Um velho engenheiro aposentado que combate o ócio tentando escrever textos inspirados nos acontecimentos do cotidiano. Autor dos livros “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 1” , “INQUIETAÇÕES NOTURNAS, REFLEXÕES NAS MADRUGADAS” e “… E A VIDA ACONTECEU! FASE 2”.
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
A Democracia Soviética
A partir de hoje (17/09/2021) até domingo, os cidadãos russos irão às urnas para renovar as 450 cadeiras da Duma Estatal, o equivalente à Câmara Federal no Brasil. Essa eleição, a par da importância para o Presidente Vladimir Putin, será lembrada como o pleito em que o líder da oposição, Alexei Navalny está na prisão. Seu Partido foi banido e seus líderes foram presos ou fugiram do país. Dezenas de candidatos da oposição foram barrados ou desistiram de suas disputas.
O Rússia Unida, Partido de Putin, é amplamente majoritário desde a eleição de 2016 quando elegeu 343 membros da Duma. Apesar da repressão aos adversários, dificilmente o Rússia Unida repetirá o resultado. Em eleições livres segundo pesquisas, o Partido teria algo em torno de 30% dos votos. Sofreu um desgaste político muito grande, graças aos escândalos de corrupção e à deterioração da economia, levando à perda de poder aquisitivo da povo russo.
Vladimir Putin tem conduzido a política soviética com mão de ferro. Depois que assumiu o poder no final de 1999, ele efetivamente controlou a desordem conspícua e as barulhentas brigas internas que sob seu predecessor frequentemente bêbado, Boris Yeltsin, deixaram a Rússia com um estado que mal funcionava. Tudo indica, no entanto, que se aproxima a fadiga natural do poder longevo. “Os sinais são muito ruins. Acho que este é o pior ano da história pós-soviética ”, disse Andrei Kolesnikov, analista do Carnegie Moscow Center. “É o mesmo regime que tivemos por muitos anos, mas é muito mais repressivo e muito mais cruel.”
Em junho de 2020, Putin patrocinou uma reforma à Constituição que lhe permitirá permanecer no poder até 2036. Tal reforma foi ratificada por uma votação nacional com 78% de votos favoráveis com 68% de comparecimento. Putin apresentou seu projeto de reforma constitucional ao parlamento da Rússia, criando uma mega presidência com base no que já era considerado um sistema super presidencial.
É bem verdade que Putin não se comprometeu a concorrer à presidência em 2024. Mas alterar a constituição para que ele tenha a chance de concorrer, dá-lhe a vantagem sobre as elites, que - disse ele publicamente - também estiveram ocupadas preocupando-se com quem o sucederá como presidente. Ao afirmar isso, Putin efetivamente admitiu o grau em que centralizou e personalizou o poder na Rússia. Em sua opinião, isso significa que a estabilidade do sistema político só pode ser garantida por ele, implicando que ele possa permanecer no comando por um futuro previsível.
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
Capitulação e humilhação
Assisti com tristeza à humilhante (para o Presidente Bolsonaro) entrevista de Michel Temer à CNN. O desapreço que nutro pelo ex-Presidente Lula - por razões diversas, naturalmente - equipara-se agora ao que sinto pelo atual Presidente. Pobre Brasil, onde suas principais lideranças políticas são tão desprovidas de estatura moral necessária à condução dessa grande nação.
Diferentemente dos seguidores do Lulopetismo, que rapidamente conseguiram estabelecer um consenso argumentativo para tentar neutralizar as exaustivamente comprovadas acusações contra o PT e o ex-Presidente ("o PT não inventou a corrupção e Lula foi condenado sem provas"), os bolsonaristas ainda não encontraram uma justificativa para a capitulação do seu líder.
"O Presidente é um estrategista e tem uma carta na manga", "deu um passo atrás para dar dois pra frente", "Bolsonaro conseguiu aprisionar o STF com essa movimentação", "nenhum Ministro a partir de agora vai julgar contra o Governo, sob pena de dar argumento para uma intervenção", "esperem para ver", "o jogo apenas começou", "é um estadista, recuou pelo bem do Brasil" etc. Os seguidores do Presidente devem imediatamente afinar o discurso e, a exemplo dos seus adversários, encontrar um tema único e repetir até que eles próprios convençam-se, ainda que (como os outros) não consigam convencer à sociedade brasileira.
Do ponto de vista do STF, a julgar pelo discurso do Ministro Barroso quando da instalação de comissão de transparência e observatório das eleições, o jogo realmente não terminou. Emitiu críticas cruéis ao Presidente Bolsonaro, culminando em acusá-lo de farsante e ao seu Governo de fracasso e "populista em busca de culpados para o fiasco".
A Carta à Nação que consta foi escrita por Michel Temer e assinada por Bolsonaro, além do telefonema para o Ministro Alexandre de Morais seu algoz, não caracterizam apenas uma capitulação, mas uma humilhação sem precedentes infringida a um Chefe do Executivo do País.
Posso estar enganado em minha avaliação dos recentes episódios, mas creio que o candidato Bolsonaro, nos últimos três dias, deve ter perdido alguns milhões de votos. O que poderá fazer-lhe falta na eleição de 2022.
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