Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
quarta-feira, 18 de junho de 2025
"¿Por qué no te callas?"
A frase “¿Por qué no te callas?” ("Por que não te calas?") tornou-se mundialmente famosa após ser pronunciada pelo então Rei da Espanha, Juan Carlos I, durante a 17ª Cúpula Ibero-Americana, realizada em Santiago, Chile, no dia 10 de novembro de 2007.
O episódio ocorreu quando o rei se dirigiu ao então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que, durante sua fala, interrompia insistentemente o primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero. Chávez, fiel ao seu estilo provocador, acusava repetidamente o ex-primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, de ser um “fascista”, referindo-se a ele com termos ofensivos.
Zapatero, apesar de ser de partido oposto a Aznar, buscou manter o tom diplomático. Em sua fala, defendeu o ex-premiê, lembrando que, embora tivessem divergências profundas, Aznar havia sido eleito democraticamente e merecia respeito como ex-chefe de governo. Mesmo assim, Chávez seguia interrompendo, insistente e desrespeitoso. Foi nesse momento que o rei Juan Carlos, visivelmente irritado, perdeu a paciência e exclamou — fora do microfone, mas claramente captado pelas câmeras —: “¿Por qué no te callas?”
A frase correu o mundo. O que mais impressionou foi o fato de um monarca — tradicional símbolo de moderação e diplomacia — reagir com tanta veemência em público. Para muitos, aquela foi uma espécie de "freada simbólica" na verborragia de Hugo Chávez, frequentemente criticado por seu estilo autoritário, provocador e sua retórica agressiva.
O episódio também evidenciou o contraste entre os líderes populistas da esquerda latino-americana e os representantes das democracias liberais europeias, num embate que ia além do protocolo diplomático.
Anos depois, um momento curioso (e constrangedor) fez ecoar essa lembrança. Em 17 de junho, durante uma cúpula do G7 em Kananaskis, no Canadá — que reúne os sete países mais industrializados do mundo —, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, convidado ao encontro, protagonizou uma cena embaraçosa.
Logo no início da reunião, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, deu início aos trabalhos explicando que “nós vamos esperar um minuto pela tradução”. Pouco depois, perguntou: “Funcionou?” Lula, então, gritou: “Tem que falar aí!”, interrompendo o anfitrião. Carney, ainda paciente, perguntou: “Posso ir?”, querendo saber se podia começar seu discurso. Foi interrompido mais uma vez por Lula, que insistia: “Tem que falar aí, a intérprete tem que falar. Não está saindo (o som).” E ainda exigiu: “Manda falar qualquer coisa pra ver se o som sai aqui.” A cena causou risos de deboche entre os líderes mundiais presentes.
Naquele momento, cofiando a barba e tossindo discretamente (não, não "me engasguei comigo mesmo"), não pude evitar um pensamento irônico: se Sua Majestade estivesse presente, talvez tivesse sacado novamente a sua célebre exclamação — “¿Por qué no te callas?”
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