terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A volta do "Pós-Itália"




As apurações de corrupção pela "Operação Lava Jato" descobriram um tal Departamento da Propina da Odebrecht e dentro dele o que se convencionou chamar de Lista de Fachin. Essa lista nada mais era do que a relação de políticos e autoridades da República que recebiam propina originária de recursos desviados dos cofres públicos de diversas maneiras.

Essa lista ficou famosa, seja pela importância dos personagens participantes, seja pela criatividade nos apelidos que identificavam esses personagens. Constavam alcunhas como: "Amante" (Gleisi Hoffmann), "Amigo do meu pai" (Lula), "Atleta" (Renan Calheiros), "Belém" (Geraldo Alckmin), "Botafogo" (Rodrigo Maia), "Cavanhaque" (Hélder Barbalho), "Drácula" (Humberto Costa), "Guerrilheiro" (Zé Dirceu), "Italiano" (Antônio Palocci), "Mineirinho" (Aécio Neves), "Polo" (Jaques Wagner), "Pós Italiano" ou "Pós-Itália" (Guido Mantega) e muitos outros menos votados.

O Sr. Guido Mantega é um economista nascido na Itália e naturalizado brasileiro. Foi Ministro do Planejamento, Presidente do BNDES e Ministro da Fazenda nos dois mandatos do Presidente Lula e Ministro da Fazenda no período Dilma. Essa ativa participação nos Governos do PT e sempre em cargos de primeiro escalão, tornaram-no réu/investigado em alguns processos de corrupção ativa, passiva, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e práticas contra o sistema financeiro nacional.

O Jornal Folha de São Paulo abriu espaço para a publicação de artigos dos assessores econômicos dos principais candidatos a Presidente. Dessa forma, já encaminharam seus textos os assessores de Ciro Gomes - Nélson Marconi, João Dória - Henrique Meireles, Sergio Moro - Afonso Celso Pastore e pasmem, Lula da Silva indicou o Sr. Guido Mantega.

Apesar dessa forte e clara sinalização, aliados do petista afirmam que a escolha não envolve a campanha do ex-presidente e que Lula “nem anunciou candidatura”.

"Esses mesmos interlocutores afirmam que Lula e Mantega têm contatos frequentes, mas que não significa nenhuma sinalização em relação a uma possível candidatura". Essas afirmações de pessoas próximas do ex-presidente permitem duas leituras: não quer se comprometer publicamente com o Sr. Mantega pelo seu envolvimento com a justiça ou não quer afirmar definitivamente que é candidato. Ou ambos. A verdade é que vai ser difícil para Lula, se realmente confirmar sua candidatura, encontrar auxiliares com a ficha limpa para montar sua equipe de campanha.

O descrito acima é muito grave, mas não é tudo. Como bem registrou o colunista Ricardo Rangel na edição de hoje (04/01/2022) da Folha, "Mantega foi o ministro da Fazenda mais longevo da história do país e se existe alguém que personifica a desastrosa política econômica do PT — essa excrescência a que se deu o pomposo e pretensioso nome de “Nova Matriz Econômica” —, esse alguém é ele. A Nova Matriz Econômica derrubou o PIB em mais de 8% e fez disparar o desemprego, a inflação e os juros. É a incompetência de Bolsonaro e Guedes que nos impede de sair no buraco, mas quem nos jogou no buraco não foram eles. Foram Lula, Dilma e Mantega."

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Atualizado em 05/01/2022 às 12:16h.

Moro ironiza artigo de Mantega: “Impressão minha ou Pós-Itália omite a grande recessão?”

Ciro Gomes:
"A síntese do pensamento econômico do lulismo, pobre e cinicamente produzida por Guido Mantega, hoje na Folha, é uma das peças mais hipócritas e ambíguas já vistas. É uma mistura de "Carta aos Brasileiros" envergonhada e nacional desenvolvimentismo de araque."

Do Radar Econômico da Veja:
"Guido Mantega 'esquece' Dilma Rousseff em artigo para Lula. Ex-ministro faz releitura conveniente das gestões petistas e brinca com o calendário."

De Fernando Castilho no UOL:
"Mantega na economia assusta mercado, mas Lula e PT sempre atuam assim. No ministério da Fazenda, Mantega mudou despesas e receitas dentro das empresas estatais para apresentar um resultado positivo nas contas."

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