Apesar de não enxergarmos a fé e o amor, temos aquela e sentimos este ao longo de toda nossa vida. O filósofo e jornalista italiano Giovanni Papini escreveu que o homem é um animal gregário. "Tem necessidade de se sentir cotovelo com cotovelo, pele com pele, no calor de uma multidão, ligado, seguro, uniforme, conforme. Se o leão anda só, em nós predomina o instinto ovino, do rebanho - os próprios individualistas, para afirmar o seu individualismo, congregam-se: sempre segundo a prática ovina".
Familiares e amigos, além de conhecidos e mesmo alguns desconhecidos (a todos a quem agradeço novamente pelas orações), sabem que recentemente estive hospitalizado durante quase um mês, dois terços desse período em Unidade de Terapia Intensiva, em momentos visitando a fronteira da morte. A pandemia que assola o planeta (seu agente infeccioso, o vírus SARS-CoV-2), há feito milhares de vítimas no Brasil. Felizmente faço parte da estatística dos sobreviventes, recuperados ou em via de recuperação.
Nem sempre mas em muitos casos, mesmo vencer a doença trás um custo (físico e emocional) que não é pequeno. A exigência da complementação do oxigênio para a respiração, seja através de cateter, elmo ou intubação (nos casos mais graves), não se trata apenas de desconforto. O que dizer da imobilidade, da dependência de terceiros para sua higiene diária, do jejum quase integral por absoluta falta de apetite (certamente provocada pela tempestade de medicamentos ministrados), das mais de 50 injeções na barriga, da colheita de sangue quase diária para exames (dói, dói muito colher sangue para o exame de gasometria), da abertura de acesso periférico, geralmente no punho e do acesso central na jugular (meu Deus, quanta dor!)? Além de tudo isso e de mais uma dezena de situações de desconforto, do sofrimento causado aos familiares e amigos, a convalescença é lenta e penosa, em alguns casos deixando sequelas para sempre.
Acabo de receber através de grupo de amigos em aplicativo de comunicação, imagens de um baile funk convocado por redes sociais e acontecido dentro de um trem da Supervia no Rio de Janeiro. Apenas uma frase vem-me à mente neste momento: "“Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” (Lucas 23.34)."
Amigo! Ótimo texto onde você descreve com detalhes todo o seu sofrimento ocasionado pela contaminação do Covid19.
ResponderExcluirVocê também descreve o comportamento humano diante dessa Pandemia, onde fica evidente atitude do “Comigo não acontece”!
Cito o caso do meu sobrinho com 36 anos que pratica “Surf” e corre 5 quilômetros quase todo dia na praia da Caponga em Cascavel, ele sempre falava que esse vírus só ocasionava reações graves em idosos e pessoas fracas sedentárias! O resultado foi contaminado, ficou em casa tratando como se fosse uma gripe, e a consequência teve que ser hospitalizado em estado grave.
Graças a Deus após duas semanas recebeu alta!