sexta-feira, 29 de março de 2019

Semana sinistra!




Esta semana, definitivamente, não foi generosa com o Partido dos Trabalhadores. Foram violentamente atingidas duas das mais representativas figuras do seu comando.

Fernando Pimentel vira réu por tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Fernando Pimentel virou réu por lavagem de dinheiro e tráfico de influência em uma das quatro denúncias contra o petista no âmbito da Operação Acrônimo.
O ex-governador de Minas Gerais e ex-ministro de Dilma Rousseff é acusado, entre outras coisas, de não declarar recursos usados na campanha de 2014

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Haddad é condenado por impulsionar “Fake News” contra Bolsonaro na campanha
O petista Fernando Haddad, candidato a presidente derrotado nas eleições de 2018, terá que pagar R$ 176,5 mil em multa por promover uma campanha negativa contra Bolsonaro na campanha eleitoral. A decisão, de Edson Fachin do TSE, deixa claro que impulsionar conteúdo negativo sobre o candidato adversário é ilegal.

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Deve ter alguma coisa errada com essa última notícia. Às vésperas do segundo turno da eleição de 2018, a grande mídia deu ampla divulgação à denúncia do então candidato Haddad (veja abaixo) de uma suposta organização criminosa a serviço do candidato do PSL, divulgando fake news online. Mesmo concluída a eleição, vários preeminentes membros do Partido derrotado vieram a público para dizer que o Presidente era ilegítimo por ter sido eleito por fake news. E agora, como ficamos?

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Na sua edição desta quinta-feira (18 out 2018), o jornal Folha de S. Paulo revela que empresários têm bancado a compra de distribuição de mensagens de fake news contra o PT por Whatsapp, em uma prática que se chama pacote de disparos em massa de mensagens, e estariam preparando uma operação para a próxima semana, antes do segundo turno.

O Globo, em 18 de outubro de 2018, traz em manchete:
Haddad acusa Bolsonaro de criar 'organização criminosa' para espalhar fake news. O candidato do PT,Fernando Haddad , acusou o seu adversário, Jair Bolsonaro(PSL), de ter criado uma organização criminosa para distribuir mensagens falsas de WhatsApp contra o PT.

quinta-feira, 28 de março de 2019

A articulação e a velha política.




Vamos ser honestos! Você pode até não concordar com nada que esse Paulo Guedes defende, mas há de reconhecer que o cara é preparado, sabe do que está falando, defende com convicção e é extremamente didático na explanação dos seus projetos. Vale a pena assistir à participação dele, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Cá para nós: "tá" me dando uma preguiça danada essa discussão interminável da falta de articulação política do Governo. Já está absolutamente claro que o Governo não está disposto a estabelecer uma "articulação" como desejável pelo Parlamento. Enquanto isso, as Reformas prometidas na campanha eleitoral encontram-se paralisadas no Congresso. Por que os Deputados não tramitam as Mensagens? Rejeitem, se desejarem. Excluam pontos com os quais não concordam. Reescrevam, através de um substitutivo, mas votem!

Revisitando o que escrevi ontem: "Para despertar o espírito público e o ardor cívico dos congressistas, distribuam os cargos (não qualquer um, mas "aquele que fura poço" ) e liberem os recursos das emendas. Para a grande mídia, todos os brasileiros sabemos do que precisa. E aí o mundo terá paz novamente..."


Atualizado em 11/04/2019

terça-feira, 26 de março de 2019

A paz voltará a reinar...




Não por coincidência, os editorias de hoje dos três maiores (e quase únicos) jornais de circulação nacional, pintam horrores sobre os 85 dias do Governo Bolsonaro. A Folha diz que "inquietante é perceber a indigência das ideias da trupe bolsonarista para substituir os métodos e vícios do presidencialismo nacional". O Estadão, num editorial arrasador intitulado “Procura-se um presidente”, afirma: "Parece acreditar que, simbolizando a redenção do Brasil depois do flagelo lulopetista, todas as suas vontades serão convertidas em lei pelo Congresso, sem necessidade de negociação. Incorre, assim, numa arrogância sem limites." O jornal da família Marinho, agressivamente estabelece que "Não se tem notícia de um presidente como Jair Bolsonaro, que tenha demorado tanto tempo para descer do palanque. Vitorioso numa campanha em que se valeu muito das redes sociais, território adequado a mensagens curtas, quase sempre agressivas, e de pouca reflexão, o presidente demonstra dificuldades em mudar o tom e passar a governar, o que implica, numa democracia, negociar". Aproveita, ao desancar o Presidente, para diminuir a influência das redes sociais, para quem elas são "território adequado a mensagens curtas, quase sempre agressivas, e de pouca reflexão".

