segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

A primeira-dama que se tornou presidente interina - sem ser eleita


Em 18 de dezembro de 1915, o viúvo Presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, casou com a também viúva Edith Bolling Galt. A senhora Galt ficara viúva e herdeira universal (não tinham filhos) de um rico proprietário da maior e mais antiga joalheria de Washington.

Ainda jovem, com pouco mais de 40 anos, a insinuante Edith ficou viúva e também rica. Fazia viagens frequentes à Europa e em Washington causou impacto ao se tornar a primeira mulher na cidade a dirigir seu próprio carro.

Encontrar Edith, para o Presidente Wilson foi amor à primeira vista. Após o casamento, Wilson ganhou um novo mandato, e em abril de 1917, liderou os EUA na Primeira Guerra Mundial. Por insistência do presidente, a primeira-dama participava nas suas reuniões, após as quais fazia avaliações fulminantes sobre figuras políticas e representantes estrangeiros.

Ao fim da Guerra, o Presidente viajou para a Europa com o objetivo de negociar e assinar o Tratado de Versalhes e apresentar a proposta de uma Liga das Nações para evitar futuras guerras mundiais. Edith o acompanhou.

De volta aos Estados Unidos, a maioria Republicana no Senado não concordou com sua ideia de criação desse organismo, o que fez com que Wilson passasse a percorrer o país com o objetivo de sensibilizar o eleitorado para o projeto. Foi durante esse esforço que Wilson teve um forte acidente vascular cerebral que o tornou incapaz para sempre. Constatou-se que ele não mais funcionaria plenamente.

Edith interveio com firmeza e começou a tomar decisões. Mesmo com os desfavoráveis pareceres médicos, ela nem sequer cogitou fazer o marido renunciar e deixar o vice-presidente assumir.

Estabeleceu o que ela chamou de “administração”, enganando a nação, desde o gabinete e o Congresso até à imprensa e ao povo. Divulgou publicamente boletins médicos que reconheciam apenas que Wilson precisava urgentemente de descanso e estaria trabalhando em sua suíte. Quando membros individuais do gabinete vinham despachar com o presidente, não iam além da primeira-dama.

Manteve sua "administração" por 17 meses, de outubro de 1919 a março de 1921. Entre seus confrontos com autoridades, pontificou aquele com o Secretário de Estado. Quando soube que ele havia convocado uma reunião do Gabinete sem a autorização de Wilson (leia-se dela própria), considerou isso um ato de insubordinação e o despediu.

"A ironia mais prejudicial, no entanto, veio como resultado da insistência da Sra. Wilson para que um pequeno assessor da Embaixada Britânica fosse demitido por uma piada obscena que ele havia contado sobre ela – ou então ela recusaria as credenciais de um embaixador que tinha vindo para ajudar especificamente a negociar a versão da Liga das Nações do Presidente Wilson. O embaixador recusou-se a fazê-lo e logo regressou a Londres. Apesar de toda a proteção que proporcionou ao marido como pessoa, Edith definitivamente prejudicou o que ele sonhava como legado."

E assim a história registrou a primeira-dama que se tornou presidente interina da maior democracia ocidental - sem ter tido um voto sequer.

* ATENÇÃO: qualquer semelhança com personagens vivos ou mortos é mera coincidência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário