Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
terça-feira, 18 de novembro de 2025
Sobre "viralatismo"
Duvido, sinceramente, que a maioria das autoridades (aqui excluo de propósito as reações automáticas do efeito manada, dos “maria-vai-com-as-outras”, dos que vestiram blindagem ideológica até nos tímpanos) tenha parado para ler, entender e contextualizar o que o chanceler alemão Friedrich Merz disse sobre a COP30. Alguns dos mais histéricos, aliás, sequer sabem o que ele falou. Estão reagindo ao que ouviram de terceiros, ou pior, ao que imaginaram que ele tenha dito.
Pois vejamos a frase exata:
“Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha… especialmente daquele lugar onde estávamos.”
A frase foi publicada no site do Congresso Alemão do Comércio e apresentada diante de uma plateia empresarial alemã, dentro de um contexto muito preciso: valorizar a ordem econômica, a democracia, a infraestrutura e a previsibilidade da Alemanha.
Mas, no Brasil, o comentário virou “ofensa”, “arrogância colonialista”, “ataque ao país”. Teve até um político carreirista e oportunista que postou em sua rede social: "nazista" e "filhote de Hitler". É bem verdade que correu para apagar logo em seguida. E, como sempre, ninguém se deu ao trabalho de confrontar o incômodo essencial: o Chanceler disse a verdade.
Belém expôs problemas graves que não surgiram na conferência, apenas ficaram impossíveis de camuflar. A cidade apresentou infraestrutura insuficiente, saneamento precário, drenagem falha e obras improvisadas. A rede hoteleira não deu conta: houve superfaturamento, falta de vagas e condições básicas insatisfatórias. Dentro do evento, delegados enfrentaram calor sufocante, ventilação inadequada, banheiros quebrados, quedas de energia e salas superlotadas. Do lado de fora, filas intermináveis, transporte desorganizado e até invasões na área restrita comprometeram a segurança.
Além disso, chuvas previsíveis alagaram acessos, derrubaram estruturas temporárias e molharam equipamentos. A somatória desses fatores resultou em desconforto, atrasos, riscos e má imagem internacional. Não por acaso, alguns países cogitaram deslocar reuniões paralelas para outras cidades.
Quando Merz comentou, perante empresários alemães, que todos estavam aliviados por voltar à Alemanha, ele não atacava o Brasil, apenas enfatizava o contraste entre uma infraestrutura sólida e uma cidade que não estava preparada para receber de 40 a 70 mil participantes.
O problema, portanto, não é o que o chanceler disse. O problema é a recusa de parte da classe política brasileira em reconhecer evidências óbvias: a COP30 foi mal planejada, desconfortável e logisticamente comprometida. Fingir patriotismo ferido não resolve nada. Encarar a realidade, sim.
A verdade não humilha o país. Negá-la, sim.
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