segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Únicos na diversidade, iguais em nível espiritual




Tenho adotado como política no trato com minhas redes sociais, liberdade de expressão para todos aqueles que as visitam e decidem fazer qualquer comentário. Democracia plena. Isso tem resultado na manutenção de um grande número de "associados", de tal sorte que só bloqueio alguém (elimino da rede) quando sou alvo de ofensas de ordem pessoal. Apesar de muito cedo ter feito cadastro na maioria delas desde as finadas Orkut e MySpace, até as mais recentes Signal e Truth Social, em apenas cinco ocasiões tive o desprazer de ter que afastar o indivíduo.

Tenho recebido mensagens as mais diversas nas ditas redes, não raro questionando minhas posições políticas e criticando meus textos dedicados à contemporaneidade brasileira e em alguns casos até de outros países. Neles desnudo minha alma, sem ter a pretensão de convencer ou converter ninguém. Escrevo muito mais para consumo próprio e para ocupar meu ócio com criatividade. Apesar dessas frequentes críticas, entendo que quem expõe suas posições de forma pública deve estar preparado para receber objeções e eventualmente refutá-las. Não o faço com frequência porque em regra não me interessam as opiniões diversas que me são concedidas. Pensando assim é que não me recordo de ter visitado páginas alheias (à exclusão das do meu irmão Paulo Viana) para admoestar determinada opinião ou pensamento.

Respeito a diversidade porque sei que em nível espiritual somos todos iguais, mantidas as diferenças conforme nossa percepção, experiência ou opinião. E por isso mesmo somos únicos. Únicos na diversidade e nos valores absorvidos no exercício do viver.

Em tempo: nunca marquei ninguém para ler meus textos no Linkedin ou Facebook. No primeiro, tenho acima de 12.200 contactos e neste último tenho mais de 4900 membros na minha página, dos quais mais de 800 me seguem, por que incomodar os outros, marcando-os?

domingo, 13 de novembro de 2022

O pintor e o sapateiro


“Ne sutor ultra crepidam judicaret” é uma expressão latina que significa literalmente "Não deve o sapateiro julgar além da sandália".

Não se sabe se história real ou lenda, mas há o registro de que na antiguidade, o famoso pintor grego Apeles pintava os seus quadros e habitualmente expunha-os ao público, ficando escondido para ouvir as diversas opiniões. Um belo dia, expôs a pintura de uma mulher. Do seu esconderijo ouviu o comentário da costureira do local:

- Linda imagem, mãos maravilhosas, quase perfeita. Faria apenas um pequeno reparo na roupa: "o botão de cima está muito perto do queixo, com dois botões seria muito melhor."

Apeles ouviu e registrou.

Ao passar um cabeleireiro, admirou e elogiou a obra, não sem fazer a observação de que "O alfinete do lado esquerdo do penteado deveria estar um pouco mais para trás, isso deixaria o retrato perfeito."

Apeles anotou a observação do profissional.

Por último, chega o sapateiro que ficou deslumbrado com a beleza do retrato. E comentou:

- Para tornar-se perfeita apenas precisa colocar fivelas nos sapatos.

O pintor recolheu o seu quadro, levou-o para o atelier e atendeu às observações dos três profissionais. Uma vez concluído o retoque, voltou a expor o quadro no mesmo lugar. Escondido, como de hábito, ouviu o comentário da costureira: "Agora está perfeito!". Em seguida, o cabeleireiro passando surpreendeu-se com o quadro reformado e exclamou: "Sem mais reparos. Impecável!" Finalmente, o sapateiro ao passar e encontrar o retrato, olhou-o longamente e exclamou: "Os sapatos ficaram ótimos com a mudança, mas o vestido…".

Ouvindo o comentário do sapateiro, o pintor Apeles sai furioso do seu esconderijo e grita: "Não passes além dos sapatos!"

Passei grande parte da minha vida profissional trabalhando na área de Tecnologia da Informação, que no meu tempo era Processamento de Dados. Analista de Sistemas da IBM; Professor (concursado) de Ciência da Computação na Universidade Federal do Ceará; Sócio Administrador e responsável pela operação de duas empresas da área (Processa e Digital); Presidente de Empresa Pública Estadual de Processamento de Dados. Ainda hoje, apesar de aposentado, costumo mexer um pouco com essas novas tecnologias, ainda que a minha expertise em programação seja limitada à linguagem mais simples - HTML - que adquiri de forma autodidata.

Nas últimas semanas tenho encontrado nas redes sociais um vendaval de comentários, artigos, posts, "palpites" sobre o sistema de processamento de apurações de eleições adotado no Brasil. Mesmo com esse longo histórico profissional, ando longe de ser capaz de oferecer uma opinião. Seja por estar afastado dessa atividade há já algum tempo, seja por desconhecimento do sistema.

O que me surpreende é que analfabetos e não estou falando de desconhecedores da Tecnologia da Informação apenas, falo de analfabetos funcionais, tenham a ousadia de "palpitar" sobre o assunto, tangidos de um lado e outro pela ideologia. Juro que a exemplo do pintor Apeles, diante de tanto despautério, sinto ânsia de sair do meu esconderijo aqui no Cocó e gritar a plenos pulmões: "Não passes além dos sapatos!".