
Quem não se recorda da “dança da pizza” da Deputada Ângela Guadagnin no plenário da Câmara Federal? O seu companheiro de bancada, João Magno do PT de Minas Gerais, estava sendo julgado por quebra de decoro pelo envolvimento no mensalão (caixa dois e lavagem de dinheiro). "Ela não se conteve ao ouvir o anúncio de que João Magno (PT-MG) tinha votos suficientes para escapar da cassação na Câmara, em 23 de março de 2006. Levantou-se da cadeira e, sacudindo os braços, saiu bailando pelo plenário".
A partir desse episódio, a vida política da Deputada entrou em um calvário interminável. Teve que renunciar ao posto no Conselho de Ética, o então Presidente da Câmara Aldo Rebelo, leu, em sessão, uma censura verbal à sua atitude, tentou reeleger-se e não conseguiu alcançando apenas pouco mais de 37 mil votos. "Em 2008, se candidatou a vereadora de São José Campos (SP), onde foi prefeita (1993-1996). Foi a 18ª mais votada, escolhida por 4.329 eleitores, mas, mesmo assim, conseguiu uma vaga". No ano de 2014, oito anos depois da malfadada dancinha, estudantes invadiram a Câmara Municipal da cidade e distribuiram pizzas para registrar o aniversário.
Remeto-me à “dança da pizza” para comentar uma outra dancinha mais recente. Mais grave e mais danosa do que aquela. Refiro-me à dança hospitalar do senhor Fabrício Queiroz, ex-assessor do Senador eleito Fábio Bolsonaro. O senhor Queiroz está sob investigação por movimentação atípica na sua conta bancária. É bem verdade que ele não está sozinho nessa investigação (são mais de setenta funcionários investigados) e também anda longe de ser o que mais movimentou recursos durante o ano que passou. Mas não importa. O que importa é que referido senhor é amigo íntimo da família do Presidente Bolsonaro e até setembro do ano passado era motorista/segurança do então Deputado e Senador eleito.
O senhor Queiroz já deixou de ir depor por duas vezes, alegando a doença da qual ele realmente é acometido. Teria no mínimo que se manter discreto, reservado. A sua dança em um apartamento do Hospital Albert Einstein, não apenas desautoriza sua versão de impossibilidade de prestar esclarecimentos à justiça, mas traz um desgaste desmedido ao governo estreante. O senhor Queiroz tem obrigação de esclarecer os fatos, isentando se for o caso, o "primeiro filho".
Que malsinado destino dessa pátria tão sofrida! Afasta uma quadrilha do poder (bom dia, Presidente Lula) , assume uma tão quadrilha quanto (bom dia, Ministro Gedel). Elege um Presidente numa campanha memorável, e as suspeitas surgem antes da posse (bom dia, Senador Flávio Bolsonaro). Deus abençoe o Brasil.

Nenhum comentário:
Postar um comentário