sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O PT e suas concessões




O Partido dos Trabalhadores faz uma concessão ao "golpista" Baleia Rossi, apoiando-o à Presidência da Câmara Federal. Posição absolutamente pragmática mas não inédita ou surpreendente. Foram muitos os negacionismos (para usar uma expressão muito em moda na atualidade) às bandeiras históricas do Partido.

Em junho de 2002, num aceno à Avenida Paulista e para tornar-se palatável à "elite", o candidato Lula da Silva lançou o que convencionou chamar de "Carta ao Povo Brasileiro". Se por um lado o "Movimento dos trabalhadores rurais sem terra" reagiu lançando um documento intitulado "Carta ao Povo Brasileiro e ao Presidente Lula", conclamando o PT e Lula a atuarem para transformações sociais radicais no Brasil, o cientista político André Singer, afirma que "o documento é o principal indicador da adoção de políticas em prol do capital financeiro como diretriz do governo de Lula".

Com o sucesso nas urnas em 2002, o Presidente rejeitou o apoio do PMDB negando qualquer negociação com o Partido. Aí nascia o embrião do Mensalão, ou seja, a negociação no varejo com os Deputados na Câmara.

Em 30 de junho de 2006, por solicitação do Presidente Lula com temor de um processo de impeachment na esteira do escândalo do Mensalão, o PMDB reuniu seu Conselho Nacional com 65 membros, e quase pela unanimidade decidiu apoiar o Governo do PT, com o voto contrário apenas do Senador Jarbas Vasconcelos. Nessa oportunidade, o aliado fiel de Lula, ex-Presidente Sarney afirmou: "Estamos fazendo coalizão com o presidente da República e não com o PT. Eu acredito no presidente Lula", Enquanto isso o Presidente do PMDB, Michel Temer, "evita entrar no assunto neste momento porque sabe que a briga por ministérios será o próximo embate interno do partido."

Em 2 de janeiro de 2015, após a segunda eleição da Presidente Dilma, Joaquim Levy foi nomeado Ministro da Fazenda, numa tentativa de antecipar solução para a profunda crise econômica que já se desenhava. O Ministro Levy, oriundo de banco privado, era conhecido no mercado financeiro como um dos "Chicago boy". Essa escolha desagradou profundamente a setores ideológicos mais radicais. Durante todo o período em que permaneceu no Governo, o Ministro Levy sofreu críticas de parlamentares do próprio PT e de centrais sindicais.

Os citados, são apenas alguns dos momentos em que o Partido teve que agir pragmaticamente para alcançar ou permanecer no Poder, anseio legítimo de qualquer Partido. O que não é legítimo (nem legal), é a leniência com o erro ou a roubalheira.

Portanto o apoio a Baleia Rossi não é para estranhar, nem o ódio ao Presidente Bolsonaro. Afinal, o despreparado e politicamente incorreto ex-capitão do exército - royalties para mim em “https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2018/10/quem-criou-jair-bolsonaro-apesar-de.html" - submeteu o Partido à mais humilhante derrota, vencendo-o usando um telefone celular e uma dúzia de “Fake news”. O mega-articulador do impeachment de Dilma, Deputado Baleia Rossi, não se trata apenas de uma pessoa umbilicalmente ligada ao ex-Presidente Temer, ou mesmo por ser ele o atual Presidente do MDB. Trata-se de um dos principais “golpistas” do Congresso. Portanto queridos (2 ou 3 leitores) que acompanham meus escritos, não se surpreendam se em 2022 o ex-Presidente Lula for o candidato a Vice-Presidente na chapa de Bolsonaro, naturalmente após ser inocentado dos ainda seis ou sete processos dos quais é réu ou investigado na justiça brasileira.

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