
O jornalista Leandro Fortes, criador da Agência PT de Notícias e que coordenou as redes sociais do Partido dos Trabalhadores durante a campanha eleitoral de 2014, escreveu quinta feira última (09/04/2020) no blog panfletário Brasil247: "Ciro usa de mau caratismo ao falar do PT e de Lula". Não entrarei no mérito do que pensa o jornalista e a quase totalidade dos militantes petistas sobre o ex-Governador do Ceará, apesar de Ciro Gomes dizer que "eu apoiei Lula todos os dias sem faltar nenhum ao longo dos últimos 16 anos". Eles "que são brancos" que se entendam.
Gostaria, no entanto, de comentar apenas um trecho do artigo do Sr. Fortes que no meu entender carece de honestidade intelectual. Diz o jornalista: "Na falta de um Fernando Collor, a classe dominante pensou em colocar na Presidência da República um boneco inanimado como Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, do PSDB. O retorno dos tucanos, sonho dourado de banqueiros, barões da imprensa, grandes empresários e especuladores do mercado financeiro se transformou no pesadelo chamado Jair Bolsonaro."
Como pode o retorno dos tucanos ser o sonho dourado dos banqueiros se o próprio ex-Presidente Lula afirmou durante discurso na avenida Paulista em março de 2016, que os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro como durante o mandato dele. Com efeito, a Revista Veja de 12 de setembro de 2014, em profunda e circunstanciada reportagem, estabelece que "Bancos lucraram 8 vezes mais no governo de Lula do que no de FHC".
Por que os barões da imprensa desejariam o retorno dos tucanos se o PT foi o mais pródigo e perdulário em gastos com publicidade? O jornalista Fernando Rodrigues publica em 29 de junho de 2015 que "No seu primeiro mandato (2011-2014), a presidente Dilma Rousseff gastou 23% a mais com propaganda do que seu antecessor, o petista Luiz Inácio Lula da Silva". Essa despendeu 9 bilhões no seu primeiro mandato enquanto aquele teria gasto 7,3 bilhões no segundo mandato. O falecido jornalista Paulo Henrique Amorim, titular do insuspeitíssimo blog "Conversa Afiada", em reportagem publicada em 21/03/2017, relata o seguinte:
"Na campanha presidencial de 2010, Dilma Rousseff visitou a sede de Rede Record, em São Paulo, na companhia de seu futuro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
Diretores da Record, entre eles o diretor de Jornalismo Douglas Tavolaro, e alguns jornalistas, entre eles o ansioso blogueiro (aqui o jornalista refere-se a ele próprio), participaram de um almoço frugal.
A certa altura, alguém perguntou à candidata se, eleita, o BNDES salvaria a Globo de novo.
Ela respondeu, na lata:
- Olha aqui quem salvou a Globo! Foi ele!
E apontou para o Palocci".
Por último mas não menos importante, em 30/06/2015 a Folha de São Paulo publica reportagem com direito a chamada de primeira página, cujo título é: "TV Globo recebeu R$ 6,2 bilhões de publicidade federal com PT no Planalto".
Certamente os grandes empresários não sonham com a volta dos tucanos ao poder. Arriscaria dizer que o "sonho dourado" destes seria o retorno triunfal de Lula, ZeDirceu, Dilma et caterva ao comando do país, por razões óbvias. A figura acima ilustra bem o que foram os governos do PT para os grandes empresários. As "Campeãs Nacionais" levaram a maior parte do dinheiro do BNDES, a um custo de 7,5% e captado a 12,5% ao ano no mercado. O banco transformou-se em verdadeiro Robin Hood ao contrário.
Em 21/03/2017 o UOL Economia publica reportagem em que afirma:
"Empresas com relações com o governo têm acesso a esse mercado de juros subsidiados próximos aos 7,5% ao ano, enquanto as empresas comuns têm que buscar crédito no mercado privado com juros muito maiores. Por empresas comuns, leia-se: as micro e pequenas empresas, que são responsáveis por 84% dos empregos no país. Quase dez anos após o início da política de campeãs nacionais, os resultados são diferentes do idealizado por Lula, Luciano Coutinho e Dilma. Praticamente todas as empresas do grupo EBX pediram recuperação judicial ou foram vendidas. Eike Batista está na cadeia, acusado de corrupção. A Oi, a supertele brasileira, não conseguiu evoluir no setor e pediu recuperação judicial, assim como a LBR, outra escolhida para ser campeã na venda de laticínios." Sem considerar outras menos votadas, sabemos exatamente o que aconteceu com a BRF e JBS.
Como dizem os espanhóis, los hechos son los hechos (os fatos são os fatos), ou lembrando Dr. Ulisses Guimarães - Sua Excelência os Fatos, ou ainda, contra fatos não há argumentos. O Sr. Leandro Fortes pode escolher qualquer desses aforismos...
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