sexta-feira, 15 de abril de 2022

Virgilio Távora, um homem não convencional




Nos tempos atuais, em que agremiações políticas executam uma perversão operesca das boas intenções, onde os fins justificam os meios, vem-me à memória a figura ímpar de Virgílio Távora, a antítese de tudo que vemos agora.

Recentemente, num encontro informal de políticos aposentados, um dos mais novos e que não tivera o privilégio de privar da companhia de VT em nenhum momento, perguntou porque depois de trinta anos da morte desse personagem, ainda se falava tanto nele. A questão foi prontamente respondida por um dos mais experientes do convescote: "porque era honesto e cumpridor de compromisso".

A sentença acima define talvez a faceta mais preeminente e valiosa para a atividade política, mormente nos dias atuais, tão carentes dessas virtudes. Mas não define a amplitude da alma de VT. O VT obstinado por mudar a economia do Ceará - "uma economia baseada no binômio boi/algodão é anacrônica, e não nos levará a lugar algum" - ou mais recentemente seu esforço para a industrialização e o fortalecimento do segmento de serviços no nosso estado. Menos ainda o VT na intimidade, marido dedicado, pai amoroso e avô bobo como todos os avós, alem de amigo incondicional. Portanto, Virgílio Távora era realmente um político honesto e escravo da sua palavra empenhada, mas era muito mais que isso.

O jornalista Jorge Henrique Cartaxo, numa magistral entrevista concedida pelo Senador Virgílio Távora já próximo ao seu falecimento, classifica-o como "o homem público mais completo que o Ceará produziu neste século", referindo-se ao século XX.

Quando leio o poema de Fernando Pessoa "O Guardador de Rebanhos" (pelo heterônimo Alberto Caieiro), lembro de Virgílio. Ou seria, ao contrário, quando lembro de Virgílio, remeto-me às estrofes sobre o rio Tejo, de "O Guardador de Rebanhos"?

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

Sim, porque Virgílio sabia que o Brasil era um "mais belo rio" que muito precisava da sua inteligência e dedicação, mas não esquecia do "rio que corria na sua aldeia", o seu querido Ceará, e achava-o mais belo porque este mais necessitava dele.

Virgilio foi um intransigente defensor da liberdade, lato sensu. Que o digam aqueles que ele pôde proteger ou minorar o sofrimento durante a chamada Revolução de 1964. A liberdade pressupõe, sobretudo, bom senso e honestidade intelectual. E Virgílio tinha isso. É nesse segmento que entendo os cearenses ainda não fizeram justiça a VT. É certo que existem centenas, talvez milhares de equipamentos públicos nominados como Virgilio de Moraes Fernandes Tavora. Mas o nome impresso no mármore frio ou calcado no bronze, não perpetuam a história de um indivíduo.

O ser humano tem a insuperável inclinação para ser um atleta olímpico do genocídio aos seus membros de sucesso. Prncipalmente nas áreas intelectual e política. Os cearenses devem a Virgílio Távora um memorial, que registre para os pósteros todas as lutas capitaneadas por esse extraordinário ser humano, em prol do povo do seu estado e do Brasil.

Pt, saudacoes!

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