
Não há nenhuma surpresa com relação ao comportamento do PT e do Centrão diante dos desafios contemporâneos do Brasil. Com efeito:
O PT expulsou os deputados Beth Mendes, José Eudes e Ayrton Soares porque votaram em Tancredo Neves (contra Paulo Maluf) no Colégio Eleitoral na eleição pela redemocratização.
O PT não assinou a Constituição Cidadã, que enterrou de vez o Regime Militar.
Luiza Erundina foi expulsa pelo PT por ter aceitado participar como Ministra do Governo de união nacional de Itamar Franco, após o processo de impeachment do Presidente Collor.
O Plano Real, esforço do Governo Itamar e da sociedade brasileira para vencer o câncer da inflação continuada que tanto sacrificou o país e seu povo, o PT condenou virulentamente o projeto.
O PT foi frontalmente contra a Lei de Responsabilidade Fiscal do Governo Fernando Henrique, reconhecida internacionalmente como um marco para a administração pública.
Até a privatização das telecomunicações, a linha telefônica era considerada como um patrimônio, inclusive sendo obrigatória sua declaração no Imposto de Renda. Vendia-se linhas telefônicas em prestações mensais e em algumas cidades era impossível conseguir instalar um telefone com menos de três ou quatro anos. O PT fez uma guerra de guerrilha contra a privatização. A julgar pela facilidade atual da comunicação, não há dúvida de quem tinha razão.
Por que a surpresa agora pela postura do Partido diante dos desafios que o país enfrenta, trabalhando contra a reorganização da estrutura governamental, fazendo campanha contra a necessária e urgente refoma da previdência?
E O Centrão? Ah, o Centrão... Afinal, o que é o Centrão? A depender do período a ser analisado, o Centrão tanto pode ser um aglomerado de Deputados de múltiplos partidos (geralmente tendo parte do PMDB como carro-chefe) como "um consórcio de pequenos partidos unidos por ideologia nenhuma". Nessa formatação, o Centrão também pode ser entendido como um bloco parlamentar do “baixo clero”.
O Centrão é mestre em ocupar espaços políticos em qualquer governo, sempre com o mantra do "toma lá dá cá" ou do "é dando que se recebe". Infelizmente, no modelo de presidencialismo dito de coalisão, os diversos governos ficaram reféns desse grupo. Desde o Governo Sarney (sim, desde o primeiro governo da redemocratização), esse grupo, nos seus diversos formatos, teve preferência pelo setor elétrico, pela Petrobrás e pelo Ministério dos Transportes, entre outros. Chegou a eleger aquele Presidente da Câmara (Severino Cavalcanti) que renunciou ao mandato que ocupava para escapar de um processo de cassação. Aquele mesmo que queria a diretoria da Petrobrás, não qualquer uma mas "aquela que fura poço".
Consta que em grande parte do tempo o Centrão foi coordenado pelo Deputado Eduardo Cunha. Esse aglomerado, no entanto, independe de coordenação. A sua formação é quase automática, amalgamada por interesses geralmente de ordem pessoal. Já foram definidos por Lula como os "300 picaretas" ou como "a metade que é capaz de tudo", na frase creditada a Delfim Neto de que o Congresso é formado por uma metade incapaz e a outra, capaz de tudo.
Ora, se a esse grupo é negada a possibilidade de "meter a mão no dinheiro", espere-se uma reação violenta, virulenta mesmo ao Governo. Que ao que parece é o que está acontecendo no momento.
Para a grande mídia (as redes globo, as editoras abril e as folha de são paulo da vida), todos sabemos o remédio. Não há necessidade de nos alongarmos.
E o Supremo com suas decisões exdrúxulas? "Deusulive" de fazer qualquer comentário. Não desejo receber a visita de comandos da Polícia Federal!