Paralelo a essas manifestações diárias da grande mídia, cada dia mais agressivas e devastadoras, o nosso querido Congresso Nacional, sempre comprometido com os interesses do povo e com os destinos da nação, paralisa a tramitação das Mensagens enviadas pelo Executivo, reclamando da falta de articulação política do Governo. Até o inesquecível Presidente FHC, o herói da reeleição, prestimosamente oferece um ensinamento ao afirmar que "Presidente que não entende a força do Congresso, pode cair".

Ouso avaliar que mais cedo ou mais tarde o Governo vai ter que fazer concessões, seja à grande mídia, seja aos parlamentares. Tudo muito simples de resolver. Basta inspirar-se nos últimos vinte anos, quando os governos aprovavam tudo o que queriam no Congresso e nos veículos de comunicação o país era um paraíso em terra. Aliás, falando-se em inspiração, quero crer que uma profunda inspiração de saudade deve estar atacando os atores desse momento. Para despertar o espírito público e o ardor cívico dos congressistas, distribuam os cargos (não qualquer um, mas "aquele que fura poço" ) e liberem os recursos das emendas. Para a grande mídia, todos os brasileiros sabemos do que precisa. E aí o mundo terá paz novamente...


Gasto de governo Bolsonaro com publicidade é menos de 1% de Lula, Dilma e FHC juntos.

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Essa equipe do MEC no Governo Bolsonaro remete-me à memória um jogo a que assisti quando criança em Várzea Alegre. Jogavam as seleções do Bacpari e Vara da Prensa. O resultado foi de 6 X 6. Pois bem: as defesas das duas seleções batiam tanta cabeça quanto esses educadores do Ministério...

segunda-feira, 25 de março de 2019

Benditas Redes Sociais!




Não sei se tem consistência a análise, mas estive meditando: acho que as redes sociais contribuiram para diminuir a violência física entre as pessoas públicas.

Há longo tempo, um Senador matou um colega dentro do plenário do Senado, Brizola encontrou David Nasser em aeroporto e aplicou-lhe um bofete (o que gerou o magistral artigo na Revista O Cruzeiro - "O coice da mula").

Aqui mesmo no Ceará, em tempos idos, um Deputado Estadual atirou em colega na tribuna (felizmente não houve morte).

De lá para cá foram milhares de agressões físicas, tentativas de homicídio, execuções etc.

Nos dias atuais, vão à rede social de preferência e xingam o desafeto de vagabundo, moleque, ladrão, corrupto etc, e o recado está dado.

É verdade que vez em quando velhos métodos voltam. Veja-se o assassinato da Vereadora Marielle, a tentativa de homicídio no candidato Bolsonaro, para citar apenas dois exemplos recentes.

Usemos mais as redes sociais, este é o apelo...😂😂🤣🤣

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Duelos de gigantes nas redes sociais:

Olavo de Carvalho X General Mourão
Sergio Moro X Rodrigo Maia
Ciro Gomes X Gleise Hofmann
Deltan Dallagnol X Gilmar Mende
s Gilmar Mendes X Jorge Kajuru
Joice Hasselmann X Kim Kataguiri
Silas Malafaia X Olavo de Carvalho
Rodrigo Maia X Jair Bolsonaro

Se não trouxesse tanto disperdício de energia em prejuízo da Nação, eu diria que isso está ficando divertido.🤣😂

sexta-feira, 22 de março de 2019

O grande dragão do Oriente acordou!


«Laissez donc la Chine dormir, car lorsque la Chine s'éveillera le monde entier tremblera.» Napoléon Bonaparte


Mais de dois séculos atrás (1816), Napoleão Bonaparte em momento de profunda premonição, afirmou: "Deixe a China dormir, porque quando a China acordar o mundo inteiro vai tremer". Muito tempo depois (1973), o escritor francês Alain Peyrefitte tomou de empréstimo a frase do Imperador para escrever o livro "Quando a China despertar o mundo tremerá". Na obra, o autor defende a tese de que os chineses acabariam inevitavelmente por dominar o planeta, dada a supremacia da sua população diante do mundo.

