Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
domingo, 21 de setembro de 2025
Entre Terminais e Reflexões
Estava chegando da Suíça, de uma viagem rápida em que visitei cidades de 3 países. Férias merecidas. O desembarque do avião da Air Europa foi no Terminal 2 do Aeroporto André Franco Montoro, em Guarulhos, São Paulo. Eu teria que fazer uma conexão para Curitiba, cujo check in doméstico é no Terminal 1. Não sei por quais desígnios do destino construíram o Terminal 1 a uma distância de pelo menos 15 minutos de ônibus de onde eu desembarcara. "Mas é de graça", informou-me gentilmente o policial, indicando-me a parada do "shuttle".
Com uns bons vinte minutos de espera em uma fila mediana, entrei no ônibus lotado. Para minha surpresa, um jovem de aproximadamente uns 25 anos levantou prontamente e ofereceu-me sua poltrona. Sua aparência humilde e o fato de estarmos no Brasil, surpreendeu-me. Preconceito imperdoável! Recusei educadamente, agradecendo seu gesto. Caminhei um pouco pelo corredor, conduzindo minha mala "carry on" e a inseparável bolsa a tiracolo que conduz meu também inseparável MacBook. Desta vez foi um homem de meia-idade que levantou e quase forçou-me a sentar, ainda que eu polidamente recusasse e agradecesse. Não houve jeito. Eu teria que fazer aquele pequeno trajeto entre os Terminais, sentado confortavelmente em uma poltrona do "shuttle" por exigência do educado senhor.
Sentei-me e acomodado na poltrona comecei a refletir. Percebi como muitas vezes desvalorizamos e subestimamos os sentimentos e a generosidade da maioria dos brasileiros. Aqueles gestos simples carregavam grandeza e me fizeram pensar sobre como, aos olhos dos outros, já sou visto como alguém merecedor de atenção especial, alguém que deve ser cuidado, pela idade.
Do alto dos meus bem vividos 77 anos, sigo senhor dos meus destinos e das minhas ações. Talvez a barba branca, cultivada desde 1973, quando ainda era preta, seja a responsável por essa percepção. Mas fazer o quê? É minha "marca registrada". Sinto-me bem com ela. O correto, portanto, é aceitar com gratidão os cuidados que a vida me presenteia, ainda que eu insista em não me reconhecer plenamente nesse "idoso" que os outros enxergam em mim.
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