terça-feira, 28 de dezembro de 2021

De coincidências improváveis ou do encontro casual de dois matutos cearenses no Metrô de Londres.




O ano era 1981. Resolvi gozar minhas férias anuais em uma viagem à Europa. A parada obrigatória em Paris - Museus do Louvre e de Rodin, o Centro Georges Pompidou e a impagável noitada na Place du Tertre ou como é mais conhecida, Place des artistes, por abrigar toda variedade de artistas de rua. Ali em Montmartre, pairando sobre o emblemático Moulin Rouge, você encontra a Basílica de Sacré-Coeur e atrás dela a praça dos artistas, um dos locais mais bonitos de Paris onde se respira uma atmosfera diferente e única no mundo.

Próxima parada era Londres. Eu havia estado ali uns poucos anos antes e a agitação da capital britânica me fascinara. O Piccadilly Circus com suas exóticas figuras, por si só, já justificava a viagem. Ficar ali parado, apenas observando a fauna humana em circulação, era uma festa para os olhos.

A viagem terrestre entre Paris e Londres era marcada pela travessia do Canal da Mancha em "ferry boat", entre Calais (na França) e Dover (em território inglês). Ainda não estava construído o Eurotúnel com seus 50 km de extensão, só inaugurado em maio de 1994.

A reserva do hotel em Londres, na região de Westminster, tinha sido uma cortesia da empresa de turismo que nos havia vendido as passagens. Não existia Internet com suas facilidades atuais, tais como Airbnb, Booking.com, Hotels.com, Tripadvisor e que tais.

Eu desejava assistir a uma peça nos famosos teatros londrinos e fui aconselhar-me com o concierge do hotel. Este indicou-me um local onde eu poderia escolher entre todas as que estavam em cartaz e ali comprar os ingressos. Tratava-se da Leicester Square, uma das mais famosas praças de Londres. Um tipo quiosque, muito assemelhado às bancas de revista de Fortaleza, vendia ingressos para teatros e cinemas.

De posse de um mapa da cidade, gentilmente cedido pelo concierge, peguei o Metrô que me deixaria na estação da Leicester Square. Em um determinado momento da viagem, senti um leve tapa nas costas. Virei-me rapidamente e deparei-me com meu amigo ZéAfonso (José Afonso de Oliveira), à época Diretor de Câmbio do BEC. Ali estivera participando de um curso de inglês especializado na sua área de atuação. Contou-me que era seu último dia no país e que já retornaria à noite para o Ceará.

Uma inimaginável coincidência! Despedimo-nos quando chegou à minha estação. E a certeza de que naquela noite, um matuto de Juazeiro do Norte estaria embarcando no aeroporto de Heathrow de volta pra casa e outro matuto de Várzea Alegre estaria assistindo a um musical (porque não entendia inglês) em um teatro qualquer de Londres.