Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Manobras Diversionistas
As manobras diversionistas são estratégias amplamente utilizadas para desviar a atenção de um objetivo principal, confundir adversários ou criar distrações. Embora comumente associadas ao contexto militar, essas táticas também são empregadas em outras esferas, como a política e as negociações empresariais. Nessas áreas, a narrativa pode ser manipulada para mascarar problemas ou redirecionar o foco para questões secundárias, muitas vezes com o intuito de aliviar pressões internas ou desviar a atenção de crises.
No cenário político, regimes autoritários — e até mesmo governos democráticos — frequentemente recorrem a manobras diversionistas para desviar a atenção de crises internas. Um exemplo histórico emblemático ocorreu durante a ditadura militar argentina, no início dos anos 1980. O governo do general Leopoldo Galtieri enfrentava uma grave crise econômica e social, com inflação galopante, desemprego e insatisfação popular. Em um esforço para unir o país e recuperar a popularidade do regime, o governo argentino decidiu invadir as Ilhas Malvinas (ou Falklands, como são conhecidas no Reino Unido), reivindicando a soberania sobre o território controlado pelos britânicos desde 1833. A Guerra das Malvinas, como ficou conhecida, foi uma clara manobra diversionista, buscando desviar a atenção da população dos problemas internos para uma causa nacionalista. No entanto, o conflito resultou em uma derrota humilhante para a Argentina, acelerando o fim do regime militar.
No Brasil contemporâneo, as manobras diversionistas também têm sido observadas. Recentes pesquisas de opinião apontam uma queda vertiginosa na aprovação do governo Lula, refletindo o descontentamento popular com uma série de problemas internos. Entre eles, destacam-se os recordes negativos em áreas como saúde (com o aumento de mortes por dengue), meio ambiente (com as queimadas descontroladas), gestão pública (com crises nas finanças das estatais), e a alta nos preços de alimentos e combustíveis. Além disso, a política externa do governo tem sido alvo de críticas, com decisões consideradas desastrosas por parte de analistas.
Diante desse cenário de crise de credibilidade, observa-se a utilização de estratégias diversionistas para redirecionar o foco da opinião pública. Um exemplo recente foi a reação do governo brasileiro à deportação de migrantes ilegais brasileiros pelos Estados Unidos. Nos últimos dias, autoridades governamentais manifestaram uma suposta "indignação" diante da chegada de um voo com brasileiros deportados, o primeiro enviado pelo governo Trump. No entanto, esse tipo de deportação é um procedimento corriqueiro e sistemático desde os anos 1980, o que levanta questionamentos sobre o timing e a motivação da reação brasileira.
Observadores sugerem que a "indignação" do governo Lula pode ser uma manobra para desviar a atenção dos problemas internos e das pesquisas de opinião desfavoráveis. A escolha do momento — coincidindo com a divulgação de dados negativos sobre a administração — reforça a hipótese de que se trata de uma estratégia diversionista. Além disso, o fato de o governo Trump ser o responsável pela deportação, em contraste com a administração anterior de Joe Biden, pode ter sido um fator adicional para a reação, buscando amenizar o descontentamento popular.
Embora as manobras diversionistas possam oferecer um alívio temporário em momentos de crise, seu uso excessivo ou mal calculado pode ter efeitos colaterais significativos. Quando percebidas como manipulações, essas estratégias podem minar ainda mais a confiança da população em seus líderes e instituições. No caso brasileiro, a tentativa de redirecionar o foco da opinião pública para a questão das deportações pode, em vez de resolver a crise de credibilidade, reforçar a percepção de que o governo está mais preocupado em manipular narrativas do que em enfrentar os problemas reais do país.
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