Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
domingo, 16 de janeiro de 2022
Cenas da pré-campanha
O cenário de pré-campanha dos presidenciáveis 2022 tem trazido situações as mais diversas. Algumas hilárias, outras constrangedoras, umas poucas substantivas quando os candidatos acenam para seus programas de governo etc.
As primeiras estratégias estão sendo delineadas de tal sorte que pouco a pouco sinalizações são feitas para as direções nas quais as campanhas vão navegar. Pelo menos nesse primeiro momento.
O pré-candidato Lula buscou a proximidade com Geraldo Alckmin, seu algoz de 2018, como um recado ao mercado. Seria a "Carta aos brasileiros" de 2022. O Senhor Alckimin, que consta teria hoje a preferência para o Governo de São Paulo, precisa ficar atento. Consulte o também presidenciável Ciro Gomes sobre sua mudança de domicílio eleitoral por inspiração de Lula, levando seu título de eleitor de Sobral para São Paulo. Quais compromissos, posteriormente não cumpridos, envolviam aquela movimentação? Segundo o eterno candidato de Sobral, em declaração registrada em vídeo e amplamente divulgada em redes sociais, o Lula é "um malaca, encantador de serpentes, um mentiroso". Esses são os mais brandos títulos com os quais ele homenageia o ex-Presidente. Há emitido acusações muito mais graves também em público. Imagine o que não deve dizer no privado!
Do mesmo modo o pré-candidato do PT vem evitando circular em público, dando preferência a reuniões fechadas, apesar de a mídia dia sim e outro também divulgar pesquisas nas quais Sua Excelência ganharia a eleição no primeiro turno. Do ponto de vista da Economia em seu eventual Governo, a sinalização foi forte e definitiva. Atendendo a convite da Folha de São Paulo para que os diversos pré-candidatos indicassem assessores para delinear diretrizes econômicas para o país, ele nomeou o Sr. Guido Mantega, ex-Ministro de seus Governos e dos Governos Dilma. O Senhor Mantega é aquele mesmo que ficou conhecido no Departamento da Propina da Odebrecht como o "Pós-Itália" (leia artigo "A Volta do Pós-Itália" em https://nilosergiobezerra.blogspot.com/.../a-volta-do-pos...).
O pré-candidato Ciro Gomes continua seu périplo de entrevistas e palestras, atirando para todos os lados. Seu brilhante marqueteiro parece ainda não ter estabelecido o alvo para seu início de campanha, de tal sorte que em determinado momento ele agracia o ex-Presidente Lula, a quem serviu como Ministro e a quem seguiu com fidelidade canina por cerca de 20 anos, com a adjetivação exposta acima. No momento seguinte, pede o impeachment do Presidente Bolsonaro e o ameaça (a ele e à família) com cadeia quando largar o mandato. Afirma que tem provas da corrupção do Presidente desde quando Deputado Federal de quem foi colega, onde ele "praticava a rachadinha com os funcionários e roubava até a gasolina da Câmara". Mas impagável mesmo é seu vídeo desafiando o ex-Ministro Sérgio Moro para um debate. Primeiro ele simula uma "voz" de pato para em seguida largar um "vem, fuleragem!". Se meus três leitores ainda não viram esse vídeo, não deixem de buscar no YouTube. Vale a pena! Tenho 100% de certeza de que não foi aprovado pelo competente João Santana.
O ex-Ministro e provável candidato da terceira via, Sérgio Moro, deu uma largada animadora com dois dígitos de intenção de votos em pesquisas recentes. É uma pena que estejam sendo tão questionadas essas pesquisas por grande parte de analistas. De fato, quando uma pesquisa coloca um percentual maior ou igual para um candidato, na pergunta livre em relação à estimulada, perde completamente a credibilidade. E isso aconteceu em recente pesquisa divulgada por veículos de comunicação dos maiores. De todo modo, o Dr. Sérgio Moro tem o respeito e admiração de grande parte da população. Mas ganha a eleição quem tem mais votos, e o ex-Juiz deve pelo menos até maio atingir os quinze ou dezesseis por cento de intenção de votos, de preferência tirando do Presidente Bolsonaro, para acenar com a viabilidade de sua candidatura. Do contrário, a polarização que se desenha será consolidada, inviabilizando a sua e qualquer outra candidatura que deseje ocupar a dita terceira via.
O Presidente Bolsonaro, pré-candidato à reeleição, não foge à sua característica. Todo dia cria um novo desafeto ou realimenta desafetos já estabelecidos. O Presidente está conseguindo a incrível proeza de ressuscitar a esquerda brasileira que jazia putrefata em um canto qualquer da história, como escrevi há quase dois anos (em 4 de abril de 2020) em artigo intitulado "O Estalo de Vieira" - https://nilosergiobezerra.blogspot.com/.../o-estalo-de.... Dois episódios recentes, a meu juízo, podem ter prejudicado eleitoralmente o Presidente: a carta que (consta) o ex-Presidente Temer escreveu e ele assinou, para mim uma desmedida capitulação e humilhação, e a Nota do Presidente da Anvisa - um primor de texto na forma e no conteúdo. Se Sua Excelência não tinha o menor indício de corrupção ou mesmo de interesse não republicano naquele órgão, não devia ter "cutucado a onça com vara curta". Recentemente voltou a acusar os Ministros Barroso e Alexandre de Morais de agirem politicamente na Suprema Corte. É bem verdade que muitas das decisões dos citados Ministros são estranhamente heterodoxas, para dizer o mínimo. Mas o Chefe do Poder Executivo tem instrumentos e dispositivos legais para questionar decisões, sem que para isso precise "bater boca" com autoridades através da mídia ou de redes sociais.
Nos últimos dias, Bolsonaro tem centrado suas baterias contra o ex-Ministro Sérgio Moro. Certamente o aparato de inteligência do Governo identificou alguma migração de votos do Presidente para o pré-candidato da terceira via. De sorte que o Presidente, em uma das suas já famosas "lives" das quintas-feiras, ocupou boa parte do tempo mostrando quanto foi solidário com o ex-Ministro quando do vazamento dos supostos documentos pelo "The Intercept". O objetivo era claramente mostrar um Moro ingrato e traidor. Não creio que a maioria da população "comprou" a ideia. Há uma afirmativa do Presidente, no entanto, que me causa um verdadeiro incômodo. Quando tento montar a imagem mental do episódio, ela não se estabelece convincentemente. Pelo perfil dos persongens, algo não está casando. Sua Excelência afirmou que quando instado a trocar o Superintendente da Polícia Federal, o Ministro Moro teria dito: "você me indica para o STF em setembro e depois troca". Desculpe, Presidente, mas minha mente cartesiana não consegue deglutir a história como contada por você. Tenho a vaidade de conhecer um pouco da alma humana, mesmo à distância. Não, Presidente. Não dá para acreditar. Quer dizer que você acha que o Presidente está mentindo, poderia me perguntar um dos meus parcos leitores. E eu responderia: acho! Não devia ser assim, mas em política tudo é permitido. Já se dizia desde o início dos tempos que em política o feio é perder.
Em tempo: eu não creio que Lula será candidato. Desistirá antes de consagrado na convenção do seu Partido.
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