quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Capitulação e humilhação




Assisti com tristeza à humilhante (para o Presidente Bolsonaro) entrevista de Michel Temer à CNN. O desapreço que nutro pelo ex-Presidente Lula - por razões diversas, naturalmente - equipara-se agora ao que sinto pelo atual Presidente. Pobre Brasil, onde suas principais lideranças políticas são tão desprovidas de estatura moral necessária à condução dessa grande nação.

Diferentemente dos seguidores do Lulopetismo, que rapidamente conseguiram estabelecer um consenso argumentativo para tentar neutralizar as exaustivamente comprovadas acusações contra o PT e o ex-Presidente ("o PT não inventou a corrupção e Lula foi condenado sem provas"), os bolsonaristas ainda não encontraram uma justificativa para a capitulação do seu líder.

"O Presidente é um estrategista e tem uma carta na manga", "deu um passo atrás para dar dois pra frente", "Bolsonaro conseguiu aprisionar o STF com essa movimentação", "nenhum Ministro a partir de agora vai julgar contra o Governo, sob pena de dar argumento para uma intervenção", "esperem para ver", "o jogo apenas começou", "é um estadista, recuou pelo bem do Brasil" etc. Os seguidores do Presidente devem imediatamente afinar o discurso e, a exemplo dos seus adversários, encontrar um tema único e repetir até que eles próprios convençam-se, ainda que (como os outros) não consigam convencer à sociedade brasileira.

Do ponto de vista do STF, a julgar pelo discurso do Ministro Barroso quando da instalação de comissão de transparência e observatório das eleições, o jogo realmente não terminou. Emitiu críticas cruéis ao Presidente Bolsonaro, culminando em acusá-lo de farsante e ao seu Governo de fracasso e "populista em busca de culpados para o fiasco".

A Carta à Nação que consta foi escrita por Michel Temer e assinada por Bolsonaro, além do telefonema para o Ministro Alexandre de Morais seu algoz, não caracterizam apenas uma capitulação, mas uma humilhação sem precedentes infringida a um Chefe do Executivo do País.

Posso estar enganado em minha avaliação dos recentes episódios, mas creio que o candidato Bolsonaro, nos últimos três dias, deve ter perdido alguns milhões de votos. O que poderá fazer-lhe falta na eleição de 2022.

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