quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A precundia dominical.




Frequentemente muitos sentem o que se convencionou chamar de "depressão dominical" ou "melancolia dominical". Esse sentimento de tristeza, desesperança ou insatisfação geralmente acomete-nos aos domingos finais de tarde, início da noite. Ao conversar com amigos profissionais da área de saúde, encontrei que esse fenômeno, apesar de real, não há presença oficial na comunidade médica.

O quadro que se repete semana a semana é bem característico: o indivíduo acorda bem-disposto, tudo transcorre normalmente durante a manhã, mas a medida que o sol se despede no ocaso, surge aquela sensação de amargor e contrariedade que termina por assenhorar-se da alma.

Na maioria das vezes esse fenômeno pode ter sua origem em pensamentos sobre a semana seguinte, seja porque o paciente não gosta do seu trabalho ou pelo vazio da ociosidade sem metas. Como encontrar motivação para fazer o que você não deseja, estar onde você não quer estar ou mesmo saber que na manhã seguinte nada desafiador ou motivador lhe espera?

Para minorar a frequência ou a profundidade dessa depressão dominical, talvez uma boa medida seria tentar mudar de empresa empregadora ou mesmo de trabalho na mesma empresa. Aos aposentados, encontrar novos desafios, seja buscar um trabalho "part time", dividir suas experiências com os mais jovens mesmo que não remuneradas ou até um “hobby” prazeroso. O importante é ocupar-se com algo que desafie e excite, trazendo-lhe motivação para enfrentar o seu domingo.

Parabenizo o Ministro Gilmar Mendes por não sofrer desse sentimento negativo. Que nos sirva de exemplo. Sua Excelência divulgou às 22:40h do último domingo sua decisão de excluir do teto de gastos os valores adicionais ao "bolsa família". Para isso, deve ter trabalhado pelo menos durante a tarde e início da noite do domingo. Certamente não teve tempo para sentir a precundia dominical.