sábado, 22 de outubro de 2016

A eleição de Trump




Tive oportunidade de acompanhar nos últimos 16 dias a movimentação acerca da eleição nos Estados Unidos. Foram muitas horas de talk shows, notícias, e principalmente conversas com republicanos e democratas no dia a dia. Na verdade eles não sabem que existem 31 candidatos a presidente do país. Para a maioria, os candidatos são Hillary e Trump. Quando muito, se o nativo for ligado em política, ele fala em Gary Johnson e Bill Stein, candidatos respectivamente do Libertarian Party e Green Party.

Se você pensa que a política brasileira é "suja", tem baixo nível, acompanhe essa eleição de 8 de novembro. No penúltimo debate, Donald Trump patrocinou a presença de duas das ex-amantes de Bill Clinton na primeira fila de convidados, uma vez que estava sendo acusado de "sexual assault" por cerca de 9 mulheres. Esse assunto tem sido explorado diariamente pela mídia, visto que a quase totalidade dos jornais e cadeias de televisão declararam seu apoio à candidata democrata. Para termos uma idéia, 46 dos jornais diários apoiam Hillary, enquanto apenas 3 (jornais regionais e sem expressividade numérica de circulação) declararam apoio ao candidato republicano. É uma tradição local que os veículos de comunicação declarem claramente seu apoio político.

Donald Trump é um bilionário cuja fortuna está ligada à construção civil, e um "outsider" da política americana. Enquanto isso, Hillary é ex-primeira dama do Arkansas, ex-primeira dama do país, senadora por Nova Iorque, ex-secretária de estado americana e absolutamente engajada em movimentos políticos nos últimos 30 anos. Ambos têm uma rejeição anteriormente nunca vistas. Ele por sua incontinência verbal. Promessa de construção de um muro entre o território americano e o México. Favorável à proibição de entrada de mulçumanos no país, expulsão sumária de 11 milhões de indocumentados, relação amistosa com o governo russo (Putin), além de declarações extremamente conservadoras. Hillary, por outro lado, representa o status quo. E assim como no Brasil, os políticos estão muito desacreditados no país. A discussão sobre a vulnerabilidade de seus emails, é apenas o pano de fundo para a acusação de troca de interesses para beneficiar a Fundação Clinton, mantida pelo seu marido e ex-presidente Bill. E ainda a acusação da troca de favores entre a Secretaria de Estado e o FBI. O famoso "quid pro quo", versão americana.

Depois desse curto período, veio-me à mente uma expressão muito utilizada nas peladas futebolísticas da minha adolescência: "do pescoço prá baixo, é canela".

Publicado em 22 de outubro de 2016