Desde 2011 a China tornou-se a segunda maior economia global, ultrapassando o Japão, que na década de 1960 começou a ostentar essa posição. "A China é grande por ser numerosa, profetizava Peyrefitte e demonstram os economistas. Essa grandeza é ao mesmo tempo, a fraqueza do gigante asiático. É uma economia poderosa, mas os seus habitantes são pobres. Portanto, se a China já acordou, o que falta saber é o que acontecerá quando os chineses acordarem. Nesse dia, a China tremerá."

No seu informe anual de 2018, o FMI diz que a China poderá ser a maior economia do mundo em 2030. Também no final do ano passado, o time de economistas do HSBC Holdings em estudo que reúne 75 nações, não apenas prevê que a China deve se tornar a maior economia do mundo até 2030, como que a Índia deve ultrapassar o Japão na terceira colocação. Em dezembro de 2018, o Centre for Economics and Business Research, acreditado organismo inglês de consultoria econômica com sede em Londres, escreveu que "a economia chinesa deve ultrapassar a americana em 2032".

População

China: 1.40 billion India: 1.34 billion USA: 0.33 billion Brasil: 0.21 billion

PIB 2018.

China: $13.4 trillion India: $2.6 trillion USA: $20.5 trillion Brasil: $1.8 trillion

Exportação 2016.

China: $2060 billion India: $257 billion USA: $1450 billion Brasil: $0.182 billion

PIB per capita 2017.

China: $9630 India: $2020 USA: $59531 Brasil: $9821

Crescimento do PIB 2018.

China: 6.6% India: 7.3% USA: 2.9% Brasil: 1.1%

O quadro acima retrata bem a situação relativa das principais economias do mundo, comparadas ao Brasil. Como se vê, a economia chinesa já "morde o calcanhar" da americana, considerado o seu crescimento anual. As exportações chinesas ultrapassam em muito as dos Estados Unidos. O calcanhar de aquiles do grande dragão do Oriente é o PIB Per Capita do país, ainda menor que o brasileiro. A par do crescimento econômico, a China precisa fazer um esforço hercúleo para melhorar a participação da sua população na riqueza nacional. O que não será uma tarefa fácil, considerada sua população de um bilhão e quatrocentos milhões de viventes.

Há portanto, razoável consenso em torno da movimentação da economia mundial e que o século XXI será chinês. Quem viver verá?

segunda-feira, 18 de março de 2019

Paulo Guedes, curto e grosso!




O discurso do Ministro Paulo Guedes no "Brazil Day in Washington" na Câmara Americana de Comércio não podia ser mais honesto e cristalino. Você pode até discordar do caminho a ser trilhado pelo Brasil no desenho feito pelo Ministro, mas jamais poderá negar que ele foi absolutamente brilhante e pragmático ao falar para a elite empresarial americana nesta tarde.

"O presidente ama a América, eu amo a América. Adoro Coca-Cola, Jeans, a Disneylândia. Agora nós estamos dançando com os chineses. Os chineses dançam bem. Número um parceiro comercial. Eu digo ao Presidente: ame os Estados Unidos, mas deixe-me fazer comércio com aqueles que forem mais lucrativos para nós. A gente vê vocês (EUA) negociando com os chineses há décadas. Por que não nós?”

Música para os ouvidos dos investidores americanos, foi sua reafirmação dos princípios liberais que o Ministro tão transparentemente tem defendido. Estado mínimo, descentralização das receitas públicas, reforma da previdência, reforma tributária com a diminuição de número de impostos, privatização de estatais, etc. E a franqueza peculiar do Ministro: o país está aberto aos investimentos estrangeiros. Se os americanos não se credenciarem, os chineses (que já são o maior parceiro comercial do Brasil) estão "dançando e dançando bem" conosco.

É cedo ainda para avaliar o resultado da viagem da comitiva brasileira ao país do Norte, até porque ela nem sequer foi concluída. Uma coisa, no entanto, é certa: o recado do Ministro Paulo Guedes foi dado e muito bem-dado. Os Estados Unidos são parceiros preferenciais para o comércio bilateral com o Brasil. Mas se "você não quiser comprar nossa soja, minério de ferro, petróleo bruto, açúcar, carne, temos quem queira!"

sábado, 16 de março de 2019

Seria a morte da Lava-Jato?


Suprema Corte dos Estados Unidos


Quando o Ministro da Suprema Corte dos EUA, Anthony Kennedy, anunciou sua aposentadoria em 27 de junho de 2018, o Presidente Trump ganhou uma chance de alterar por anos —talvez décadas— o equilíbrio daquela Corte. "Embora alinhado com mais frequência aos quatro juízes da ala conservadora da corte, nos últimos anos ele tem servido, não raras vezes, como o fiel da balança."

