Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
sábado, 29 de julho de 2023
"Amanhecerá e veremos"
Em uma pequena cidade aninhada entre as serras de Gravié e dos Cavalos, vivia um cego conhecido por sua sabedoria e perspicácia. Seu nome era Bastião Cego e, apesar de sua incapacidade de ver o mundo com os olhos, ele o percebia através de lentes de profunda compreensão. Bastião tinha uma maneira única de ver a vida, e suas palavras carregavam um peso de sabedoria que muitas vezes deixava as pessoas ao seu redor maravilhadas.
Um dia, enquanto os habitantes se reuniam no mercado, Bastião sentou-se em um banco de madeira, conversando animadamente com aqueles que buscavam seu conselho. As pessoas vinham de longe para buscar seu conselho sobre assuntos do coração, desafios da vida e incertezas do futuro. As respostas de Bastião eram sempre enigmáticas, e dizia-se que ele tinha uma capacidade extraordinária de desvendar as complexidades mais profundas da experiência humana.
Nesse dia em particular, uma jovem viajante chamada Maria chegou à aldeia. Ela tinha ouvido histórias sobre o sábio cego e estava ansiosa para conhecê-lo pessoalmente. Intrigada com a perspectiva de obter informações de alguém com uma percepção tão única, ela procurou Bastião no mercado.
Maria aproximou-se do banco onde Bastião estava sentado e se apresentou. "Bom dia, senhor. Meu nome é Maria, e viajei muito para ouvir suas palavras de sabedoria. Por favor, compartilhe comigo seus pensamentos sobre a vida e seus mistérios."
Bastião sorriu calorosamente, seus olhos cegos, mas cheios de uma luz que parecia perfurar o véu do mundo físico. "Bem-vinda, Maria. Sente-se comigo e vamos mergulhar na essência da existência."
Maria sentou-se ao lado do cego, a expectativa crescendo dentro dela. Ela perguntou: "Diga-me, Bastião, como você percebe o mundo sem visão? Como é navegar pela vida na escuridão?"
O sorriso do cego se aprofundou e ele falou com uma certeza serena: "Para ver o mundo, não é preciso confiar apenas nos olhos. A verdadeira visão vem de dentro, do coração e da alma. Quando você fecha os olhos para as distrações de o reino físico, você os abre para o reino ilimitado do espírito. No silêncio da visão interior, surge a clareza."
Maria ponderou suas palavras, sentindo a profunda verdade nelas. Ela continuou: "Mas, Bastião, e as incertezas que estão por vir? Como você aborda o desconhecido?"
Bastião riu baixinho, sua voz transmitindo uma sensação de segurança. "Ah, o desconhecido, um reino que todos atravessamos. A incerteza é como o amanhecer de um novo dia. Assim como o sol nasce para dispersar a escuridão, a vida se desenrola diante de nós, revelando seus mistérios passo a passo. Abrace o amanhecer de cada momento com o coração aberto, e você testemunhará a beleza da existência que se revela."
Maria ficou encantada com as palavras de Bastião. Sua sabedoria parecia ressoar com os recessos mais profundos de seu ser, tocando algo profundo dentro de sua alma. Ela não pôde deixar de perguntar mais: "Existe esperança para um amanhã melhor? Podemos superar as provações que a vida coloca em nosso caminho?"
"A esperança, minha querida, é a chama eterna que arde dentro de cada alma", respondeu Bastião. "É a crença inabalável de que, apesar da escuridão que nos cerca às vezes, a luz encontrará seu caminho de volta. As provações da vida são apenas oportunidades de crescimento e compreensão. Abrace-as com coragem, pois a cada desafio que você conquista, seu espírito voa mais alto, e o mundo se torna um lugar mais claro."
Quando o sol começou a se pôr, lançando um tom dourado quente sobre a cidade, Maria sentiu uma sensação de gratidão brotando dentro dela. Ela agradeceu a Bastião por seus profundos insights e pela sabedoria que ele havia compartilhado. Ao se levantar para sair, ela não pôde deixar de fazer uma última pergunta: "Vamos nos encontrar de novo, Bastião?"
O cego sorriu, seu rosto radiante com um brilho de sabedoria. — Sim, sim, minha querida. Assim como a noite vira dia e o dia vira noite, a jornada da vida é um ciclo de encontros e despedidas. Confie no ritmo da existência e nos encontraremos novamente na tapeçaria do tempo.
Com isso, Maria despediu-se do sábio cego, levando consigo um coração cheio de compreensão e esperança recém-descobertas. Bastião permaneceu em seu banco, uma presença serena no movimentado mercado, suas palavras pairando no ar como uma brisa suave, sussurrando: "Amanhecerá e veremos".
P.S. A cidade não existe e os personagens são fictícios.
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