terça-feira, 7 de junho de 2022

"Saudando a mandioca" ou Porquê não voto em Lula - Capítulo IV




Quero iniciar este artigo registrando um merecido crédito à Sra. Presidente Dilma Rousseff - Deus sabe que ela tentou. Tentou manter-se longe da quadrilha que se apoderara dos cofres do Estado brasileiro (no mínimo com o conhecimento do ex-Presidente, como afirmam dezenas de depoentes no Mensalão e principalmente na Lava Jato) e do próprio PT, Partido que a elegeu.

A primeira Presidente mulher do país, venceu o candidato do PSDB (José Serra) no segundo turno por pouco mais de 12 milhões de votos. Navegou na enorme popularidade do Presidente a quem substituiria, que apesar dos inumeráveis escândalos acontecidos em seus oito anos à frente dos destinos do país (note-se que a Lava Jato ainda não havia sido iniciada e os roubos na Petrobrás descobertos), teve a generosidade do povo brasileiro.

Em 4 de junho de 2009, o jornal Valor Econômico em uma avaliação da candidata Dilma, registrou: "Passados sete anos, o estilo direto e agressivo ainda é o mesmo, mas hoje a ministra parece mais madura no exercício do poder. 'Ela é uma executiva, no termo mais exato da palavra', afirma o presidente de uma empresa de construção civil. 'Desliga o microfone dela, pelo amor de Deus', brincava um metalúrgico durante um evento em que a ministra participou em São Bernardo do Campo."

Apesar de Deus não lhe ter concedido a virtude de entregar seus pensamentos em discursos improvisados, a Presidente era tida como uma grande executiva. O tempo encarregou-se de desfazer essa lenda. Com relação aos seus pronunciamentos, vários deles viralizaram nas redes sociais, sendo os dois mais conhecidos aquele em que ela saúda a mandioca e um outro no qual ela discute a possibilidade de estocar o vento.

Quero crer que por ter sido eleita fundamentalmente pela grande liderança do ex-Presidente Lula, este bem como o PT devem ter tido grande influência na montagem da equipe de Governo no primeiro termo da Presidente. Paulatinamente Sua Excelência foi descartando Ministros a cada novo escândalo, de tal sorte que sete deles foram substituídos no primeiro ano, seis sob acusações de "malfeitos", eufemismo criado pelo Partido e seus militantes para substituir a corrupção.

Logo em 7 de junho, pouco mais de 5 meses de sua posse, o Ministro Chefe da Casa Civil Antônio Palocci foi exonerado sob várias denúncias de enriquecimento ilícito entre os anos de 2006 e 2010, quando exerceu a dupla função de Deputado Federal pelo PT e titular de uma consultoria privada. Seguiram-se Alfredo Nascimento, Ministro dos Transportes (6 de julho) por um suposto esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propinas; Nelson Jobim, Ministro da Defesa, (4 de agosto) por críticas à equipe de governo ("Ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) é 'fraquinha' e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) 'sequer conhece Brasília' - que substituíra Palocci"); Wagner Rossi, Ministro da Agricultura (23 de agosto), alvo de uma série de acusações de corrupção na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento); Pedro Novais, do Turismo (14 de setembro), foi o quinto ministro do governo Dilma a deixar o cargo. Em reportagem da Folha de S. Paulo, foi acusado de pagar com dinheiro público o salário de sua governanta em Brasília por sete anos e empregar um funcionário da Câmara dos Deputados como motorista particular de sua mulher; Por sucessivas denúncias de fraudes em convênios do ministério dos Esportes, Orlando Silva, então responsável pela pasta, deixou o governo em outubro de 2011 e finalmente Carlos Lupi, Ministro do Trabalho, alvo de uma série de denúncias de irregularidades, dentre elas o envolvimento em um esquema de cobrança de propina de ONGs e sindicatos.

No segundo ano do Governo Dilma, pontificaram o escândalo do Ministério da Pesca ("Um empresário que em 2010 havia doado 150 000 reais à campanha da atual ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ao governo de Santa Catarina conseguiu vender 28 lanchas-patrulha para o Ministério da Pesca, por algo acima de 30 milhões de reais" - detalhe: o Ministério não está legalmente autorizado a fazer patrulha) e a Operação Porto Seguro ("A Operação Porto Seguro investigou a existência de um esquema de corrupção para favorecer grupos empresariais em diversas áreas." A Presidente agilmente demitiu os envolvidos, inclusive a Sra. Rosemary Nóvoa de Noronha, lembram dela? Era uma espécie de secretária particular do ex-Presidente Lula e o acompanhava em todas as viagens internacionais).

Em 2014 explodiu a Operação Lava Jato. Ninguém tinha a menor ideia do alcance dessa operação, abalando os fundamentos da República. Por isso mesmo, merece um capítulo inteiro sobre essa recente quadra histórica.

Ao contrário do que se poderia pensar, toda essa movimentação foi competentemente "vendida" pela equipe de marketing da Presidente como uma "faxina ética". Por mais absurdo que possa parecer, ouso acreditar sinceramente que a Presidente Dilma não ficou infeliz pelos acontecimentos, especialmente com relação ao primeiro ano, quando pôde diminuir a influência de Lula, do PT e Partidos satélites no seu Governo.

Do website da BBC em português: "A lembrança pode surpreender os mais críticos: no fim do seu primeiro mandato, a presidente tinha 59% de aprovação - o maior índice para um presidente neste período desde a redemocratização - e era elogiada por ser responsável pela 'faxina ética', quando demitiu ministros envolvidos em casos de corrupção."

Ouvi de um amigo e estou tendente a concordar: "ao contrário dos Governos Lula, a Presidente Dilma 'tangeu' um Governo que não foi desonesto, até aonde lhe foi permitido evitar. Foi incompetente mesmo!"

Aguarde a Lava Jato e o Impeachment no Capítulo V.

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