O colegiado da Suprema Corte americana é formado por nove Ministros que não têm "prazo de validade". Diferentemente do Brasil, onde os ministros do Supremo Tribunal Federal forçosamente se aposentam aos 75 anos (popularmente conhecida como expulsória), o cargo nos EUA pode ser vitalício.

Frequentemente os julgamentos nos Estados Unidos na mais Alta Corte terminam num 5 X 4. Ao contrário da configuração anterior com Anthony Kennedy, que apesar de conservador era um moderado e não raro alinhava-se ao grupo tido como progressista, sobretudo em questões de direitos civis, liberdade dos cidadãos gays e pena de morte, com a posse do seu substituto, o ultraconservador Brett Kavanaugh não há mais surpresas. O placar será sempre 5 X 4 para os conservadores.

A exemplo dos irmãos do Norte, o Supremo Tribunal Federal do Brasil tem frequentemente enfrentado resultados de 6 X 5, prevalecendo o chamado grupo garantista, vencidos os ditos consequencialistas ou punitivistas. Ainda recentemente, num socialmente polarizado julgamento, o STF decidiu (mais uma vez por 6 X 5) que a Justiça Eleitoral deve julgar crimes associados a caixa 2. O resultado impôs uma derrota à força-tarefa da Lava-Jato que ostensivamente defendeu a posição contrária.

Fim dos tempos? Morte da Lava-Jato? Abertura total para mais "malfeitos" da classe política? Não creio. A sociedade brasileira já não mais aceita passivamente os desvios de comportamento tão amplamento descobertos e divulgados nos últimos tempos. Acredito que o Tribunal Superior Eleitoral procurará equipar-se para bem desempenhar a sua tarefa. O próprio Ministério Público Federal saberá conduzir da melhor forma as suas obrigações.

Nesse "cabo-de-guerra" entre parte do STF e a força-tarefa da Lava-Jato, move-se o tabuleiro de xadrez. Quando o pleno do STF decidiu, em julho de 2018, pela proibição da condução coercitiva de réus e investigados para depoimento, os Procuradores passaram a solicitar no processo (sendo frequentemente autorizados pelo Juízo) a prisão temporária (prazo de duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco).

Ora, cabe institucionalmente ao Ministério Público Federal, entre outras funções, "requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais".

"O Ministério Público, diante dos elementos contidos no inquérito policial, ou mediante outras peças informativas, verificando a existência de fato que, em tese, caracteriza crime e indícios de autoria, forma sua convicção, denominada opinio delicti, iniciando a ação penal pública com o oferecimento da peça inicial, definida no artigo 24 do Código de Processo Penal como denúncia." Portanto nada impede que, concluido o inquérito policial e no oferecimento da exordial acusatória, o Ministério Público não "veja" o crime de Caixa 2, mas apenas os seus conexos tais como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas etc.

E assim caminha a República Federativa do Brasil...

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Artigo do juiz federal Francisco Codevilla, da 15ª Vara Federal em Brasília (Do site O Antagonista em 18/03/2019)

O STF decidiu, no dia 14/03/2019, por maioria de votos (6 x 5), que os crimes conexos ao de caixa 2 eleitoral devem ser julgados, também, pela Justiça Eleitoral.

​O fundamento, em linhas gerais, está no art. 109, IV, da Constituição Federal, segundo o qual, compete à Justiça Federal processar e julgar “os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral”. Além disso, o art. 78, IV, do Código de Processo Penal, determina que no concurso entre jurisdições comum e especial, prevalecerá a especial, no caso, a Eleitoral sobre a Justiça Federal.

​Consequentemente, crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, entre outros, quando conexos ao crime de caixa 2 eleitoral, deverão ser julgados pela Justiça Eleitoral.

​Em sentido contrário ao que fora decidido pelo STF, argumenta-se que a competência da Justiça Federal também está prevista na Constituição Federal e, portanto, uma não poderia sobrepor-se à outra, devendo ser resguardada a competência de cada uma delas. Nesse caso, a Justiça Eleitoral julgaria apenas o crime de caixa 2 e a Federal os demais. Além disso, há um argumento de ordem prática, o de que a Justiça Eleitoral não estaria apta para o processamento de crimes tão complexos.

​De imediato, inúmeras foram as críticas desferidas ao julgamento em questão. A principal delas e mais contundente revela o receio de que a Operação Lava Jato, que tramita basicamente na Justiça Federal de primeira instância, seja esvaziada.

​Contudo, apesar do recente julgamento do STF, creio que a competência da Justiça Federal ainda pode ser preservada, se examinarmos de perto os fatos.

​O que se denomina crime de caixa 2 eleitoral, previsto no art. 350, do Código Eleitoral, nada mais é do que um crime de falsidade ideológica (“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais: Pena – reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular”).

Na prática, o crime ocorre quando um candidato deixa de declarar oficialmente valores doados para o financiamento da sua campanha eleitoral, utilizando-se de uma contabilidade paralela. Porém, para a caracterização desse crime, o dinheiro doado não pode ter qualquer relação com favores no âmbito da Administração Pública, passados ou futuros. Se tiver, o crime será outro, como veremos a seguir

​O que tem sido evidenciado nos casos trazidos à Justiça Federal, na sua grande maioria, é que o crime verdadeiramente praticado não é o de caixa 2, mas o de corrupção passiva (art. 317, do Código Penal: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa”.

​Nesse contexto, em troca de favores no âmbito da Administração Pública, empresários e empresas contribuem para o financiamento das campanhas eleitorais. Importante registrar que o crime de corrupção passiva estará consumado com a simples solicitação da vantagem financeira. A entrega efetiva do dinheiro é considerada um pós fato impunível, ou seja, uma consequência natural do crime e, portanto, irrelevante para a sua consumação.

​Sendo assim, a suposta vinculação com o pleito eleitoral não é suficiente para caracterizar o crime de caixa 2 eleitoral. Na verdade, é apenas um subterfúgio para escapar de uma pena maior e deslocar o processo para um ramo da Justiça não devidamente aparelhado, com possíveis implicações negativas, como a prescrição e a absolvição por falta de provas.

​Além disso, o ato de tentar fazer crer que o dinheiro é apenas para financiamento de campanha eleitoral, quando de fato não for, poderá ser considerado dissimulação de ativo e caracterizar outro crime: lavagem de dinheiro.

​Portanto, evidenciado que não se trata de crime de caixa 2, mas de corrupção passiva com possível lavagem de dinheiro, a competência será da Justiça Federal, e não da Justiça Eleitoral.

​A forma mais fácil de não enxergar a realidade é ressaltar as aparências. Só parece caixa 2, mas é corrupção passiva com lavagem de dinheiro. É muito mais grave do que parece ser!

quarta-feira, 13 de março de 2019

Este texto é dedicado aos queridos amigos dos grupos "volta Dilma" e "Lula livre"




Tenho lido nas redes sociais e eventualmente recebido mensagens por aplicativos de comunicação, de pessoas que clamam por eleições gerais imediatas. Foi assim no caso mal explicado do Queiroz, na inoportuna divulgação pelo Presidente do vídeo carná/pornô e desde ontem pela divulgação dos suspeitos pelo assassinato da Vereadora Marielle. O histórico da proximidade de filhos do Presidente com membros de milícias cariocas, o relacionamento íntimo de Fabrício Queiroz com a família presidencial e por último a foto do Presidente com um dos presos suspeitos do assasinato da Vereadora, bem como o fato de um deles morar no mesmo condomínio de Bolsonaro no Rio de Janeiro, há excitado em profundidade os perdedores da última eleição.

Concordo que existem coincidências demais para que simplesmente sejam ignoradas. O Brasil precisa definitivamente trilhar o caminho da transparência dos seus dirigentes, seja no trato da coisa pública, seja na condução de suas vidas privadas. No momento em que o indivíduo, por livre decisão, decide exercer uma função pública por delegação do voto popular ou por nomeação prevista em lei, entendo deve submeter-se ao permanente vigiar da sociedade à qual serve.

Parte substantiva dos brasileiros clamou e continua declarando que a Presidente Dilma foi cassada num atropelo da constituição, sem crime de responsabilidade cometido. Ora, a Presidente teve o pedido de impeachment. em documento protocolado na Câmara Federal pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. Cumprindo o rito constitucional, o documento foi acatado pela Presidência da Câmara, que deu sequência ao pedido. A partir daí todas as etapas foram cumpridas, culminando com o julgamento pelo pleno do Senado, sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal.

