domingo, 17 de janeiro de 2021

Game Over




Estamos a 72 horas do "Inauguration Day", o dia em que sob forte esquema de segurança haverá a troca de comando na Casa Branca. Sai o Republicano Donald Trump e assume o Democrata Joe Biden.

Do ponto de vista de política externa, não se identificam mudanças radicais nos programas de ambos os Partidos, a não ser em questões muito pontuais. As grandes diferenças entre suas plataformas partidárias encontram-se majoritariamente nas questões internas. especialmente na pauta de costumes.

Questões como o aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, imigração, mudanças climáticas entre outras menos votadas, estabelecem os pontos de discórdia entre as bandeiras dos principais Partidos.

Pode-se afirmar hoje que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixará a Casa Branca, embora com relutância, em 20 de janeiro. E qual seria seu legado?

Apesar de ainda muito cedo para avaliar-se como será visto seu Governo, é forçoso reconhecer que o Presidente Trump internamente promoveu políticas que contribuíram definitivamente para um robusto crescimento econômico. Um corte na alíquota tributária muito alta das empresas e a flexibilização de alguns regulamentos excessivamente onerosos estão entre essas políticas. Do ponto de vista externo, o novo pacto comercial da NAFTA (com o México e o Canadá) e o estabelecimento de uma nova postura, mais sóbria e crítica com relação à China, podem ser creditados na sua coluna de ativos.

No meu entender, os maiores fracassos da curta era Trump situam-se na condução do combate ao Sars-CoV-2 (CoranaVirus) e fundamentalmente sua incapacidade de unir a sociedade americana. Ao contrário, o Presidente contribuiu durante toda sua gestão para aprofundar o fosso entre os contrários (veja artigo publicado em 6 de fevereiro de 2020 - https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2020/02/o-artigo-ii-secao-3-da-constituicao-dos.html). Coroando o desastre nessa área com o incitamento à invasão do Capitólio, templo da democracia americana, causando 5 mortes e dezenas de feridos.

Há 3 dias a Câmara Federal (House) aprovou texto indicativo de abertura de processo de impeachment do Presidente Trump. Essa indicação deverá ser enviada ao Senado que se encontra em recesso no momento. Quando reiniciar os trabalhos, justamente no dia 20 próximo, receberá a autorização para o impeachment de um ex-Presidente, uma vez que Trump já deverá ter transmitido o cargo. Esse processo deverá ser continuado e poderá ter dois desfechos: 1. O Senado precisará de dois terços dos votos para o impedimento. Improvável (as cadeiras naquela Casa estão divididas meio a meio) mas não impossível (há um crescente movimento dentre os Republicanos para afastar Donald Trump, que nunca foi aceito como "um deles"). 2. O Senado não alcança os dois terços dos votos e o processo é arquivado.

O simples fato de acontecer a situação número 1 descrita acima, não impedirá que o ex-Presidente seja novamente candidato em 2024, seja disputando as primárias Republicanas, seja como candidato independente. Para que isso aconteça é necessário que o Senado abra, em seguida ao seu impedimento, um processo de condenação das ações de Trump constitucionalmente e conseguir garantir a inelegibilidade dele para 2024. E nesse caso com mais facilidade, uma vez que para condená-lo seria necessária apenas a maioria simples.

O que não repousa dúvida é que seja no Partido Republicano, em outro Partido menor ou mesmo como candidato independente, o Trumpismo hoje é uma força política nos Estados Unidos, apesar do tremendo desgaste sofrido com as últimas inapropriadas, despropositadas mesmo, ações que o Presidente protagonizou.

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