sábado, 24 de agosto de 2019

Demita o Moro, Presidente!




Era impossível prever o resultado da eleição de 2018 alguns meses antes. Quem diria que um deputado federal do baixo clero, com seis mandatos, sem partido, sem dinheiro, concorrendo com candidatos milionários de partidos gigantes em nível nacional, seria eleito Presidente da República? Provavelmente foi o único que soube interpretar o sentimento latente na sociedade brasileira, cansada de tantos desencontros entre seus desejos e necessidades, e os caminhos trilhados pela classe política. Sua forte mensagem contra a corrupção encantou nosso sofrido povo.

O Governo começou com um profundo desenho de esperança. A ideia de pôr Ordem na casa e trazer Progresso para o país, consolidava-se pela independência na escolha de Ministros fartamente identificados com as bandeiras da campanha. À exclusão daqueles 30% residuais e permanentes votantes da esquerda, a maioria acreditava numa gestão diferente. No seu Ministério pontificam figuras emblemáticas do que representam as bandeiras vitoriosas na eleição. O Ministro Moro consolida a ideia da independência no combate sem tréguas à corrupção e ao crime organizado, lastreado no fortalecimento dos órgãos associados a esse combate. Por outro lado, Ministros como Paulo Guedes e Tarcisio Gomes de Freitas tentam garantir a retomada do crescimento econômico, a criação de empregos, a prosperidade enfim.

Não é o que se está vendo, infelizmente. Se os Ministros Tarcisio e Paulo Guedes fazem um esforço sobre-humano para alcançar resultados, apesar dos esgarçados recursos disponíveis, as indesejáveis intervenções em instituições como a Polícia Federal e a Receita Federal, apenas comprometem seu compromisso de campanha de combate sem trégua à corrupção. A cristalina falta de apoio à proposta do Ministério da Justiça e Segurança Pública encaminhada ao Congresso Nacional, apenas fortalece a ideia do estelionato eleitoral.

A sociedade brasileira ainda vê no Ministro Moro (para ódio da esquerda) um paladino da justiça, o símbolo daquilo que ela mais deseja - que ninguém esteja acima da lei. Não à-toa, em todas as pesquisas de opinião o ex-Juiz Moro pontifica como o mais acreditado e confiável. Enfraquecer o Ministro como ultimamente faz o Presidente, é enfraquecer o próprio Governo.

Num exercício de premonição, ousei escrever dois despretensiosos textos a respeito desse assunto. Você os encontra na Internet nos seguintes endereços: "https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2018/10/diga-nao-moro.html" e "https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2018/12/eu-te-disse-moro.html".

Se o Presidente Bolsonaro sonha com um segundo mandato, e ele sonha, a última coisa a fazer é demitir o Ministro ou dificultar seu trabalho à frente do Ministério. A sabedoria popular ensina que "um raio não cai duas vezes no mesmo lugar".

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

God bless America!




“We weaken our greatness when we confuse our patriotism with tribal rivalries that have sown resentment and hatred and violence in all the corners of the globe. We weaken it when we hide behind walls, rather than tear them down, when we doubt the power of our ideals, rather than trust them to be the great force for change they have always been.” — Senator John McCain (2018).

Um dos meus prazeres quando visito os Estados Unidos é conversar com o americano de classe média das mais diversas tendências. Ouvir o Republicano, o Democrata, o Independente e mesmo o apolítico, fornece-me elementos para filtrar uma opinião.

Ouvi de um amigo, “baby boomer” americano (geração Woodstock), que desde a década de 1960 não havia visto a sociedade americana tão dividida. Naquela década, foram assassinados o Presidente John Kennedy, seu irmão e Senador Robert Kennedy, o líder religioso e maior expressão contra o apartheid Marthin Luther King Jr, entre outros. Era o auge da Guerra do Vietnam, o maior desastre bélico dos Estados Unidos e que encontrava enorme resistência do seu povo, principalmente dos jovens.

Nos dias atuais, a nação parece irrevogavelmente fraturada entre - republicano / democrata, elefante / burro, liberal / conservador, vermelho / azul, etc. O convite para o jantar de Ação de Graças (Thanksgiving - tradicional jantar anual da família americana) vem sempre acompanhado de uma recomendação para ser evitada a discussão de política ou religião.

Ainda que aparentemente não se debite a divisão à ideologia, a crescente polarização entre Republicanos e Democratas tem sido determinante, haja vista sua diferença na condução das políticas relacionadas à discriminação racial, imigração, diplomacia internacional, ajuda governamental aos mais necessitados, para citar apenas as mais importantes.

Uma outra maneira de analisar-se essa fragmentação social, é através de duradouro estudo de 2012 do professor de ciência política da Universidade de Stanford, Shanto Iyengar. No estudo, a polarização política foi analisada de diferente ângulo - não de como o indivíduo se posiciona em questões políticas, mas como eles se sentem sobre os adversários. "A partir de dados de pesquisas que duraram várias décadas, o estudo descobriu que os sentimentos daqueles que se associam como democratas ou republicanos em relação aos membros do partido adversário, tornaram-se cada vez mais negativos desde o final dos anos 80. O padrão geral de antipatia foi espelhado por outras métricas específicas de 'distância social' - desaprovação do filho de se casar com alguém do partido adversário, bem como a atribuição de estereótipos negativos (por exemplo, mente fechada, hipócrita, egoísta). Curiosamente, essa 'polarização do afeto' não estava tão relacionada à ideologia (ou seja, onde alguém se posicionava sobre questões políticas) quanto à identidade partidária em si."

Em estudo recém publicado, “Ideólogos sem problemas: as conseqüências polarizantes das identidades ideológicas” (“Ideologues Without Issues: The Polarizing Consequences of Ideological Identities”), a professora da Universidade de Maryland, Lilliana Mason, ampliou as descobertas de Iyengar abordando dois aspectos distintos da ideologia política - “baseada em questões” (definida por o que se acredita sobre as questões) e “baseado na identidade” (definido pela identidade social de afiliação partidária). Ao examinar os dados das pesquisas da Dra. Liliana, o fator mais importante da distância social foi a ideologia baseada na identidade - como o americano define-se como democrata ou liberal, em oposição ao republicano ou conservador - não como encaram as diversas questões.

Essa conclusão ajuda-nos a compreender campanhas e posicionamentos políticos de hoje, por exemplo, como os políticos posicionam-se e por que a hipocrisia parece ser tão comum. Para a maioria do eleitorado, o filiar-se a uma corrente política não é tanto sobre as questões, mas para fazer parte do "azul" ou "encarnado". Assim, o oposto entre "nós" e "eles", transforma "liberais" em "comunistas" e “conservadores” tornam-se “fascistas”.

É diante dessa ecologia social que transcorrerá a eleição presidencial americana de 2020. Enquanto os Republicanos não encontraram ninguém para desafiar o desejo à reeleição de Donald Trump, os Democratas debatem-se em pre-candidaturas (eram 22 pretendentes, já resumidos a uma dezena) em busca não do seu melhor candidato, mas daquele que mais facilmente possa derrotar o Presidente Trump.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

"Volta, Dilma!"




Depois de uma profunda reflexão quero rever minha posição. Salvar a economia não é realmente importante, a não ser para a herança maldita dos treze milhões de desempregados e para os pequenos empreendedores proprietários da devastação que houve no mercado ("944 mil empresas fecharam em 2014 no Brasil, diz IBGE - Economia - iG", "1,8 milhão de empresas fecharam em 2015 - Economia - Estadão").

Nada justifica a entrega das nossas riquezas, a menos de uma refinariazinha aqui para a Bolívia ("Lula confessa que deu refinaria para a Bolívia - YouTube)", um emprestimozinho ali ("865,42 milhões de dólares destinados à construção da Usina Siderúrgica Nacional no Estado de Bolívar, na Venezuela"), um portozinho financiado acolá ("O BNDES financiou 682 milhões de dólares do Porto de Mariel, em Cuba"), entre outros "brindes" para países "amigos".

Vamos matar na origem essa ideia de deixar os índios explorarem suas reservas, e voltar a distribuir os recursos do Fundo Amazônia para as quase 800 ONGs (brasileiras e estrangeiras) que atuam na região.

Anular todas as providências tomadas pelo Ministro Moro no sentido de diminuir a violência no país, afinal só diminuiu em cerca de 25% o número de assassinatos nos primeiros seis meses. Não devem ser encaradas como importantes as 65.000 vítimas anuais por morte violenta que vieram dos Governos anteriores.

Parar imediatamente esse "vira latismo subserviente" da nossa política externa. Exigimos que anulem o acordo com a Comunidade Econômica Europeia, parem as negociações oficiais com os Estados Unidos para um acordo de livre comércio, e voltemos os nossos entendimentos para as "potências" de Cuba, Venezuela, Angola, Moçambique, Guatemala, etc.

Não aceitaremos nepotismo, apenas se algum companheiro estiver em vias de ser preso por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, poderemos nomeá-lo para um cargo que lhe dê foro privilegiado.

Nada justifica essa tragédia que estamos vivendo. Por isso, declaro humildemente que a partir de hoje pretendo engajar-me no movimento "Volta, Dilma!"