Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
quarta-feira, 24 de março de 2021
O mundo nunca mais será o mesmo, a vida nunca mais será a mesma!
Independente de você ter ou não vivido a experiência que em algum momento chamei de "visita à fronteira da morte" durante a doença, essa pandemia terá o condão de fazer com que repensemos o sentido da vida.
Nada como uma pandemia planetária para nos fazer parar para refletir sobre o propósito da nossa vida. Nesse sentido, embora essa crise tenha como que tirado nosso mundo do seu eixo fazendo-nos sentir sem chão e desequilibrados, nem tudo é de todo ruim. Muito ruim, sim. Mas há algo de pedagógico, de construtivo nesse pesadelo.
Nos mais de 15 dias em que estive na UTI de um hospital, sempre consciente, muitos e variados pensamentos foram elaborados pela minha mente. As dores e alegrias de uma vida inteira como descritas no meu livro "...E a vida aconteceu! Fase1" - onde registro "para os pósteros, excertos de uma vida extremamente rica em emoções, ainda que pobre em realizações."
Lembrou-me vagamente um clássico existencialista de Albert Camus, A Peste, que li há algumas décadas e preciso urgentemente voltar a ler. "Um cenário muito semelhante está se desenrolando agora. Camus estava tentando descrever como os seres humanos respondem e vivem com uma sentença de morte completamente absurda - a morte fazendo parte do ciclo da vida. Talvez ele também estivesse tentando mostrar o quão pouco é necessário para uma sociedade desmoronar? Em 1947 (data de publicação do romance de Camus), recebemos um forte lembrete da imprevisibilidade da vida, bem como a preocupação com a evolução da humanidade."
A questão que se coloca agora, para alguns de forma silente para outros como uma explosão, quais serão as consequências da pandemia provocada pelo SARS-CoV-2. Passada a crise, vamos querer voltar ao normal? Ou o COVID-19 está fornecendo-nos uma inigualável experiência de aprendizado?
Considerado o esforço empregado pelas mentes mais brilhantes na área da ciência farmacológica na busca da cura para o vírus, cedo ou tarde essa cura será encontrada. O que não pode ser esquecido é que a ameaça de doenças infecciosas não desaparece. No momento em que vivemos esse sobressalto, essa ainda incompreensão do cenário por completo, nossa resposta a essa pandemia terá um efeito enorme sobre os dias que haverão de vir para a humanidade. O coronavírus revelou de forma dramática, selvagem mesmo, as disfunções políticas, econômicas e sociais existentes entre países, setores da economia e principalmente entre pessoas. Destacou a crise de liderança que empobrece as nações. É um convite para pensar, em nível mundial, em mudanças radicais na economia, no papel dos dirigentes públicos no cotidiano dos indivíduos e principalmente em nosso comportamento social, na forma como nos relacionamos com os semelhantes.
Ainda que a meu juízo o sofrimento seja uma consequência inevitável da vida e que todos sofremos a partir daquele rito de passagem inicial e traumático chamado nascimento, é possível que os horrores dessa doença universal ensine-nos a compartilhar compaixão e empatia pelos seres humanos. Mesmo o nosso próprio sofrimento seja melhor suportado usando mecanismos de enfrentamento para viver, mormente se tivermos a sorte de ter uma vida longa, quando acumulamos cicatrizes e hematomas emocionais e físicos.
De uma coisa tenhamos todos uma certeza: o mundo nunca mais será o mesmo, a vida nunca mais será a mesma!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário