terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Teatro


Vocês, artistas que fazem teatro
Em grandes casas, sob sóis artificiais
Diante da multidão calada, procurem de vez em quando
O teatro que é encenado na rua.
Cotidiano, vário e anônimo, mas
Tão vívido, terreno, nutrido da convivência
Dos homens, o teatro que se passa na rua.
(Bertolt Brecht)


Em 9 de dezembro de 2020, em artigo onde tentava analisar quão profunda estava dividida a sociedade brasileira (“A cegueira ideológica assassina a verdade e a razão“ — https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2020/12/a-cegueira-ideologica-assassina-verdade.html), escrevi:

“A sociedade brasileira encontra-se profundamente dividida. Não há limite na intolerância entre pessoas que pensam de forma diferente. Ademais, construiu-se no seio do tecido social o pensamento binário.”

Seguindo esse cenário, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob a alegação de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação (infrações supostamente identificadas em uma reunião realizada por Bolsonaro com embaixadores estrangeiros), declarou o ex-Presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030.

Ora, o ex-Presidente continua percorrendo o país e arrastando multidões. Apenas torná-lo inelegível aparenta não ter sido suficiente. O Sistema agora busca de todas as formas condená-lo e eventualmente até prendê-lo. O cardápio da vez é responsabilizá-lo por uma suposta tentativa de golpe nos lamentáveis acontecimentos do 8 de janeiro de 2023.

Rotular a invasão e depredação de patrimônio público naquele dia como uma “tentativa de golpe” tem estado no centro dos esforços para condenar Bolsonaro. No dizer do ex-Ministro dos Governos Lula e Dilma, Aldo Rebelo, “chamar o 8 de janeiro de ‘tentativa de golpe’ desmoraliza a ideia do que é um golpe de Estado. A alegação de golpe é fantasia para legitimar a polarização”.

Mesmo no mais alto escalão do atual Governo, pessoas com bom senso e responsabilidade social como o Ministro da Defesa, José Múcio, com a autoridade de quem é o chefe de todos os militares, afirma que não houve tentativa de golpe nenhuma.

Ou ainda no dizer do Professor de Direito e Jurista Ives Gandra Martins, “nunca houve na história do mundo, um golpe de Estado sem armas, tanques e exércitos".

Por último, mas não menos importante, o cinismo do evento de 8 de janeiro último acontecido no Congresso Nacional é parte desse teatro do absurdo. Estão construindo a narrativa conforme ensinamento de Lula: “Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo”.

Está tudo posto para quem quiser ver. A “harmonia” entre o STF e o Presidente; a ocupação de postos-chaves da República — inclusive nas Forças Armadas; a criação de um insano número de Ministérios e distribuição de cargos nas Estatais para acomodar políticos (já vimos esse filme antes); a gastança desenfreada; o comportamento “obediente” da grande mídia nacional e no dizer do Presidente do TSE Alexandre de Moraes, “a regulação urgente das redes sociais” porque “houve uma captura furtiva da opinião do eleitorado através das plataformas”.

Deus salve o Brasil!

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