Quando criança, em Várzea Alegre, eu temia duas figuras igualmente assustadoras para a minha imaginação: o “tirador de figo” e os comunistas. O primeiro era uma lenda urbana repetida pelos mais velhos, segundo a qual um homem sequestrava crianças para extrair-lhes o fígado, história que, provavelmente, muitos da minha geração ainda recordam. Já os comunistas eram descritos como monstros que “comiam criancinhas”, imagem grotesca que alimentava um medo difuso.
Com o tempo, descobri duas verdades: o “tirador de figo” jamais existiu, e os comunistas não devoravam crianças. O primeiro temor desvaneceu-se por completo, relegado ao mundo das histórias inventadas para amedrontar os pequenos. O segundo, porém, persistiu de outra forma. Se não cometiam a barbárie que lhes atribuíam na infância, eram capazes de algo igualmente terrível: submeter nações inteiras a regimes opressivos, transformando a vida de milhões em um sofrimento prolongado e real.
Leia meu artigo: "Quer entender o que é o comunismo? Venha a Praga. Fale com quem viveu." - https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2025/04/quer-entender-o-que-e-o-comunismo-venha.html
Nilo,
ResponderExcluirSempre prazeirosas suas crônica e seus escritos. Afora seus livros sempre agradáveis.
A satisfação maior acontece nos poucos encontros familiares que temos m.
Vamos amiudar essa convivência.
Grande abraço
Joaquim
P/s eu tinha mais medo era dos penitentes que se martirizavam nas sombrias árvores que margeavam o cemitério por detrás da casa do meu avô Quinco Honório na praça dos Correias.
Joaquim, sinto profundamente a ausência dos amigos de juventude. Mesmo os mais próximos, raramente encontro. Moramos na mesma cidade, mas quase não nos vemos. Ednólia e Odalice, por exemplo, também vivem aqui, e ainda assim só nos encontramos a cada três anos — imperdoável! Agora, aposentado, tenho todo o tempo do mundo e estou sempre disponível.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir