domingo, 4 de abril de 2021

O Reino Unido e o Covid 19




Em 19 de janeiro de 2021 morreram 1359 pessoas no Reino Unido, infectadas pelo Covid 19. Foi o pior dia desde o início da pandemia. No dia 25 do mesmo mês (janeiro/2021), o Primeiro Ministro britânico Boris Johnson, em rede nacional de televisão, anunciou que haviam atingido 100.000 mortes pelo vírus, fazendo um apelo à união nacional. O Reino Unido era então o primeiro na Europa e o quinto no planeta a ultrapassar a simbólica marca de 100,000 mortos, vindo depois dos Estados Unidos, Brasil, India e México.

No início de janeiro, mesmo antes do dia 19, o Sr. Johnson também em rede nacional de televisão, afirmou: "Com o país inteiro já sob medidas extremas, está claro que precisamos fazer mais, juntos, para manter essa variante sob controle enquanto nossas vacinas são distribuídas. Nós precisamos fazer um lockdown nacional que seja duro o suficiente para conter essa variante". Referia-se a uma nova variante do vírus, surgida no sudeste da Inglaterra, cerca de 70% mais contagiosa. Consolidou então o terceiro e muito mais restritivo lockdown em todo território do Reino Unido.

A reputação da Grã-Bretanha para lidar com a epidemia de coronavírus teve um tratamento severo por parte da mídia. A imprensa mundial já há muito era amarga com os britânicos sobre a ineficiente luta (até janeiro de 2021) contra o Covid 19. Ainda em maio de 2020, pinçamos:

Do jornal alemão Die Zeit: “Na Grã-Bretanha, a infecção se espalhou sem controle por mais tempo do que deveria."
Na Itália, o Corriere della Sera apontou: “Na noite passada, em um discurso televisionado para a nação, Boris Johnson anunciou o progressivo - mas ainda lento e gradual - relaxamento do 'lockdown': a mensagem do governo vai de 'fique em casa' para 'fique alerta'. No entanto, as outras regiões do país não concordam: Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte continuarão a pedir aos seus cidadãos que não saiam de casa."
O jornal espanhol El País noticiou que a estratégia do governo do Reino Unido gerou confusão e raiva entre cidadãos, empresários e autônomos.
Em um editorial, o Le Monde, o principal diário francês, afirmava que o Reino Unido registrava os piores índices de mortalidade na Europa e acrescentou: "Apesar da pior mortalidade da Europa, provavelmente entrada tarde demais no confinamento e uma flagrante falta de preparação, os britânicos até agora apoiaram Johnson."
O jornal holandês de Volkskrant registrou: “De acordo com muitos, testar, testar, testar é o lema. Isso dificilmente acontecia no Reino Unido há semanas, perdendo-se de vista a propagação do vírus. Essa lacuna mostra que os britânicos não estavam suficientemente preparados para a pandemia, apesar da presença de especialistas nessa área. O país está se recuperando nas últimas semanas. Muito do mal já foi feito.”

Seguiram-se noticiários negativos durante todo o ano de 2020 culminando com o anúncio das 100.000 mortes em janeiro do corrente ano. A partir daí, e na vanguarda dos países com mais mortes por hum milhão de habitantes, o Governo Johnson resolveu apostar em duas vertentes para dominar a pandemia: 1. um lockdown muito mais duro do que as já medidas extremas existentes; 2. vacinacão em massa ("Até o dia 15 de abril o Reino Unido pretende ter dado uma dose de vacina para toda a sua população com mais de 50 anos de idade. A meta é vacinar todos os adultos até 31 de julho.")

A estratégia teve um resultado de enorme sucesso. Em pouco mais de dois meses, saíram de 1329 mortes em 19 de janeiro para apenas 10 (isso mesmo, uma dezena) no dia 3 de abril último. Brevemente o Reino Unido deixará a incômoda posição abaixo:

Número de mortes por hum milhão de habitantes:

Reino Unido ......................... 1906
Italia ..................................... 1838
Estados Unidos ................... 1689
Portugal .............................. 1654
Espanha .............................. 1607
Mexico ................................ 1593
Brasil .................................. 1541
França ................................. 1439
Suécia ................................. 1400
Argentina ............................ 1244
Alemanha ............................ 926
Russia .................................. 680

Diz-se que De Gaulle chamava o fato de Sua Excelència ou como diriam os espanhóis, "hechos son los hechos". O aqui descrito são fatos, são verdades que não podem ser transformadas. Resta aos países que continuam sofrendo com a pandemia, sorverem a experiência britânica.

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