As vozes que se levantam pedindo eleições gerais com o afastamento do Presidente, são as mesmas que defendem que houve um golpe no afastamento da Presidente Dilma. Suprema incoerência. Se querem afastar o Presidente recém-eleito, que se cumpra o rito processual. Estabeleçam um crime de responsabilidade, protocolizem um pedido de impeachment junto à Câmara Federal, façam-no aceito, julguem no pleno do Senado sob a presidência do Chefe do Poder Judiciário. Aos que defendem eleições gerais imediatas, remeto-me ao afastamento da Presidente Dilma (bom dia, Presidente Michel Temer) e lembro que no caso do afastamento do titular do cargo, deve assumir o Vice-Presidente e nunca a convocação de novas eleições. Afinal, não vivemos numa República Parlamentarista. E respondo com um altissonante "Bora, Mourão!"

segunda-feira, 11 de março de 2019

Amadorismo inexplicável




Depois dos profundos e continuados escândalos (mensalão, petrolão etc.), do desastre na área econômica (mais de doze milhões de desempregados, incontrolável deficit público, queda mortal no PIB etc.), estimava-se que demoraria um tempo para que o PT recuperasse a credibilidade e almejasse disputar novamente a Presidência da República.

Confesso que já não estou tão certo disso. O governo conservador que substituiu o desastrado período descrito acima, tem cometido tantos erros e tão primários que temo a provocação de uma amnésia coletiva na eleição de 2022. É bem verdade que há programas desenhados em base sólida. Na economia, a coesão e determinação da equipe apontam para um caminho de recuperação e crescimento. No combate ao crime organizado e à corrupção, com o evidente propósito de diminuição da violência e estancamento de desvio de recursos públicos, já há uma relação de medidas adotadas pelo ministro Moro. Algumas que independem de legislação congressual em andamento e outras já enviadas para avaliação e votação pelo Parlamento.

O problema é que para aprovar as necessárias reformas para a implementação desses programas, o Governo precisará empenhar todo o seu capital político junto ao Congresso Nacional. Não são medidas de fácil tramitação e algumas exigirão sacrifício da sociedade brasileira.

Ora, é próprio do ser humano a defesa dos seus interesses e a briga pela manutenção dos privilégios. "Farinha pouca, meu pirão primeiro" retrata bem nosso comportamento. Para vencer as resistências que virão, o Governo sabe que tem que encaminhar a votação dessas medidas o mais rápido possível, aproveitando a "lua de mel" que geralmente se estabelece em início de mandato presidencial.

Infelizmente o Governo Bolsonaro tem desperdiçado parte desse capital político advindo do período da lua de mel citada, com questões menores, construindo de forma desnecessária adversários nos mais diversos segmentos sociais. É de um amadorismo surpreendentemente inexplicável.


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Atualizado em 16/03/2019 às 9:22h

"Uma história nova e quase inacreditável surge todo dia a seu respeito. E com a vantagem de que não precisa ser inventada, porque ele próprio a fornece. São gafes atrás de gafes, típicas de quem nunca administrou nem uma quitanda e, pelo visto, também não aprendeu a fazer política.

Vai da briga gratuita com os muçulmanos à sua ideia de ter prévio acesso às perguntas do Enem. Da admiração por torturadores e sucessivos insultos aos gays, negros e mulheres ao bate-boca com cantores de rádio. Do chocante xixigate à incômoda vizinhança com bandidos. E, agora, a história de que, em pleno Palácio do Alvorada, ele dorme com um revólver na cabeceira. Se bem que, neste caso, qual é o problema? Getulio Vargas também dormia."

Ruy Castro
Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues.


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Atualizado em 19/07/2019 às 11:03h

"Um desastre com perda total"

“A decisão do presidente Jair Bolsonaro de indicar seu filho Eduardo para a embaixada brasileira em Washington é um desastre com perda total".

“Uma das tarefas mais difíceis desta vida, por alguma razão ainda não explicada pela ciência, é aprender uma de suas regras mais fáceis. A regra é a seguinte: certas coisas não se fazem. Não têm nada a ver com o fato de serem permitidas ou não por lei. Também podem não ser, em si mesmas, boas ou más, certas ou erradas. São, apenas, coisas que não se fazem. Por quê? Porque não se fazem, só por isso — não por uma pessoa dotada de coeficientes médios de decência, consideração pelos outros e boa educação (…).

Uma das coisas mais evidentes no bloco daquilo que ‘não se faz’ é nomear seu filho como embaixador do Brasil nos Estados Unidos — se você, justamente, é o presidente do Brasil. Quem, com um mínimo de bom-senso, pode ter alguma dúvida a respeito de uma coisa dessas?”

Roberto Guzzo
José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um conceituado jornalista brasileiro.