
Bernie Sanders (Senador pelo Estado de Vermont, o segundo menor em população e essencialmente rural) acaba de anunciar sua disposição de submeter-se novamente às Primárias do Partido Democrático americano, com vista à eleição presidencial de 2020.
Se lembram, o Senador Sanders foi, entre todos os concorrentes em 2016, aquele que mais próximo esteve de derrotar Hillary Clinton dentro do Partido Democrata. Sua inserção no eleitorado, principalmente entre os mais jovens, foi de tal sorte que a consagrada candidata Democrata teve que fazer algumas concessões no seu programa de governo para acomodar bandeiras defendidas pelo Senador.
O Senador Sanders representa a ala mais à esquerda no espectro político, dentro do Partido Democrata. Para a próxima eleição presidencial, deverá disputar a indicação com pelo menos mais nove candidatos já em campanha e um total de vinte e quatro especulados. O animador para ele é que dentre as pesquisas apuradas no momento, posiciona-se em segundo lugar na preferência dos eleitores para ser o candidato Democrata, perdendo apenas para Joe Biden, que tem grande recall por ter sido Vice-Presidente de Barack Obama durante seus oito anos de mandato.
Em seu anúncio de candidatura às Primárias Democratas, o Senador praticamente repetiu suas bandeiras da eleição anterior.
Em 30 de agosto de 2018, avaliando o quadro político americano naquele momento, ousei escrever:
Sanders fez sua campanha defendendo saúde e educação gratuitas para todos, aumento (para o dobro) do salário mínimo, diminuição da desigualdade interpessoal, maior controle sobre a função social das empresas, flexibilização da imigração etc. Uma pauta mais que liberal, com um viés claramente socialista, e diametralmente oposta à pauta conservadora de Trump. Quando o Senador Sanders perdeu a indicação, sua contendora e correligionária Hillary Clinton absorveu algumas das bandeiras (lembro-me bem de dobrar o salário mínimo durante sua gestão e um movimento em direção às ideias imigratórias de Sanders, que já tinham sua simpatia), mas não foram suficientes para sensibilizar parte do jovem eleitorado de Sanders. Além da disputa das primárias ter sido muito renhida, ela representava a política tradicional com todos os seus defeitos e pecados.
Ouso dizer que nos próximos anos, no berço da democracia mais liberal do mundo, deverá nascer um forte Partido Socialista (talvez a recriação do Socialist Party of America, que cessou atividades na década de 70), ou quem sabe sejam eles os hegemônicos dentro do Partido Democrata.
Para saber as possibilidades de Sanders como candidato, e mais que isso seu sucesso para ser Presidente, devemos primeiro responder à pergunta que não quer calar: está a conservadora sociedade americana preparada para eleger um presidente com propostas tão progressistas quanto Sanders? O tempo dirá. Dependerá também do resultado da gestão conservadora atual, com quem o candidato Democrata deverá disputar a eleição, uma vez que ainda não apareceu no seio Republicano ninguém que possa disputar a indicação com o Presidente Trump.