
Era impossível prever o resultado da eleição de 2018 alguns meses antes. Quem diria que um deputado federal do baixo clero, com seis mandatos, sem partido, sem dinheiro, concorrendo com candidatos milionários de partidos gigantes em nível nacional, seria eleito Presidente da República? Provavelmente foi o único que soube interpretar o sentimento latente na sociedade brasileira, cansada de tantos desencontros entre seus desejos e necessidades, e os caminhos trilhados pela classe política. Sua forte mensagem contra a corrupção encantou nosso sofrido povo.
O Governo começou com um profundo desenho de esperança. A ideia de pôr Ordem na casa e trazer Progresso para o país, consolidava-se pela independência na escolha de Ministros fartamente identificados com as bandeiras da campanha. À exclusão daqueles 30% residuais e permanentes votantes da esquerda, a maioria acreditava numa gestão diferente. No seu Ministério pontificam figuras emblemáticas do que representam as bandeiras vitoriosas na eleição. O Ministro Moro consolida a ideia da independência no combate sem tréguas à corrupção e ao crime organizado, lastreado no fortalecimento dos órgãos associados a esse combate. Por outro lado, Ministros como Paulo Guedes e Tarcisio Gomes de Freitas tentam garantir a retomada do crescimento econômico, a criação de empregos, a prosperidade enfim.
Não é o que se está vendo, infelizmente. Se os Ministros Tarcisio e Paulo Guedes fazem um esforço sobre-humano para alcançar resultados, apesar dos esgarçados recursos disponíveis, as indesejáveis intervenções em instituições como a Polícia Federal e a Receita Federal, apenas comprometem seu compromisso de campanha de combate sem trégua à corrupção. A cristalina falta de apoio à proposta do Ministério da Justiça e Segurança Pública encaminhada ao Congresso Nacional, apenas fortalece a ideia do estelionato eleitoral.
A sociedade brasileira ainda vê no Ministro Moro (para ódio da esquerda) um paladino da justiça, o símbolo daquilo que ela mais deseja - que ninguém esteja acima da lei. Não à-toa, em todas as pesquisas de opinião o ex-Juiz Moro pontifica como o mais acreditado e confiável. Enfraquecer o Ministro como ultimamente faz o Presidente, é enfraquecer o próprio Governo.
Num exercício de premonição, ousei escrever dois despretensiosos textos a respeito desse assunto. Você os encontra na Internet nos seguintes endereços: "https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2018/10/diga-nao-moro.html" e "https://nilosergiobezerra.blogspot.com/2018/12/eu-te-disse-moro.html".
Se o Presidente Bolsonaro sonha com um segundo mandato, e ele sonha, a última coisa a fazer é demitir o Ministro ou dificultar seu trabalho à frente do Ministério. A sabedoria popular ensina que "um raio não cai duas vezes no mesmo lugar".