
Recentemente, pesquisa da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) encomendada ao instituto MDA, identificou aumento de aprovação do Presidente Bolsonaro. Entre os entrevistados, 30,1% consideram que a área com melhor desempenho do governo é o combate à corrupção, seguido por economia, 22,1% e segurança 22%. Moro, Paulo Guedes, Moro.
O Ministro Moro tem sido sistemática e teimosamente avaliado como o mais popular Ministro do Governo e aquele que tem mais credibilidade. "In Moro we trust", dizem muitos.
Sergio Moro termina o ano à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública com várias vitórias na área do combate à criminalidade, apesar dos reveses no âmbito do Congresso Nacional. O próprio presidente Jair Bolsonaro muito contribuiu ao longo do ano para os grupos com interesse no desgaste do Ministro. Mais recentemente foi protagonista de dois episódios que contrariam frontalmente a posição do ex-Juiz: a manutenção do juiz de garantias no pacote anticrime e a abortada tentativa de desmembrar o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Apesar de tudo, superou não sem algum desgaste a crise gerada pela série de reportagens publicada pelo site “The Intercept Brasil”. Termina o ano como o ministro mais bem avaliado do governo, com 53% de aprovação - segundo dados divulgados em dezembro pelo Datafolha.
Essa ecologia autoriza aos analistas políticos, principalmente aos interessados em criar uma cizânia no coração do Governo, a especular sobre uma eventual candidatura do Ministro em 2022. Como diz o próprio, seu candidato a Presidente é Jair Bolsonaro ("já afirmei isto mil vezes, só falta tatuar na testa") e não tem nenhuma intenção em ser candidato. Mas o que fala hoje um político (sim, Moro vive em Brasilia um intenso período de aprendizagem política) pode não servir para amanhã. Não seria a primeira vez em que o despertar da cobiça pelo poder - a famosa lenda da mosca azul, "uma antiga história oriental, na qual um servo foi picado pelo inseto e, a partir daí, começou a se olhar como o próprio sultão" - mudaria o rumo da intenção do indivíduo.
O que fazer? Como neutralizar essa "ameaça" à reeleição do Presidente? Existem vários cenários possíveis. O mais simples deles é indicar (e trabalhar pela aprovação) o Ministro para a primeira vaga surgida no STF, a saber a "expulsória" do decano daquela Corte em novembro próximo. Seria simplesmente prender seu mais popular Ministro numa gaiola de ouro, o que de certa forma agradaria aos admiradores de Moro e afastaria a possibilidade de uma candidatura.
Um segundo cenário seria fortalecer o Ministro, aumentando os recursos disponíveis para desenvolver os diversos programas afeitos à sua pasta, o que certamente aumentaria a popularidade dele. E aguardar o clarear do cenário político. Se o Presidente estiver politicamente fortalecido, indica o Ministro Moro para a segunda vaga do STF (o afastamento do Ministro Marco Aurélio em julho de 2021) - o que, repito, agradaria a seus admiradores - afastando assim a possibilidade de um forte concorrente em 2022. Ao contrário, se houver alguma possibilidade de segmentos mais à esquerda voltarem ao poder, Moro fortalecido popularmente poderia ser o companheiro de chapa ideal de Jair Bolsonaro. Não estaria então afastado o perigo da "mosca azul". Paciência! "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
Uma coisa está assente no tabuleiro do xadrez político de 2022: querendo ou não, Moro está no jogo! Quem viver, verá!