia mais sentido colocá-lo para enfrentar humanos, logo a atenção voltou-se para os melhores softwares jogadores: o adversário no xadrez foi o Stockfish, considerado impossível de ser derrotado por um humano. O AlphaZero venceu 155 de mil partidas contra a versão TCET 2016 do Stockfish, perdeu apenas seis e empatou as restantes".

Uma equipe de pesquisadores da Microsoft ao testar o GPT-4 (que dentre os "chatbots" disponíveis, creio ser o mais completo), ele teve um desempenho melhor do que 90% dos participantes dos humanos no Uniform Bar Exam, um teste padronizado usado para certificar advogados para a prática nos Estados Unidos (semelhante ao Exame da Ordem dos Advogados do Brasil).

Filósofos e cientistas têm estudado de há muito a possibilidade, agora concreta, de que uma vez que a IA possa desenvolver-se a si mesma, não saberemos como controlá-la. O raciocínio é simples: qualquer que seja o sistema que pensemos para nos proteger será antecipado pela IA quando ela atingir o status de superinteligente. Qualquer defesa que construirmos será desfeita porque o que quer que pensemos ela poderá ter pensado milhões de vezes mais rapidamente.

Assim caminha a humanidade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário